SóProvas


ID
1990738
Banca
IBFC
Órgão
EBSERH
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto

Crise de Identidade

    Foi na semana passada. No Leblon. Como todo mundo sabe — será que ainda sabe? —, o Leblon não é a minha praia. Sou copacabanense. Pra mim, o Leblon fica além-fronteiras. Sou sempre um visitante em suas ruas. Olho para o bairro com olhos de turista, admirado com suas madames que almoçam fora, com os que se divertem na Rua Dias Ferreira e, principalmente, com a crença da quase totalidade de seus moradores de que o pão e o presunto foram inventados no Talho Capixaba. Nunca estou no Leblon por acaso. Dessa vez, estava indo ao dentista. Mas mudei de assunto e estou perdendo o fio da meada. Como estava dizendo, foi na semana passada. No Leblon. Ia ao dentista. Mal pisei na calçada do quarteirão a que me dirigia quando, na outra esquina, uma senhora me acenou. Bonita, cabelos brancos, esguia, bem vestida, ela veio se aproximando. Abriu um sorriso. Me conquistou. Já bem perto, abriu os braços. Parecia uma fã. Correspondí, dei-lhe um abraço e ela gritou entusiasmada: “Artur da Távola!”

    Passei 23 anos ininterruptos escrevendo uma coluna que, em alguns momentos, era publicada três vezes por semana. Faz oito meses que parei. E já estão me confundindo com Artur da Távola?Não que essa confusão não seja envaidecedora. Sempre fui fã dos textos do Távola. Mas ele já não está entre nós há oito anos! Prefiro não ter o talento do mestre, mas continuar vivo. Vivo, pelo menos, eu posso continuar tentando alcançar o seu estilo.

    Será que colunista afastado é colunista morto? Será que oito meses fora do jornal é tempo bastante para deixar de habitar a lista de colunistas que o leitor tem na cabeça? Outro dia mesmo, dessa vez em Copacabana, em meio a compras num mercado de produtos hortifrutigranjeiros, outra velhinha se aproximou. Disse que me lia sempre (ela não se deu conta de que eu não estava escrevendo), que se identificava com as minhas histórias, e que minha coluna era a primeira coisa que buscava no jornal às sextas-feiras. Bem que eu tentei dizer que nunca escreví às sextas, mas ela me interrompeu e acrescentou que gostava sobretudo quando eu falava do Botafogo. Ela gostava mesmo de outro Arthur, o Dapieve. Deixei-a na ilusão de que tinha se encontrado com o ídolo. Pra que discutir com madame? E, depois, pensa bem, é muita ingenuidade da leitora imaginar que o Dapieve estaria fazendo compras num mercado de produtos hortifrutigranjeiros.

    Talvez não tenha sido a minha ausência o motivo do esquecimento do leitor. Nesses 23 anos, por mais assíduo que tenha sido nas páginas do jornal, sempre fui confundido com o Zuenir, o Veríssimo, o Arnaldo... só não me lembro de terem me confundido com a Cora. E olha que eu também já tive os meus gatos. Talvez a culpa seja minha e eu nunca tenha conseguido criar, nos meus textos, uma personalidade que levasse o leitor a me identificar nas ruas.

    Deve acontecer algo assim com a minha voz também. De vez em quando, pego um táxi e, logo após dizer ao motorista meu destino, ele me responde com alegria: “O senhor é o Cony, não é? Ouço o senhor todo dia na CBN”. Eu confirmo e vou em frente. Ainda não desisti do plano de andar com uns livros do Cony na mochila para dar edições autografadas aos motoristas da cidade. Só não decidi ainda se eu mesmo autografo ou peço pro Cony autografar.

     As vezes, desconfio que tenha transferido essa crise de identidade para os que me cercam. É muito comum encontrar algum admirador que me conhece da televisão. “Não deixo de ver o senhor no programa da Andréa Beltrão.” Ou “o senhor não está mais no programa da Maria Padilha?” Adianta eu dizer que o programa é da Maria Beltrão?

