Questão Q629834

Os Beatles eram um mecanismo de criação. A força propulsora desse mecanismo era a interação dialética de John Lennon e Paul McCartney. Dialética é diálogo, embate, discussão. Mas também jogo permanente. Adição e contradição. Movimento e síntese. Dois compositores igualmente geniais, mas com inclinações distintas. Dois líderes cheios de ideias e talento. Um levando o outro a permanentemente se superar.

As narrativas mais comuns da trajetória dos Beatles levam a crer que a parceria Lennon e McCartney aconteceu apenas na fase inicial do conjunto. Trata-se de um engano. Mesmo quando escreviam separados, John e Paul o faziam um para o outro. Pensavam, sentiam e criavam obcecados com a presença (ou ausência) do parceiro e rival.

Lennon era um purista musical, apegado a suas raízes. Quem embarcou na vanguarda musical dos anos 60 foi Paul McCartney, um perfeccionista dado a experimentos e delírios orquestrais. Em contrapartida, sem o olhar crítico de Lennon, sem sua verve, os mais conhecidos padrões de McCartney teriam sofrido perdas poéticas. Lennon sabia reprimir o banal e fomentar o sublime.

Como a dialética é uma via de mão dupla, também o lado suave de Lennon se nutria da presença benfazeja de Paul. Gemas preciosas como Julia têm as impressões digitais do parceiro, embora escritas na mais monástica solidão.

Nietzsche atribui caráter dionisíaco aos impulsos rebeldes, subjetivos, irracionais; forças do transe, que questionam e subvertem a ordem vigente. Em contrapartida, designa como apolíneas as tendências ordenadoras, objetivas, racionais, solares; forças do sonho e da profecia, que promovem e aprimoram o ordenamento do mundo. Ao se unirem, tais forças teriam criado, a seu ver, a mais nobre forma de arte que jamais existiu.

Como criadores, tanto o metódico Paul McCartney como o irrequieto John Lennon expressavam à perfeição a dualidade proposta por Nietzsche. Lennon punha o mundo abaixo; McCartney construía novos monumentos. Lennon abria mentes; McCartney aquecia corações. Lennon trazia vigor e energia; McCartney impunha senso estético e coesão.

Quando os Beatles se separaram, essa magia se rompeu. John e Paul se tornaram compositores com altos e baixos. Fizeram coisas boas. Mas raramente se aproximaram da perfeição alcançada pelo quarteto. Sem a presença instigante de Lennon, Paul começou a patinar em letras anódinas. Não se tornou um compositor ruim. Mas os Beatles faziam melhor. Ironicamente, o grande disco dos ex-Beatles acabou sendo o álbum triplo em que George Harrison deglutiu os antigos companheiros de banda, abrindo as comportas de sua produção represada durante uma década à sombra de John e Paul. E foi assim, por estranhos caminhos antropofágicos, que a dialética de Lennon e McCartney brilhou pela última vez.

(Adaptado de: DANTAS, Marcelo O. Revista Piauí. Disponível em: http://revistapiaui.estadao.com.br/materia/beatles. Acesso em: 20/02/16)

Quando os Beatles se separaram, essa magia se rompeu. (7° parágrafo)

Considerado o contexto, a oração subordinada da frase acima estabelece noção de

Alternativas

conformidade.

tempo.

comparação.

proporcionalidade.

consequência.

Comentários

Gabarito B

Quando traz ideia de tempo decorrido.

No momento em que;

assim que;
Advérbios de tempo: afinal, agora, amanhã, amiúde (freguentemente), antes, ontem, cedo, depois, enfim, entrementes(enquanto isso), hoje, jamais, nunca , sempre outrora(tempos passados), tarde, já, mais etc.
Exprimindo ideia de tempo, são iniciadas pelas conjunções subordinativas temporais.

atenção: quando pode indicar frequência, simultaneidade, posterioridade etc.:

– Quando ele nos visitava, trazia alegria à nossa casa. (frequência; = sempre que);

– Chegamos ao aniversário quando partiam o bolo. (simultaneidade; = no momento que);

