SóProvas


ID
2030473
Banca
IDECAN
Órgão
Prefeitura de Miraí - MG
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                                                        O abraço e a flor

                                         A campanha das enfermeiras e a necessidade diária de surpresa.


    Saí hoje cedo para caminhar com o objetivo de sempre: mexer o corpo, chacoalhar as ideias e ver a vida como ela é. A colheita não poderia ter sido melhor. Assim que dobrei a esquina, consegui minha dose diária de surpresa boa – tão necessária para mim quanto o sol de abril.

    Meninas de 20 e poucos anos exibiam um cartaz que anunciava abraços grátis. Achei que fosse mais uma ação promocional das construtoras de apartamento que, nos últimos meses, passaram a perturbar os moradores na porta de todas as padarias da região. [...]

    Algumas ações são nobres e humanitárias. Outras não passam de estratégias comerciais para promover sites, empresas ou palestras de autoajuda.

    No caso da enfermagem e da psicologia, a justificativa é a melhoria da qualidade de vida. Estudos demonstram que abraçar reduz os níveis de cortisol e norepinefrina, hormônios relacionados ao estresse crônico e à ocorrência de doenças cardíacas.

    O abraço também aumenta a produção de dopamina e serotonina (hormônios do prazer) e de oxitocina (o hormônio do afeto). Quanto mais oxitocina o cérebro libera, mais a pessoa quer ser tocada e menos estressada ela fica. É um círculo virtuoso: quanto mais abraçada ela é, mais ela deseja ser abraçada.

    Um estudo realizado no ano passado pela Universidade Médica de Viena demonstrou que o abraço pode mesmo reduzir o stress, o medo e a ansiedade. A oxitocina liberada contribui para a redução da pressão arterial, aumenta o bem-estar e favorece o desempenho da memória.

    No entanto, o neurofisiologista Jürgen Sandkühler, autor do trabalho, questiona o valor dos abraços recebidos de pessoas estranhas. A oxitocina é o hormônio produzido pela glândula pituitária, conhecido por favorecer o estabelecimento de laços afetivos entre pais e filhos e entre os casais.

    “O efeito do abraço sobre a produção de oxitocina só ocorre quando existe confiança mútua. Se o abraço não é desejado pelas duas pessoas, o efeito positivo se perde”, diz.

    Em resumo: as pessoas precisam estar na mesma sintonia. Acredito que isso seja perfeitamente possível entre estranhos. Não sei se o nível dos meus hormônios aumentou, mas a iniciativa das estudantes de enfermagem alegrou meu dia. Espero que elas não percam a ternura quando a realidade da profissão se apresentar.

    Como essas meninas, acredito que o bem-estar pode ser contagiante. Ao final de nosso breve encontro, uma delas me ofereceu uma flor feita com capricho e papel crepom.

    Resolvi testar o poder da flor. Durante uma hora caminharia com ela na mão e observaria a reação de quem cruzasse meu caminho. Será que alguém notaria alguma coisa fora do script? Será que um sorrisinho escaparia dos lábios? [...]

    Voltei para casa com uma supersafra de gentilezas. Nunca ouvi, numa única manhã, tanta gente me desejando bom dia, tanto motorista me dando passagem, tanta conversa, tanto olho no olho, tanto sorriso. O tênis, a roupa, o percurso eram os mesmos. O que mudou foi o abraço e a flor.

    Só um pedestre não viu nada. Bateu o portão de um prédio com fones enterrados no ouvido, óculos bem escuros, mochila estufada, ombros curvados para frente – aquele visual e aquele comportamento que são a marca do nosso tempo. Não do meu tempo, mas o de muita gente. Quase me atropelou, mas não notou minha presença. Muito menos a da flor.

(Cristiane Segatto – 12/04/2013. Disponível em: http://revistaepoca.globo.com//Saude-e-bem-estar/cristiane-segatto/noticia/2013/04/o-abraco-e-flor.html. Com Adaptações.) 

A citação do neurofisiologista Jürgen Sandkühler “O efeito do abraço sobre a produção de oxitocina só ocorre quando existe confiança mútua. Se o abraço não é desejado pelas duas pessoas, o efeito positivo se perde”. (8º§) é empregada, considerando-se a estrutura textual apresentada, como

Alternativas
Comentários
  • qual o erro da alternativa C ?

    No texto vem discorrendo sobre a importância do abraço e os efeitos positivos que ele gera. Em seguida, o pesquisador apresenta uma tese contrária, que não é todo abraço que gera esses resultados positivos, e cita que os abraços tem que ter confiança mutua.
    Portanto, claramente é uma contra-argumentação, para sustentar sua tese. A alternativa D também vejo parcialmente como certa, não concordo que tenha nenhuma autoridade. Mas entra as duas vejo a C como mais certa.

    Se alguém puder esclarecer melhor!

  • Alternativa C) A tese principal do texto não é o ato do abraço em si, mas as boas ações da vida como um todo, o abraço é apenas uma delas. No próprio texto há: "tanta gente me desejando bom dia, tanto motorista me dando passagem, tanta conversa, tanto olho no olho, tanto sorriso. O tênis, a roupa, o percurso eram os mesmos. O que mudou foi o abraço e a flor".
    Então é realmente uma contra-argumentação, mas não da tese principal, mas de apenas um dos argumentos envovidos.

    Na alternativa D, a autoridade em questão é, segundo o texto: " o neurofisiologista Jürgen Sandkühler, autor do trabalho".

