SóProvas


ID
1948948
Banca
INAZ do Pará
Órgão
Prefeitura de Terra Alta - PA
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

A melhor e a pior comida do mundo

Há mais de dois mil anos, um rico mercador grego tinha um escravo chamado Esopo. Um escravo corcunda, feio, mas de sabedoria única no mundo. Certa vez, para provar as qualidades de seu escravo, o mercador ordenou:

- Toma, Esopo. Aqui está esta sacola de moedas. Corre ao mercado. Compra lá o que houver de melhor para um banquete. A melhor comida do mundo! Pouco tempo depois, Esopo voltou do mercado e colocou sobre a mesa um prato coberto por fino pano de linho. O mercador levantou o paninho e ficou surpreso:

- Ah, língua? Nada como a boa língua que os pastores gregos sabem tão bem preparar. Mas por que escolheste exatamente a língua como a melhor comida do mundo?

O escravo, de olhos baixos, explicou sua escolha.

- O que há de melhor do que a língua, senhor? A língua é que une a todos, quando falamos. Sem a língua não poderíamos nos entender. A língua é a chave das ciências, o órgão da verdade e da razão. Graças à língua é que se constroem as cidades, graças à língua podemos dizer o nosso amor. A língua é o órgão do carinho, da ternura, do amor, da compreensão. É a língua que torna eternos os versos dos grandes poetas, as ideias dos grandes escritores. Com a língua se ensina, se persuade, se instrui, se reza, se explica, se canta, se descreve, se elogia, se demonstra, se afirma. Com a língua dizemos “mãe”, “querida” e “Deus”. Com a língua, dizemos “sim”. Com a língua dizemos “eu te amo”! O que pode haver de melhor do que a língua, senhor?

O mercador levantou-se entusiasmado:

- Muito bem, Esopo! Realmente tu me trouxeste o que há de melhor. Toma agora esta outra sacola de moedas. Vai de novo ao mercado e traze o que houver de pior, pois quero ver a tua sabedoria.

Mais uma vez, depois de algum tempo, o escravo Esopo voltou do mercado trazendo um prato coberto por um pano. O mercador recebeu-o com um sorriso: - Hum... já sei o que há de melhor. Vejamos agora o que há de pior... O mercador descobriu o prato e ficou indignado:

- O quê?! Língua? Língua outra vez? Língua? Não disseste que a língua era o que havia de melhor? Queres ser açoitado? Esopo encarou o mercador e respondeu:

- A língua, senhor, é o que há de pior no mundo. É a fonte de todas as intrigas, o início de todos os processos, a mãe de todas as discussões. É a língua que separa a humanidade, que divide os povos. É a língua que usam os maus políticos quando querem enganar com suas falsas promessas. É a língua que usam os vigaristas quando querem trapacear. A língua é o órgão da mentira, da discórdia, dos desentendimentos, das guerras, da exploração. É a língua que mente, que esconde, que engana, que explora, que blasfema, que vende, que seduz, que corrompe. Com a língua, dizemos “morre” e “demônio”. Com a língua dizemos “não”. Com a língua dizemos “eu te odeio”! Aí está, senhor, porque a língua é a pior e a melhor de todas as coisas!

(ESOPO, 620-560 a. C.)

A respeito da expressão Há mais de dois mil anos, usada no início desse texto, só não podemos afirmar: 

Alternativas
Comentários
  • -Se substituirmos o verbo pelo verbo Faz não prejudicaremos, de fato, o sentido do texto, pois no caso apresentada na frase, o verbo haver tem sentido de fazer

     

     

    - A expressão Era uma vez não traz em si a orientação de quando a história aconteceu, logo tem sentidos diferentes.

     

    Gab) Letra A

  • "promove uma noção de valores e costumes antigos e que ainda estão para ser aprendidos."

    ????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????

    O uso dessa expressão não tem nada a ver com isso. O examinador tava doidão! É só uma expressão que indica tempo passado de maneira imprecisa.

  • a)  poderia ser substituída sem perda de sentido por Era uma vez

    Era um vez siginifica, também, um tempo deccorido uma ideia de que existiu/aconteceu. No entanto, é usado para contos,, fábulas, histórias infantis. ( Penso, que não altera o sentido do texto... não entendi bem )

    b) situa a narrativa no tempo cronológico; 

    Sim, situa por indicar tempo decorrido.

    c) poderia ter a forma verbal substituída por Faz, sem prejudicar o sentido do texto; 

    Sim, poderia sem prejuízo gramatical e de sentido. O verbo haver e fazer indicando tempo decorrido são impessoais, sempre estarão na 3ª pessoa.

    Faz dois anos que estive aqui.

    Há dois anos perdi meu irmão.

    d) produz uma verossimilhança à narrativa; 

    A dificuldade talvez fosse saber o que é verossimilhança: em linguagem coerente ao atributo daquilo que parece intuitivamente verdadeiro, isto é, o que é atribuído a uma realidade portadora de uma aparência ou de uma probabilidade de verdade, na relação ambígua que se estabelece entre imagem e ideia.

    Portanto, sim. Produz essa relação que desde as décadas passadas a língua pode ser a pior e a melhor "comida".

    e) promove uma noção de valores e costumes antigos e que ainda estão para ser aprendidos.

    Não acredito que a frase, por si só, nos leve à essa compreensão. Dentro do contexto sim, podemos até concluir isso.

    Por exclusão dá pra marcar a A, mas ficou um pouco confusa!

     

     

  • Acertei essa questão confrontando as alternativas A e D. Elas se excluem, então uma delas estaria certa. Como o tempo é definido, traz uma verossimilhança a narrativa, e a expressão “era uma vez” é justamente o contrário, algo que não é verdadeiro, é um conto, uma lenda. , 

  • Resposta estranha- mas segue o baile...