SóProvas


ID
1884961
Banca
FUNCAB
Órgão
SEPLAG-MG
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

       O recente interesse na regulamentação da astrologia como profissão oferece a oportunidade de refletir sobre questões que vão desde as raízes históricas da ciência até a percepção, infelizmente muito popular, de seu dogmatismo. Preocupa-me, e imagino que a muitos dos colegas cientistas, a rotulação do cientista como um sujeito inflexível, bitolado, que só sabe pensar dentro dos preceitos da ciência. Ela vem justamente do desconhecimento sobre como funciona a ciência. Talvez esteja aqui a raiz de tanta confusão e desentendimento.

      Longe dos cientistas achar que a ciência é o único modo de conhecer o mundo e as pessoas, ou que a ciência está sempre certa. Muito ao contrário, seria absurdo não dar lugar às artes, aos mitos e às religiões como instrumentos complementares de conhecimento, expressões de como o mundo é visto por pessoas e culturas muito diversas entre si.

      Um mundo sem esse tipo de conhecimento não científico seria um mundo menor e, na minha opinião, insuportável. O que existe é uma distinção entre as várias formas de conhecimento, distinção baseada no método pertinente a cada uma delas. A confusão começa quando uma tenta entrar no território da outra, e os métodos passam a ser usados fora de seus contextos.

      Portanto, é (ou deveria ser) inútil criticar a astrologia por ela não ser ciência, pois ela não é. Ela é uma outra forma de conhecimento. [...]

      Essa caracterização da astrologia como não ciência não é devida ao dogmatismo dos cientistas. É importante lembrar que, para a ciência progredir, dúvida e erro são fundamentais. Teorias não nascem prontas, mas são refinadas com o passar do tempo, a partir da comparação constante com dados. Erros são consertados, e, aos poucos, chega-se a um resultado aceito pela comunidade científica.

      A ciência pode ser apresentada como um modelo de democracia: não existe o dono da verdade, ao menos a longo prazo. (Modismos, claro, existem sempre.) Todos podem ter uma opinião, que será sujeita ao escrutínio dos colegas e provada ou não. E isso tudo ocorre independentemente de raça, religião ou ideologia. Portanto, se cientistas vão contra alguma coisa, eles não vão como donos da verdade, mas com o mesmo ceticismo que caracteriza a sua atitude com relação aos próprios colegas. Por outro lado, eles devem ir dispostos a mudar de opinião, caso as provas sejam irrefutáveis.

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      Será necessário definir a astrologia? Afinal, qualquer definição necessariamente limita. Se popularidade é medida de importância, existem muito mais astrólogos do que astrônomos. Isso porque a astrologia lida com questões de relevância imediata na vida de cada um, tendo um papel emocional que a astronomia jamais poderia (ou deveria) suprir.

      A astrologia está conosco há 4.000 anos e não irá embora. E nem acho que deveria. Ela faz parte da história das ideias, foi fundamental no desenvolvimento da astronomia e é testemunha da necessidade coletiva de conhecer melhor a nós mesmos e os que nos cercam. De minha parte, acho que viver com a dúvida pode ser muito mais difícil, mas é muito mais gratificante. Se erramos por não saber, ao menos aprendemos com os nossos erros e, com isso, crescemos como indivíduos. Afinal, nós somos produtos de nossas escolhas, inspiradas ou não pelos astros.

                                   (GLEISER, Marcelo. Folha de São Paulo, 22 set. 2002)

O sinal de dois-pontos empregado em: “A ciência pode ser apresentada como um modelo de democracia: não existe o dono da verdade, ao menos a longo prazo”. (§ 6) anuncia:

Alternativas
Comentários
  • Usa-se vírgula.

    1) Separar elementos de mesma função sintática:

    Comprei livros, jornais, revistas, gibis e uma folha;

    2) Separar vocativo/aposto:

    Mãe, posso comer a sobremesa?

    Maria, mãe de Jesus, foi considerada santa.

    3) Sim/Não para evitar ambiguidade:

    Você vai sair ou não?

    -Não, vou sair! (sentido que vai sair);

    ou

    -Não vou sair! (sentido que não vai sair);

    4) Isolar expressões explicativas.

    Esse caso é complicado, sendo assim, vamos operar;

    5) ISOLAR ADJUNTO ADVERBIAL DESLOCADO (NÃO CAI ESSA REGRA, ELA DESPEEEENCA);

    Ontem de tarde, fui pescar no rio (ONTEM DE TARDE TRÊS ELEMENTOS, NESSE CASO É FACULTATIVO A VÍRGULA);

    Na manhã do dia seguinte, fomos avisados do concurso (NA MANHÃ DO DIA SEGUINTE, + QUE TRÊS ELEMENTOS É OBRIGATÓRIO VÍRGULA).

    6) Separar palavras repetidas.

    Eles chegarão já, já.

    7) Separar nomes de datas.

    São José, 08 de maio de 2012.

    8) Omitir um termo (Oração assindética coordenada).

    Ele chegou, não cumprimentou ninguém.

    =

    Ele chegou E não cumprimentou ninguém.

    Casos básicos de proibição de vírgula.

    A viagem durou, dois dias.

    (NÃO SEPARA OBJETO DO VERBO);

    Maria, é muito bonita.

    (NÃO SEPARA SUJEITO DO PREDICADO) -> regra básica.

    Fonte: Janaína Arruda.

  • Troque os dois pontos por "porque".