  • Segue o posicionamento oficial da banca em resposta a recurso, acho que pode ajudar.

    (Fonte: https://idecan.s3.amazonaws.com/concursos/236/54_21062016132256.pdf)

     

    Recurso Improcedente. Ratifica-se a opção divulgada no gabarito preliminar.
    A alternativa “C) contra-argumento ao qual é feita a devida oposição posteriormente com o objetivo de sustentação da tese defendida.” não pode ser considerada correta. Um contra-argumento, ou argumento contrário, demonstra uma versão divergente acerca do tema apresentado. Trata-se de uma opinião oposta àquela defendida ou apresentada. Ocorre que a citação “O efeito do abraço sobre a produção de oxitocina só ocorre quando existe confiança mútua. Se o abraço não é desejado pelas duas pessoas, o efeito positivo se perde”. não nega o efeito apresentado no texto anteriormente do abraço, o que ocorre é que uma nova informação é acrescentada à informação principal; delimitando- a, especificando-a. Por tais motivos, a alternativa “D) um recurso argumentativo que, através de uma autoridade, confere maior credibilidade e informação acerca do assunto abordado.” torna-se adequadamente indicada como correta. A alternativa “B) a inserção de um tipo textual com características próprias, diferente do tipo predominante no texto de modo global.” não pode ser considerada correta. São assuntos diferentes: “tipo textual” e “gênero textual”. “O tipo textual designa uma espécie de construção teórica (em geral uma sequência subjacente aos textos) definida pela natureza linguística de sua composição (aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações lógicas, estilo). O tipo caracteriza-se muito mais como sequências linguísticas (sequências retóricas) do que como textos materializados; a rigor, são modos textuais. Em geral, os tipos textuais abrangem cerca de meia dúzia de categorias conhecidas como: narração, argumentação, exposição, descrição, injunção. O conjunto de categorias para designar tipos textuais é limitado e sem tendência a aumentar. Já o gênero textual faz referência a textos materializados em situações comunicativas recorrentes. Os gêneros textuais são os textos que encontramos em nossa vida diária e que apresentam padrões sociocomunicativos característicos definidos por composições funcionais, objetivos enunciativos e estilos concretamente realizados na integração de forças históricas, sociais, institucionais e técnicas. Em contraposição aos tipos, os gêneros são entidades empíricas em situações comunicativas e se expressam em designações diversas. Alguns exemplos seriam: telefonema, sermão, carta, resenha, artigo de divulgação científica, etc.”

    Fonte:

    PLATÃO & FIORIN. Para entender o texto. Ática.

    MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. Parábola.

  • vai entender.. tem cada palhaço elaborando questão..

     

  • Questão de redação. Citações reforçam o argumento do parágrafo.

  • a) uma breve descrição com o objetivo de gerar credibilidade e impressionar o leitor

    Na realidade, uma citação não terá como objetivo alvo impressionar o leitor, ela poderá até apresentar uma mera descrição sobre o objeto, mas sua finalidade maior será conferir credibilidade ao assunto abordado.

     

    Portanto, dessa forma a assertiva correta somente poderá ser a letra D.

    d) um recurso argumentativo que, através de uma autoridade, confere maior credibilidade e informação acerca do assunto abordado.

     

  • Eu aprendi que 99% (nunca há algo 100% certo em concurso, né?) das vezes em que a IDECAN pergunta sobre por quê da citação de alguém está dentro do texto, a resposta é para dar mais credibilidade! Existem umas 20 questões sobre isso, espalhadas em diversas provas da banca!!!

     

     

  • Concordo com o comentário da Carol Medeiros. Já me deparei com varias questões da IDECAN que abordam o tema citação direta, e em todas a resposta foi conferir maior credibilidade ao texto.  É sempre bom conhecer a banca, porém cada questão deve ser analisada em particular. 

  • O que é de se estranhar é que a idéia defendida no texto vai de encontro a citação do autor. 

    Na citação o pensador conclui que o abraço não fuinciona com estranhos e no texto o autor se sente bem com o abraço de estranhos.

  • MASOQUEEEEEEEEEE

  • Já to na sexta questão dessa banca, fico sempre entre duas e marco errada, errei todas!

  • vou fazer a prova da agu com a convicção de que se passar é loteria

  • as vezes acho que nao nasci no Brasil, oh idioma viajoso meu Deus, sempre acerto mais questoes de ingles do que Portugues. prova de concurso não era para ter essas baboseiras.

  • Minha opinião (passiva de erro, claro):

    O texto num todo é NARRATIVO. Em várias ocasiões utiliza-se a 1ª pessoa. Conta uma história.

    A - uma breve descrição com o objetivo de gerar credibilidade e impressionar o leitor. Não demonstra a intenção de impressionar o leitor.

    B - a inserção de um tipo textual com características próprias, diferente do tipo predominante no texto de modo global. Acho que sim. Pois se trata de um argumento (o trecho). Logo, trecho dissertativo (opinativo) num texto narrativo.

    C- contra-argumento ao qual é feita a devida oposição posteriormente com o objetivo de sustentação da tese defendida. É um contra-argumento, mas não se faz oposição. Ocorre uma correção.

    D - um recurso argumentativo que, através de uma autoridade, confere maior credibilidade e informação acerca do assunto abordado. Não vi erro nesta. No entanto, na minha opinião, B e D estariam corretas.

    O fato de a letra D descrever que o trecho da especialista é argumentativo, ratifica minha suposição.