SóProvas


ID
1949197
Banca
Marinha
Órgão
COLÉGIO NAVAL
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

      O desaparecimento dos livros na vida cotidiana e a diminuição da leitura é preocupante quando sabemos que os livros são dispositivos fundamentais na formação subjetiva das pessoas. Nos perguntamos sobre o que os meios de comunicação fazem conosco: da televisão ao computador, dos brinquedos ao telefone celular, somos formados por objetos e aparelhos.

      Se em nossa época a leitura diminui vertiginosamente, ao mesmo tempo, cresce o elogio da ignorância, nossa velha conhecida. Há, nesse contexto, dois tipos de ignorância em relação às quais os livros são potentes ou impotentes. Uma é a ignorância filosófica, aquela que em Sócrates se expunha na ironia do "sei-que-nada-sei". Aquele que não sabe e quer saber pode procurar os livros, esses objetos que guardam tantas informações, tantos conteúdos, que podemos esperar deles muita coisa: perguntas e, até mesmo, respostas. A outra é a ignorância prepotente, à qual alguns filósofos deram o nome de "burrice". Pela burrice, essa forma cognitiva impotente e, contudo, muito prepotente, alguém transforma o não saber em suposto saber, a resposta pronta é transformada em verdade. Nesse caso, os livros são esquecidos. Eles são desnecessários como "meios para o saber". Cancelada a curiosidade, como sinal de um desejo de conhecimento, os livros tornam-se inúteis. Assim, a ignorância que nos permite saber se opõe à que nos deforma por estagnação, A primeira gosta dos livros, a segunda os detesta.

      [ ... ]

      Para aprender a perguntar, precisamos aprender a ler. Não porque o pensamento dependa da gramática ou da língua formal, mas porque ler é um tipo de experiência que nos ensina a desenvolver raciocínios, nos ensina a entender, a ouvir e a falar para compreender. Nos ensina a interpretar. Nos ajuda, portanto, a elaborar questões, a fazer perguntas. Perguntas que nos ajudam a dialogar, ou seja, a entrar em contato com o outro. Nem que este outro seja, em um primeiro momento, apenas cada um de nós mesmos. 

      Pensar, esse ato que está faltando entre nós, começa aí, muitas vezes em silêncio, quando nos dedicamos a esse gesto simples e ao mesmo tempo complexo que é ler um livro, É lamentável que as pessoas sucumbam ao clima programado da cultura em que ler é proibido. Os meios tecnológicos de comunicação são insidiosos nesse momento, pois prometem uma completude que o ato de ler um livro nunca prometeu. É que o ato da leitura nunca nos engana. Por isso, também, muitos afastam-se dele. Muitos que foram educados para não pensar, passam a não gostar do que não conhecem. Mas há quem tenha descoberto esse prazer que é o prazer de pensar a partir da experiência da linguagem - compreensão e diálogo - que sempre está ofertada em um livro. Certamente para essas pessoas, o mundo todo - e ela mesma - é algo bem diferente. 

(TIBURI, Márcia. Potência do pensamento: por uma filosofia política da leitura. Disponível em http://revistacult.uol.com.br - 31 de jan. 2016 - com adaptações) 

Em "Nos ajuda, portanto, a elaborar questões[...]." (3°§), há um desvio da modalidade padrão da língua na colocação do pronome destacado. Em que opção isso também ocorre?

Alternativas
Comentários
  • GABARITO C

     

    O advérbio "muitos" é palavra atrativa o correto seria: "[...] também, muitos  SE afastam dele." (4°§) 

  • Dúvida: Na alternativa a), entendi que "em que" é um pronome relativo (poderia ser substituído por "na qual"). Em meus estudos, vi uma regra que diz que o pronome relativo "atrai" a próclise. Sendo assim, essa alternativa também não poderia ser marcada?

    Se alguém puder tirar essa dúvida e/ou corrigir meu raciocínio, agradeço.

    Bons estudos a todos. 

  • Hudson, pronome relativo atrai a próclise. Portanto, a alternativa A está correta. Como a questão pede a resposta errada, é a letra C, pois há a presença de um pronome indefinido o que atrai o pronome para antes do verbo.

  • Explicação da aula: A oração com em que está a começar uma or. subordinada adjetiva por isso a proclise é obrigatória. 

     

    Mas não entendi. 

  • Mais advérbios não são invariáveis? ? Então, muitos no plural é adverbio?
  • O vocábulo muitos nessa questão é um pronome indefinido, e não advérbio. Os pronomes indefinidos, mesmo quando flexionados no plural (variáveis), atraem o pronome, gerando uma próclise.

    Por isso que a letra C está errada, pois o correto seria: "...muitos se afastam dele".

     

    Obs.: A mesma regra se aplica para os pronomes relativos.

  • Também não entendi o erro da letra A. Não tá muito bem explicada.

  • Débora a letra A não está errada. A questão busca a errada.

  • Alguém poderia me explicar por que a letra A não é a resposta, por favor.

  • A questão pede a alternativa errada, uma vez que em 'Nos ajuda, portanto, a elaborar questões', o correto seria 'Ajuda-nos', pois não se usa próclise no início de frase.

    As alternativas a, b, d, e estão corretas.

    A letra c está errada, pois 'muitos' é pronome indefinido e atrai o pronome, sendo causa, portanto, de próclise e não ênclise como está na alternativa.

    Como a questão pede a alternativa que apresenta incorreção, a alternativa correta é a letra C.

     

  • Pronome indefinido é fator de próclise.

     

    Gabarito: C

  • C

    Advérbio atrai pronome

  • FATORES DE PRÓCLISE:

    Palavras de sentido negativo

    Advérbios ou locuções adverbiais

    Pronomes relativos

    Pronomes indefinidos

    Pronomes demonstrativos

    Conjunções subordinativas

    Quando o verbo está em frases exclamativas, interrogativas e optativas

    Quando o verbo faz parte de locução verbal ou tempo composto