    Isso tudo é pra dizer que, antes que me esqueçam definitivamente, retomo esta coluna, agora só aos domingos, na esperança de um dia o leitor me identificar, saber que eu sou eu. É fácil. Não falo de gatos, não torço pelo Botafogo, não vejo a confusão em Ipanema da minha janela, não analiso a conjuntura política, nunca escreví um livro de mistério. Sou o outro, aquele outro, aquele que fala de amenidades, pega no pé do prefeito, vê novelas... lembra? Aquele que organiza a eleição da Mala do Ano, já fez o concurso do Zum de Besouro e teve uma ou duas brigas com o Caetano. Ainda não lembrou? Então esquece tudo isso. Eu prefiro ser identificado como aquele que tem muita honra em estar em página próxima aos textos do Zuenir, do Veríssimo, do Nelson Motta, do Cacá, da Cora, do Dapieve, dos Arnaldos, do Agualusa... São muitos colunistas talentosos. Sou só mais um. Aquele com menos talento, o que todo mundo confunde com os outros, mas que não cabe em si de satisfação em ter a oportunidade de voltar a se encontrar semanalmente com o leitor. Crônica é diálogo. Não,basta eu escrever. Tem que ter você aí do outro lado para ler. É um prazer reencontrá-lo.

    Ou ninguém leu e eu estou falando sozinho?

(Artur Xexéo)

Assinale a opção que apresenta, corretamente, a classificação sintática dos termos em destaque na frase “Bonita, cabelos brancos, esguia, bem vestida, ela veio se aproximando” (1°§):

Alternativas
Comentários
  • Acho que esta questão está errada, pois não életra  "a" e sim "b", pois, alé de não possuir verbo de ligação (nem sempre o predicativo tem um verbo de ligação, mas ok), o predicativo é constituído de adjetivo restritivo, que acumula uma característica chamada de transitória, pois depende da ação verbal para produzir o sentido desejado. Veja:
    "Ela confirmou temerosa o crime" 

    Durante ou após o ato de confirmar, ela ficou temerosa. Isso é a característica transitória do sujeito.

    Já o adjunto adnominal é o termo adjetivo de valor restritivo que está junto ao núcleo, que foi este caso. Os termos Bonita, cabelos brancos, esquia funcionam aqui como adjunto adnominal.

  • - LETRA A -

     

    Conceitualmente, o predicativo é o termo sintático que expressa estado, qualidade ou condição do ser ao qual se refere, ou seja, é um atributo. Normalmente aparece ligado ao sujeito por um verbo de ligação, mas há casos em que pode vir preposicionado ou com verbos intransitivos.

    Veja um exemplo com preposição: Continuamos com vontade de estudar!

    Um caso com verbo intransitivo: Paula saiu contente.

    Analisando a oração:

    Bonita, cabelos brancos, esquia, bem vestida, ela veio se aproximando”

    Ela veio bonita...veja que temos o caso anterior: um sujeito, verbo intransitivo e o predicativo, por fim.

     

    Razões para não considerar esses adjetivos como adjuntos adnominais na análise sintática:

    1) Adjunto adnominal não vem distante do nome a que se liga, muito menos separado por vírgulas, o predicativo sim, poder vir separado por vírgulas.

    2) O adjunto adnominal transmite a ideia de caractéristica permanente ao seu núcleo. 

    Vejamos alguns exemplos:

    O estudante bem preparado entrou em sala.

    A candidata, gestante, solicitou atendimento especial.

    Ela veio cantando, bela e sorridente comemorar a aprovação.

     

    Fonte: Prof. Fernando Pestana

     

    Avante!

     

     

     

     

     

  • Para ser adjunto adnominal deveria vir 'junto' ao nome que se refere. Neste caso, não estão. 

  • é uma caracteristica dela. predicativo do sujeito

  • a)Predicativo do Sujeito.

    é possivel confundir aposto com predicativo do sujeito quando vier isolados pr virgulas. O exemplo abaixo é aposto:

    Ana, a pessoa da frente, come pao. 

    O exemplo abaixo é predicativo do sujeito:

    Andréia, meiga e atenciosa, recebeu o prêmio.

  • INDIQUEM PARA COMENTÁRIO

  • Só está na odem inversa para confundir; o verbo de ligação está IMPLÍCITO(para dificultar ainda mais) leia-se:

    Ela veio se aproximando(e estava)bonita, cabelos brancos, esquia, bem vestida”

    Acredito ser: Ela veio aproximando-se...

     

     

    Espero ter ajudado !

    Fé e estudo para alcançar o $UCE$$O!