[Gab. B]

FONTE: Pestana, Fernando. A Gramática para concursos públicos. 2º edição. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2015.

bons estudos
Tendo-se uma conjunção temporal "quando" introduzindo a oração subordinada, tal oração trará ideia de tempo.
temporais: são iniciadas principalmente por Quando, Enquanto, Logo que, Assim que.
Temporais: introduzem uma oração que acrescenta uma circunstância de tempo ao fato expresso na oração principal
A frase se inicia por uma adverbio de tempo QUANDO.
Resposta: B

Na sequência "normal" seria:

Essa magia se rompeu / quando os Beatles se separaram.

(Oração pricipal) (Oração subordinada temporal)

O enunciado pergunta especificamente que "noção" é estabelecida pela oração subordinada. A oração subordinada é introduzida pela conjunção temporal QUANDO. Notem que você poderia perguntar: "Quando essa magia se rompeu?" (Da união que gerou o sucesso dos Beatles).... e responder: "Quando os Beatles se separaram" (ou seja, a oração subordinada introduz claramente essa noção de TEMPO).
"Quando os Beatles se separaram" -> Oração Subordinada de tempo. Ela apareceu antes da Oração Principal, a vírgula separando as orações ajuda a identificar isso.
Q590406       Q817676

TEMPORAIS:       QUANDO,    EIS QUE,    MAL = LOGO QUE,   APENAS, SEMPRE QUE, NO MOMENTO QUE

CONCESSÃO:    EMBORA,      A DESPEITO, MESMO QUE, CONQUANTO, AINDA QUE, APESAR DE, POSTO QUE

PROPORCIONAL :      ENQUANTO    =             AO PASSO QUE, À MEDIDA QUE

CONFORMATIVA:       COMO     SEGUNDO, CONSOANTE, CONFORME

CONDICÃO:    DESDE QUE, CONTATO, SE NÃO QUANDO NÃO

COMPARATIVO:                    QUE = DO QUE          Esta casa é mais alta (que = DO QUE) a outra

                                               ASSIM COMO = COMPARAÇÃO

         ADIÇÃO:         NÃO APENAS

                                TAMBÉM NÃO

                                 OUTROSSIM

                                  MAS = E

        PROPORCIONAIS =     À MEDIDA QUE, AO PASSO, TANTO MAIS

Q478660

                                    ALIÁS      =        ALÉM DISSO
Errei pq raciocinei errado. Pensei: a separação dos beatles teve como consequência o rompimento da magia..
Questão que te leva ao erro facil!!
Quando = tempo
Seria consequência a resposta se o enunciado pedisse a oração principal " Essa magia se rompeu"

Muito cuidado!
Quando os Beatles se separaram, essa magia se rompeu.

Oração coordenada - seria consequência - toda causa tem um "por que", toda consequência tem um "por isso"

porque os Beatles se separaram, a magia se rompeu. (por isso a magia se rompeu)

Mas a pergunta foi com relação à oração subordinada - então é temporal, quando, a apartir da separação.
Conjunções Adverbiais

- Causais: que, porque, uma vez que, já que...

- Consecutivas: que, de forma que, de maneira que...

- Concessivas: embora, malgrado, em que pese, não obstante, ainda que...

- Condicionais: se, caso, contanto que, a menos que...

- Temporais: QUANDO, antes que, depois que..
TEMPORAIS – Introduzem uma oração que acrescenta uma circunstancia de tempo ao fato expresso na oração principal.

São elas : QUANDO , ENQUANTO , ASSIM QUE , LOGO QUE , TODA AS VEZES QUE , DESDE QUE , DEPOIS QUE , SEMPRE QUE , MAL (=ASSIM QUE ) ETC ....

Ex1 : A briga comeu assim que saímos da festa

EX2 : A idade ficou mais triste depois que ele partiu

Obs : “ENQUANTO “ - indica tempo simultâneo ( sempre cai em concurso )
Interpretei errado e errei a questão, achei que a separação deu vida a consequência de rompimento ;(

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