SóProvas


ID
1853452
Banca
FCC
Órgão
TRT - 14ª Região (RO e AC)
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Era uma vez... 

     As crianças de hoje parecem nascer já familiarizadas com todas as engenhocas eletrônicas que estarão no centro de suas vidas. Jogos, internet, e-mails, músicas, textos, fotos, tudo está à disposição à qualquer hora do dia e da noite, ao alcance dos dedos. Era de se esperar que um velho recurso para se entreter e ensinar crianças como adultos − contar histórias − estivesse vencido, morto e enterrado. Ledo engano. Não é incomum que meninos abandonem subitamente sua conexão digital para ouvirem da viva voz de alguém uma história anunciada pela vetusta entrada do “Era uma vez...". 
      Nas narrativas orais − talvez o mais antigo e proveitoso deleite da nossa civilização – a presença do narrador faz toda a diferença. As inflexões da voz, os gestos, os trejeitos faciais, os silêncios estratégicos, o ritmo das palavras – tudo é vivo, sensível e vibrante. A conexão se estabelece diretamente entre pessoas de carne e osso, a situação é única e os momentos decorrem em tempo real e bem marcado. O ouvinte sente que o narrador se interessa por sua escuta, o narrador sabe-se valorizado pela atenção de quem o ouve, a narrativa os une como num caloroso laço de vozes e de palavras.
     As histórias clássicas ganham novo sabor a cada modo de contar, na arte de cada intérprete. Não é isso, também, o que se busca num teatro? Nas narrações, as palavras suscitam imagens íntimas em quem as ouve, e esse ouvinte pode, se quiser, interromper o narrador para esclarecer um detalhe, emitir um juízo ou simplesmente uma interjeição. Havendo vários ouvintes, forma-se uma roda viva, uma cadeia de atenções que dá ainda mais corpo à história narrada. Nesses momentos, é como se o fogo das nossas primitivas cavernas se acendesse, para que em volta dele todos comungássemos o encanto e a magia que está em contar e ouvir histórias. Na época da informática, a voz milenar dos narradores parece se fazer atual e eterna.  

(Demócrito Serapião, inédito) 

Atente para as seguintes afirmações:

I. No 1º parágrafo, à advertência Ledo engano segue-se a convicção de que a atração das crianças por histórias contadas diretamente a elas não é menor do que a que sentem pelas desenvolvidas com recursos eletrônicos.

II. No 2º  parágrafo, a expressão caloroso laço de vozes e de palavras reafirma a importância já ressaltada pela afirmação de que a presença do narrador faz toda a diferença.

III. No 3º parágrafo, depreende-se que a analogia entre a narrativa oral e a arte do teatro ocorre por força de um elemento comum: a interpretação pessoal e atualizada que se pode dar a narrativas tradicionais.

Em relação ao texto, está correto o que se afirma em 

Alternativas
Comentários
  • No primeiro parágrafo percebe-se que mesmo com a familiarização das Crianças com os avanços tecnológicos o conto de histórias não morreu visto que ainda era comum ver crianças que deixaram de lado subitamente os avanços tecnológicos para ouvir em alguém contando histórias. no início do segundo parágrafo percebe-se que existe uma afirmação a respeito de que o narrador é fundamental nas narrações orais e no final deste parágrafo ocorre uma reãfirmacao ao dizer que o ouvinte e o narrador se unem em um laço de vozes. No terceiro parágrafo percebe-se que nos dois primeiros períodos ocorre a confirmação da questão visto que tanto nos contos orais como no teatro existe uma relação de interpretação para que se adquira um novo sabor a cada conto Isso é uma interpretaçao pessoal que cada um dar tanto nas histórias que são contadas como a no teatro no terceiro parágrafo. Gabarito A.
  • na alternativa III, alguém se achou estranha a interpretação ATUALIZADA?? :X

  • Também estranhei a palavra "atualizada", mas na última linha afirma exatamente isso: 

    "Na época da informática, a voz milenar dos narradores parece se fazer atual e eterna."

  • Victor e Deborah, observem o início do parágrafo:

    " As histórias clássicas ganham novo sabor a cada modo de contar, na arte de cada intérprete".
                                                                           =
    As histórias antigas ganham uma interpretação atualizada a cada modo de contar, na arte de cada intérprete.
     

    A luta continua... ;D 

  • "No 1º parágrafo, à advertência Ledo engano segue-se a convicção de que a atração das crianças por histórias contadas diretamente a elas não é menor do que a que sentem pelas desenvolvidas com recursos eletrônicos."

    Achei que quando ele diz "ledo engano" já tira a ideia de conviccão.. Entedi que não havia covicção visto que cometeu um "ledo engano"..

  • Entendi ledo engano, como se o ato de contar histórias estivesse morto e enterrado... 

  • O nome Interpretação já diz tudo!!! Cada um interpreta de um jeito. Não consigo aceitar que na II, a expressão caloroso laço de vozes e de palavras reafirma a importância já ressaltada pela afirmação de que a presença do narrador faz toda a diferença. Pra mim, a expressão caloroso laço de vozes e palavras não reafirma nada. É somente uma figura de linguagem.

