SóProvas


ID
1894903
Banca
VUNESP
Órgão
Prefeitura de Rosana - SP
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Leia a crônica Caso de polícia, de Ivan Angelo, e responda à questão.

      Desde que viu pela primeira vez um filme policial, o rapaz quis ser um homem da lei. Sonhava viver aventuras, do lado do bem. Botar algemas nos pulsos de um criminoso e dizer, como nos livros: “Vai mofar na cadeia, espertinho”.

      Estudou Direito com o objetivo de ser delegado de polícia. No início do curso, até pensou em tornar-se um grande advogado criminal, daqueles que desmontam um por um os argumentos do nobre colega, mas a partir do segundo ano percebeu que seu negócio eram mesmo as algemas. Assim que se formou, inscreveu-se no primeiro concurso público para delegado. Fez aulas de defesa pessoal e tiro. Estudou tanto que passou em primeiro lugar e logo saiu a nomeação para uma delegacia em bairro de classe média, Vila Mariana.

      No dia de assumir o cargo, acordou cedo, fez a barba, tomou uma longa ducha, reforçou o desodorante para o caso de algum embate prolongado, vestiu o melhor terno, caprichou na gravata e olhou-se no espelho satisfeito. Encenou um sorriso cínico imitando Sean Connery e falou:

      – Meu nome é Bond. James Bond.

      Na delegacia, percorreu as dependências, conheceu a equipe, conferiu as armas, as viaturas, e sentou-se à mesa, à espera do primeiro caso. Não demorou: levaram até ele uma senhora idosa e enfezada.

      – Doutor, estão atirando pedras no meu varal!

      Adeus 007. O delegado-calouro caiu na besteira de dizer à queixosa que aquilo não era crime.

      – Não é crime? Quer dizer que podem jogar pedras no meu varal?

      – Eu não posso prender ninguém por isso.

      – Ah, é? Então a polícia vai permitir que continuem a jogar pedras no meu varal? A sujar minha roupa?

      James Bond não tinha respostas. Procurou saber quem jogava as pedras. A velha senhora não sabia, mas suspeitava de alguém da casa ao lado. O delegado mandou “convidarem” o vizinho para uma conversa e pediu que trancassem a senhora numa sala.

      – Ai, meu Deus, só falta ser um velhinho, para completar! – murmurou o desanimado Bond.

      Era um velhinho que confessou tudo dando risadinhas travessas. Repreendeu-o com tom paterno:

      – O senhor não pode fazer uma coisa dessas. Por que isso, aborrecer as pessoas?

      – É para passar o tempo. Vivo sozinho, e com isso eu me divirto um pouco, né?

      O moço delegado cruzou as mãos atrás da cabeça, fechou os olhos e meditou sobre os próximos trinta anos. Pensou também na vida, na solidão e em arranjar uma namorada. Abriu os olhos e lá estava o velhinho.

      – Pois eu vou contar uma coisa. A sua vizinha, essa do varal, está interessadíssima no senhor, gamadona.

      O velho subiu nas nuvens, encantado. Recusou-se a dar mais detalhes, mandou-o para casa, e chamou a senhora:

      – Ele esteve aqui. É um senhor de idade. Bonitão, viu? Confessou que fez tudo por amor, para chamar a sua atenção. Percebeu que uma chama romântica brilhou nos olhos dela.

      Caso encerrado.

                             (Humberto Werneck, Org. Coleção melhores crônicas

                                                          Ivan Angelo. Global, 2007. Adaptado)

Assinale a alternativa que traz a afirmação correta sobre o texto.

Alternativas
Comentários
  • Gabarito C. Definição
    Do ponto de vista semântico, o advérbio é um modificador ou ampliador de sentido de certos vocábulos ou estruturas e, nessa relação, pode indicar algumas circunstâncias (ou valores semânticos), como afirmação, acréscimo, negação, modo, lugar, tempo, dúvida, intensidade, causa, concessão, conformidade, finalidade, condição, meio, instrumento, assunto, companhia, preço, ordem etc.
    Muitas vezes, porém, o advérbio não exprime circunstância alguma, mas meramente expressa um caráter subjetivo ao enunciado, expressando uma opinião do emissor. Falarei melhor sobre isso mais à frente, em Valor Discursivo.
    Vale a pena dizer, desde já, que muitos advérbios, pelo contexto, mudam seu valor semântico. Por exemplo, a palavra bem é normalmente um advérbio de modo (Ele fala bem.), certo? Veja esta frase, então: “Ele estava bem feliz.”. Agora, é um advérbio de intensidade. Ok? Ainda neste capítulo, veremos isso melhor em Classificação.
    Do ponto de vista morfológico, o advérbio não se flexiona em gênero nem em número, por isso é chamado de palavra invariável. Só varia em grau por meio de derivação. No entanto, o que mais vemos no dia a dia são as pessoas falando e escrevendo:
    – A menina está meia chateada.
    – A filha sempre foi menas paciente que a mãe.
    – Ela está toda preocupada.
    – Os policiais devem se manter alertas o tempo todo.
    No penúltimo exemplo, certos gramáticos, como Bechara, e dicionaristas, como Aulete, já abonam a variação do advérbio, devido à natureza pronominal deste vocábulo. No último exemplo, Bechara não abona a variação, mas alguns dicionaristas, como Aurélio, e certos gramáticos, como Napoleão Mendes de Almeida, abonam. Temos aí uma polêmica, não é? Cuidado com as provas, então.

     

    (PESTANA, 2012)

  • Alguém poderia comentar a alternativa(e), por favor?

  • Gabarito : Letra C

    /n

    "Repreendeu-o com tom paterno" equivale a  Repreendeu- o de modo paternal

    Obs: A Letra D está errada. 

    Sentido próprio = denotativo (Deus é a verdade, sentido real)

    Sentido figurado = conotativo (capeta é a mentira, e nem precisa dizer mais nada...)

  • Gabarito: Letra C
    Caio Felipe, não é a alternativa E pois gamadona e bonitão são adjetivos, e não substantivos!

     e) Os diminutivos velhinho e risadinhas, no 13° parágrafo, e os aumentativos gamadona e bonitão, no 17° e no 19° parágrafos, atribuem valor afetivo a esses substantivos.

     

    "Que a força esteja conosco"

  • Gente, a letra A

    As duas conjunções são temporais. Por que não podem ser trocadas uma pelas outras? por causa do verbo?

    Como ficaria com o ajuste do verbo?

  • gamadona e bonitão são adjetivos

  • kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk... Que texto!

  • Bruna Fávero, São temporais, porém a troca perderia o sentidodo texto!

  • GABARITO : A

    Diante da dificuldade, substitua o não consigo pelo : Vou tentar outra vez ! 

    RUMO #PCPR #DEPEN

  • kkkkkkkkkkkk que texto. kkkkkkkkk

  • Achei sensacional a crônica acima .

  • O candidato deve ficar até menos ansioso quando pega a prova e lê um texto leve e gostoso desse.

    Gabarito: C

  • Era um velhinho que confessou tudo dando risadinhas travessas. Repreendeu-o com tom paterno:

    Adjunto adverbial que refere-se ao modo como ocorreu a repreensão.

    Bons estudos!