SóProvas


ID
2009755
Banca
CS-UFG
Órgão
Prefeitura de Goiânia - GO
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Festejando no precipício
Gregório Duvivier
Quando pequeno, a primeira coisa que fazia ao comprar uma agenda era escrever em letras garrafais no dia 11 de abril: "MEU NIVER". Depois ia pro dia 11 de março: "FALTA UM MÊS PRO MEU NIVER". E depois me esquecia da existência da agenda, até porque não tinha muitos compromissos naquela época. Tenho umas cinco agendas que só contêm essas duas informações fundamentais.
O aniversário era o grande dia do ano, a maior festa popular do planeta, um Natal em que o Jesus era eu. Pulava da cama e marcava minha altura no batente da porta. Era o dia de comemorar cada milímetro avançado nessa guerra que travo desde pequeno contra a gravidade.
Meu pai abria a porta: "Hoje a gente vai pro lugar que você quiser". "Oba! Vamos pro Tivoli Park!" "Não, filho, pro Tivoli Park não." "Mas você falou qualquer lugar." "No Tivoli Park tem assalto no trem fantasma." Era um argumento forte.
Acabava me levando pro clube, e depois minha mãe dava uma festa lá em casa na qual eu era o centro das atenções e podia comer brigadeiro e tomar litros de refrigerante — ambos artigos proibidos, classificados como "porcaria" — e assistir ao show do meu artista predileto — o mágico Almik. Na hora do parabéns, me escondia debaixo da mesa quando cantavam "Com Quem Será?", mas até que gostava da ideia de que um dia alguém talvez fosse querer se casar comigo. Para um garoto com cabelo de cuia e uma dentição anárquica, um relacionamento amoroso era um sonho tão distante quanto um McDonalds dentro de casa. O tempo passou e a verdade veio à tona: ambas as coisas talvez sejam possíveis, mas será que são desejáveis?
Hoje faço trinta. Dizem que com o passar dos anos deixa de fazer sentido comemorar o passar dos anos. Afinal, cada ano a mais é um ano a menos e na vida adulta não há nem mais a esperança de crescer algum centímetro. No batente da porta, estacionei no 1.69 m, entre minha prima Helena e minha irmã Barbara. Para piorar, o Brasil tá um caos, todo o mundo se odeia, e a temperatura do mundo não para de esquentar.
Lembro que a revista "The Economist" ficou chocada que o Brasil teria Carnaval mesmo na crise —estaríamos "festejando no precipício". A revista pode entender de crise, mas não entende nada de Carnaval — acha que serve para comemorar a opulência. Toda festa boa serve pra esquecer, nem que seja por um momento, o precipício. Debaixo da mesa do bolo, a felicidade parece tão possível, tão desejável. 

Disponível em: . Acesso em:<http://1.folha.uol.com.br/colunas/gregorioduvivier/2016/04/1759507-festejando-no-precipiicio-.shtm,> 11 abr. 2016. 

Em “Debaixo da mesa do bolo, a felicidade parece tão possível”, o uso da vírgula tem a mesma função que no segmento:

Alternativas
Comentários
  • Debaixo da mesa do bolo  - Adjunto adverbial de lugar

    No batente da porta - Adjunto adverbial de lugar

     

    Assim, as vírgulas estão separando o Adjn adv de lugar.

  • Fiz a prova e errei essa.

  • Adjunto adverbial

  • adjunto adverbial ateposto  ou seja iniciando a frase nos iremos introduzir a virgula

  • Letra B,  fui por   dedução.

  • Prezados, caso fosse um adjunto adverbial de lugar porém de pequena extensão (no maximo tres palavras) teríamos a obrigatoriedade da vírgula mesmo ele estando deslocado?

    Grato pela ajuda.

  • A obrigatoriedade é apartir de 3 palavras, pois é considerado extenso.

  • “Debaixo da mesa do bolo, a felicidade parece tão possível” (A vírgula serve para separar uma adjunto adverbial deslocado para o início)

     

    LETRA A) a vírgula serve para separar orações distintas. 

    LETRA B) a vírgula serve para separar uma adjunto adverbial deslocado para o início.

    LETRA C) a vírgula é usada antes de conjunção adversativa.

    LETRA D) a vírgula serve para separar uma frase explicativa.