SóProvas


ID
1894576
Banca
SEGPLAN-GO
Órgão
SEAP-GO
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Leia o texto.

O GRITO 

Não sei o que está acontecendo comigo, diz a paciente para o psiquiatra.

Ela sabe.

 Não sei se gosto mesmo da minha namorada, diz um amigo para outro.

Ele sabe. 

 Não sei se quero continuar com a vida que tenho, pensamos em silêncio.

Sabemos, sim. 

 Sabemos tudo o que sentimos porque algo dentro de nós grita. Tentamos abafar este grito com conversas tolas, elucubrações, esoterismo, leituras dinâmicas, namoros virtuais, mas não importa o método que iremos utilizar para procurar uma verdade que se encaixe nos nossos planos: será infrutífero. A verdade já está dentro, a verdade se impõe, fala mais alto que nós, ela grita.

 Sabemos se amamos ou não alguém, mesmo que esteja escrito que é um amor que não serve, que nos rejeita, um amor que não vai resultar em nada. Costumamos desviar este amor para outro amor, um amor aceitável, fácil, sereno. Podemos dar todas as provas ao mundo de que não amamos uma pessoa e amamos outra, mas sabemos, lá dentro, quem é que está no controle. 

 A verdade grita. Provoca febres, salta aos olhos, desenvolve úlceras. Nosso corpo é a casa da verdade, lá de dentro vêm todas as informações que passarão por uma triagem particular: algumas verdades a gente deixa sair, outras a gente aprisiona. Mas a verdade é só uma: ninguém tem dúvida sobre si mesmo.

 Podemos passar anos nos dedicando a um emprego sabendo que ele não nos trará recompensa emocional. Podemos conviver com uma pessoa mesmo sabendo que ela não merece confiança. Fazemos essas escolhas por serem as mais sensatas ou práticas, mas nem sempre elas estão de acordo com os gritos de dentro, aquelas vozes que dizem: vá por este caminho, se preferir, mas você nasceu para o caminho oposto. Até mesmo a felicidade, tão propagada, pode ser uma opção contrária ao que intimamente desejamos. Você cumpre o ritual todinho, faz tudo como o esperado, e é feliz, puxa, como é feliz. E o grito lá dentro: mas você não queria ser feliz, queria viver!

Eu não sei se teria coragem de jogar tudo para o alto.

Sabe.

Eu não sei por que sou assim.

Sabe. 

MEDEIROS, M. Montanha Russa. Porto Alegre: L&PM Editores, 2003

No texto a autora chega a uma conclusão a respeito das “verdades” que as pessoas têm dentro de si. “Mas a verdade é só uma: ninguém tem dúvida sobre si mesmo.”. Como se estrutura, do ponto de vista sintático, esse período conclusivo?

Alternativas
Comentários
  • Questão difícil. Eu descartei a B e D, pois são duas orações. A letra C e E descartei, pois são duas orações subordinadas. O que não faz sentido, visto que se vc tem uma oração subordinada, ela tem que estar subordinada a outra oração, e essa ser a principal. Logo, fiquei com a letra A.

  •  “Mas a verdade é só uma: ninguém tem dúvida sobre si mesmo.

    2 verbos: 2 orações

    Mas a verdade é só uma ( oração principal--> já que não tem sentindo, sem a oração subordinada)

    ninguém tem dúvida sobre si mesmo ( oração subordinada, como ela vem explicando a primeira (aposto) e é a única oração subordinada que vem com dois pontos ela é --> oração subordinada substantiva apositiva)

     

     

  • Apositivas - funcionam como aposto da oração principal. item A

  • Tudo bem que é a letra A, pois tá meio na cara o aposto oracional. Contudo eu levanto a "lebre' da falta do "que' para alguma dúvida.

  • letra A - boa questão!

  • A conjunção "que" está subentendida: "que ninguém tem dúvida de si mesmo".

    Gabarito A

  • Alternativa C está errada, pois encontram-se está na voz passiva sintética, logo o termo posterior ao SE será sujeito !

  • Mas a verdade é só uma: ninguém tem dúvida sobre si mesmo.”

     

    ~> Duas orações (Verbo "é" e "tem")

    ~> Orações subordinadas entre si.

    ~> Oração principal: "Mas a verdade é só uma"

    ~> Oração subordinada substantiva apositiva: ninguém tem dúvida sobre si mesmo

               

                            ATENÇÃO: Principal caracteristica da oração subordinada substantiva apositiva é a presença dos dois pontos (:).

  • questões assim fervem meu cérebro

  • Redação confusa, entraria com recurso pois o enunciado da letra A afirma que a oração secundária subordina a principal, o que está errado, é o contrario!

  • Priscila, observe que a assertiva "a" traz o seguinte "a segunda, que subordina à primeira". Note o emprego da crase. Se tivesse sem crase, aí sim a ideia seria a de que a oração subordinada subordina a principal, o que seria um equívoco. Contudo, o emprego da crase muda tudo, pois traz a seguinte semântica: "A segunda que é subordinada à primeira."