  • Predicativo do sujeito - A

  • Letra A

    predicativo do sujeito é o termo da oração que complementa e caracteriza o sujeito, atribuindo-lhe uma qualidade. Aparece apenas com o predicado nominal, juntamente com um verbo de ligação.

    Exemplos de predicativo do sujeito:

    Eu estou feliz.

    Minha avó anda cansada.

    Nós somos só duas.

    Meu caderno é este.

  • Só sou eu, ou mais alguém não consegue ver o verbo de ligação?

  • É bom entender que um predicativo nem sempre está relacionado a um  Verbo de Ligação (VL). Pode haver predicativo sem ao menos ter VL na oração! Agora, para ser considerado um VL, NECESSARIAMENTE, deve existir um PREDICATIVO DO SUJEITO.

    Para ser VL é preciso que o verbo esteja na lista abaixo:

    Ser, estar, permanecer, ficar, parecer, tornar-se, viver ( com sentido de "estar"), andar (= com sentido de "estar") e virar (com sentido de "tornar-se").

    Além disso, para ser VL também é preciso haver um predicativo do sujeito.

    Resumindo: para ser VL é preciso estar nessa relação + ter predicativo do sujeito. Só isso!! =)

    Diante disso, perceba que PREDICATIVO DO SUJEITO não está necessariamente relacionado ao verbo de ligação.  

    E O QUE É UM PREDICATIVO? Predicativos são palavras ou expressões que qualificam, caracterizam ou indicam estado. Os predicativos podem ser representados por adjetivos, locuções, substantivos, pronomes e numerais.  OS PREDICATIVOS PODEM ACOMPANHAR QUALQUER TIPO DE VERBO. Por fim, o predicativo pode referir-se ao Sujeito (predicativo do sujeito)  ou ao Objeto (predicativo do objeto).

    Exemplos:

    - A vida é isso ( é = VL / isso = predicativo do sujeito)

    - Ela saiu nervosa do local (ela=sujeito/ saiu= VI/ nervosa= predicativo do sujeito / do local = adj. adv de lugar)

    - Considerou o projeto um bom plano ( considerou = VTD/ o projeto= OD/ um bom plano = predicativo do objeto)

     

    Agooooora, vamos ver a questão em tela:

    Perceba que "bonita" e "esquia" são expressões que qualificam "ela" que é o sujeito. Por isso, as duas expressões são predicativos do sujeito.

    Resposta: Letra A.

     

     

  •  “Bonita, cabelos brancos, esquia, bem vestida, ela veio se aproximando” (1°§): 

    Nesse caso o predicado traz duas informações: uma verbal (veio aproximando), e outra nominal (bonita, esquia).  Desse modo, suas informações desmembradas ficam assim: Ela bonita, esquia; Ela veio se aproximando.  A informação nominal dá uma caracterização (adjetivo, etc) ou dá um estado quando junto ao um verbo de ligação. Se essa caracterização viesse juntinho ao sujeito seria um adjunto adnominal, como vem separada, então recebe esse nome "Predicativo".  Resumindo: "tá pensando que somente o verbo traz informação! o nome também traz, e é nessa hora que recebe a denominação de "Predicativo"

  • A IBFC amaaaaaaaaaaaaaaaaaaa PREDICATIVO DO SUJEITO..Sem mais kkkkkkkk

  • PREDICATIVO DO SUJEITO - qualidade para o sujeito dentro do predicado.

  • Essa vale a pena ser indicada para comentário, pessoal. 
    Com todo o respeito, mas nenhuma justificativa dos colegas me convenceu hehehe

     

     

     

    Abraço e bons estudos.

  • FICOU EM DÚVIDA???

    A BANCA É IBFC??

    MARQUE PREDICATIVO ...KKKKKKKKK  IBFC AMA.

  • PARA NÃO CONFUNDIR JAMAIS APOSTO EXPLICATIVO COM PREDICATIVO DO SUJEITO:

    O aposto pode associar-se a substantivos que exerçam quaisquer funções sintáticas e poderá substituir qualquer um deles. Assim, em: "Fernando Henrique Cardoso, o presidente do Brasil, abriu a sessão", o trecho "o presidente do Brasil" é aposto de Fernando Henrique Cardoso, sujeito da oração. Na ausência deste, o aposto o substitui e passa a ocupar a sua função. Assim: "O presidente do Brasil (sujeito) abriu a sessão". No predicativo do sujeito, não se pode fazer essa substituição.