  • Não há qualquer linha no 3º parágrafo afirmando q  os contadores de histórias fazem uma leitura atualizada do conto. A expressão "histórias clássicas", no início do parágrafo, reforça a ideia q as mesmas histórias são contadas,cabendo ao emissor dar sua "vibração" pessoal.

  • Pedro Maciel, você entendeu certo. O que pode estar errada é a sua interpretação do texto do inciso I. Falo isso, porque havia pensado da mesma forma e após reler o gabarito localizei meu engano.

     

    No inciso I ele não pergunta a que se remete "Ledo engano". Na realidade, quer saber o que se segue após esta advertência "Ledo engano", e aí, o gabarito está correto. A crase no "a" que antecede "advertência" faz toda diferença nesta interpretação.

     

    Já no inciso II, entendo correto o gabarito. Percebo que sem a presença do narrador, pessoa física, alguém ali presente contando a história, não há como haver este "laço caloroso", por este motivo, serve para reafirmar a importância da presença do narrador.

  • Entendi o mesmo que Pedro Maciel

  • Questões de interpretação como essa acabam sendo bastante subjetivas. Dito isso, os itens I e III me parecem equivocados:

     

     

     

    I. No 1º parágrafo, à advertência Ledo engano segue-se a convicção de que a atração das crianças por histórias contadas diretamente a elas não é menor do que a que sentem pelas [histórias] desenvolvidas com recursos eletrônicos

     

    ERRO - não há qualquer menção, pelo texto, a histórias desenvolvidas com recursos eletrônicos, ou comparação entre essas e as histórias contadas oralmente.

     

    O que o texto diz é que "Não é incomum que meninos abandonem subitamente sua conexão digital ". Foi o examinador, e não o autor do texto, que extraiu, da expressão "conexão digital", a expressão "histórias desenvolvidas com recursos eletrônicos", como se ali estivesse implícita. Mas não está.

     

    O texto não compara, em momento algum, histórias desenvolvidas por meios eletrônicos com histórias contadas oralmente.

     

     

     

    III. No 3º parágrafo, depreende-se que a analogia entre a narrativa oral e a arte do teatro ocorre por força de um elemento comum: a interpretação pessoal e atualizada que se pode dar a narrativas tradicionais. 

     

    ERRO - não há qualquer menção, pelo texto, a uma "interpretação atualizada" feita pelos intérpretes.

     

    Quando o texto diz "As histórias clássicas ganham novo sabor a cada modo de contar", a expressão "novo sabor" não se refere a uma atualização da interpretação, mas simplesmente à diferença entre as diversas interpretações, sem se referir a qualquer aspecto temporal ou evolutivo. Em suma, cada intérprete atua de uma forma diferente, mas não necessariamente atualizada (pelo menos o texto não diz nada disso).

     

    Quando o texto diz "Na época da informática, a voz milenar dos narradores parece se fazer atual e eterna", apenas quer dizer que a voz dos narradores persiste nos tempos atuais, mas não se refere, em momento algum, a uma interpretação atualizada das histórias clássicas.

     

     

  • Pensei exatamente como o colega Fábio Gondim!

     

  • Como já foi dito, a questão é de interpretação e não de compreensão. Interpretação é o que se pode inferir do texto, não está explícito. Compreensão é o que se pode extrair do texto, está explícito.

  • Quem ficou com dúvida em relação ao inciso I sugiro a leitura do comentário do colega Daniel Caeiro.

    Sensacional.

  • O item I não está certo, de jeito nenhum. Não houve essa comparação. 

  • Igor Carvalho,

    é simples. Se o interesse fosse menor, não seria comum "que meninos abandonem subitamente sua conexão digital para ouvirem da viva voz de alguém uma história anunciada pela vetusta entrada do “Era uma vez...".

  • Pensei da mesma forma que o Fábio Gondin, em momento algum falou-se em "histórias desenvolvidas com recursos eletrônicos".

  • SIGNIFICADO DE LEDO ENGANO:


    Ledo engano é uma expressão utilizada quando alguém cometeu um erro ou engano, geralmente de boa-fé, ou seja, quando a pessoa não tem a intenção de fazê-lo. 


    A palavra “ledo” vem do latim e significa “risonho” ou alegre", portanto a expressão significa “engano alegre”.

    Geralmente utiliza-se a expressão “ledo engano” quando uma pessoa não tem consciência do engano, pensa estar acertando e fazendo algo para o bem e sente-se feliz, apesar de enganada, por isso a palavra “ledo” acompanha o “engano”.


    Segundo o dicionário Houaiss, ledo engano é aquele gerado sem malícia, de boa-fé, e é usado para caracterizar com delicadeza algum erro notório, e dificilmente a palavra ledo é utilizada sem ser acompanhada de engano.

    O sentido usual de “ledo engano” quer passar a idéia de ingenuidade; simplicidade; de um indivíduo simplório. Transmite também a ideia da falta de uma visão crítica e, muitas vezes, até por falta de informação (ignorância) por parte de quem está enganado quanto a alguma coisa.


    FONTE: https://www.significados.com.br/ledo-engano/