    Para ficar mais claro: no exemplo: "A moça, meiga e gentil, encantou a todos", a expressão "meiga e gentil" exerce função de predicativo do sujeito. São dois adjetivos que, como resultado da opinião do emissor, qualificam a tal moça. Pode-se dizer que há uma oração elíptica na qual eles atuam como predicativo ("A moça, [por ser] meiga e gentil, encantou a todos").

    Já em: "A moça, criatura meiga e gentil, encantou a todos", o trecho em destaque tem base substantiva (o núcleo é o substantivo "criatura"). Daí ser aposto, não mais predicativo. O predicativo é o atributo circunstancial ou momentâneo de um ser, função geralmente exercida por adjetivos; o aposto é, no mais das vezes, uma outra forma de dizer o que já fora dito, um meio de explicitar o termo fundamental.

    (FONTE: http://www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/ult305u9852.shtml)

  • Vide comentário do Daniel Souza sobre 

    .

    verbo de ligação implícito.

  • ela veio se aproximando, bonita, cabelos brancos, esquia, bem vestida, 

    Pela resposta conclui-se que há um verbo de ligação implícito na oração

    Enão ficaria, pelo que entendi, assim:

    ela veio se aproximando, estava bonita, cabelos brancos, esquia, bem vestida, 

  • Sensacional o comentário do companheiro Red Pill.

  • IBFC AMA PREDICATIVO, já respondi várias questões.

  • Questão de VI com VL implícito, semelhante a esses casos:

    Exemplo 1:

    – Eu cheguei correndo à porta da escola. (correndo = adjunto adverbial)

    *adjunto adverbial não pode ser flexionado ("Ela chegou correnda" não existe...)

    – Eu cheguei ofegante à porta da escola. (ofegante = PDS)

    *NÃO é adjunto adverbial porque PODE ser flexionado ("Eles chegaram ofegantes...")

    *Para saber se é PDS tenta encaixar o VL "estar":

    *"Eu cheguei à porta da escola e estava (VL) ofegante (PDS)"

    Exemplo 2:

    – A funcionária chorava muito. (muito = adjunto adverbial)

    *adjunto adverbial não pode ser flexionado ("As funcionárias choravam muitas" não existe...)

    – A funcionária chorava ansiosa. (ansiosa = PDS)

    *NÃO é adjunto adverbial porque PODE ser flexionado ("As funcionárias choravam ansiosas")

    *Para saber se é PDS tenta encaixar o VL "estar":

    *"A funcionária chorava e estava (VL) ansiosa (PDS)"

  • Português APOSTO EXPLICATIVO x PREDICATIVO DO SUJEITO

    E NÃO CONFUNDIR APOSTO EXPLICATIVO COM PREDICATIVO DO SUJEITO:

    O aposto pode associar-se a substantivos que exerçam quaisquer funções sintáticas e poderá substituir qualquer um deles. Assim, em: "Fernando Henrique Cardoso, o presidente do Brasil, abriu a sessão", o trecho "o presidente do Brasil" é aposto de Fernando Henrique Cardoso, sujeito da oração. Na ausência dosujeito, o aposto o substitui e passa a ocupar a sua função. Assim: "O presidente do Brasil (sujeito) abriu a sessão".

    No predicativo do sujeito, não se pode fazer essa substituição.

    Para ficar mais claro: no exemplo: "A moça, meiga e gentil, encantou a todos", a expressão "meiga e gentil" exerce função de predicativo do sujeito. São dois adjetivos que, como resultado da opinião do emissor, qualificam a tal moça. Pode-se dizer que há uma oração elíptica na qual eles atuam como predicativo ("A moça, [por ser] meiga e gentil, encantou a todos").

    Já em: "A moça, criatura meiga e gentil, encantou a todos", o trecho em destaque tem base substantiva (o núcleo é o substantivo "criatura"). Daí ser aposto, não mais predicativo.

    O predicativo é o atributo circunstancial ou momentâneo de um ser, função geralmente exercida por adjetivos; o aposto é, no mais das vezes, uma outra forma de dizer o que já fora dito, um meio de explicitar o termo fundamental.

    (FONTE: http://www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/ult305u9852.shtml)

    B) adJUNTO adnominal deveria vir 'JUNTO' ao nome que se refere. Neste caso, não veio.