SóProvas


ID
207964
Banca
FCC
Órgão
TRF - 4ª REGIÃO
Ano
2010
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

A mulher pobre que chega ao caixa de um banco e não
consegue fazer entender sua situação - ela deve pagar uma
fatura de cartão de crédito que lhe foi enviado sem que pedisse,
e que jamais utilizou - é um exemplo corriqueiro do poder das
palavras e da fragilidade de quem não as domina. A mulher
acabará sendo despachada, sem resolver seu problema, pela
impaciência do bancário e de todos os que estão na fila. Duas
carências na mesma pessoa: a de recursos econômicos e a de
linguagem. Nem o conforto de um status prestigiado, nem a
desenvoltura argumentativa de um discurso.
Graciliano Ramos, no romance Vidas secas, tratou a
fundo dessa questão: suas personagens, desamparados retirantes
nordestinos, lutam contra as privações básicas: a de água, a
de comida... e a de linguagem. O narrador desse romance é um
escritor ultraconsciente de seu ofício: sabe que muito da nossa
identidade profunda e da nossa identificação social guarda uma
relação direta com o domínio que temos ou deixamos de ter das
palavras. Não há, para Graciliano, neutralidade em qualquer
discurso: um falante carrega consigo o prestígio ou a humilhação
do que é ou não é capaz de articular.
Nas escolas, o ensino da língua não pode deixar de
considerar essa intersecção entre linguagem e poder. O professor,
bem armado com sua refinada metalinguagem, pode,
evidentemente, reconhecer que há uma específica suficiência
na comunicação que os alunos já trazem consigo; mas terá ele
o direito de não prepará-los para um máximo de competência,
que inclui não apenas uma plena exploração funcional da
língua, mas também o acesso à sua mais alta representação,
que está na literatura?
(Juvenal Mesquita, inédito)

Está correta a indicação, entre parênteses, da função exercida pelo elemento sublinhado em:

Alternativas
Comentários
  • acho que a letra e) é Oração Aditiva

  • Colega Iran!

    Ouso discordar do teu comentário, acho que na letra B o termo sublinhado não se trata de aposto mas sim de um adjunto adverbial deslocado. Podemos constatar isso ao colocar a frase na ordem correta: "Graciliano Ramos tratou a fundo dessa questão no romance Vidas Secas".

    Se voltar a ver essa questão me diga o que tu acha dessa ideia!

    Bom estudo a todos!

     

  • Apenas complementando e juntando os comentários dos colegas Anna Elisa e Jayme Loureiro.

    A relação semântica de "no romance Vidas secas" é com o verbo "tratar".
    Tratou onde? Circunstância de lugar.

    A locução "mas também" tem carga semântica de adição (="e").

    Bons estudos!
    E "vamukevamu"!!!
    []s

  • Letra A: é um exemplo corriqueiro do poder das palavras (qualificativo de corriqueiro). ---> do poder qualifica o exemplo.
    A frase pode ser entendida removendo corriqueira: é um exemplo do poder das palavras.

    Letra B:  Graciliano Ramos, no romance Vidas secas, tratou a fundo dessa questão (aposto de Graciliano Ramos). ---> não é aposto, tendo em vista que se refere a uma expressão adverbial deslocada. Para ser aposto precisa retomar termo dito anteriormente.
    A frase na ordem direta fica: Graciliano Ramos tratou a fundo dessa questão no romance Vidas Secas.

    Letra C: O narrador desse romance é um escritor ultraconsciente de seu ofício (complemento de ultraconsciente). ---> o termo de seu ofício é complemento nominal de ultraconsciente

    Letra D: um falante carrega consigo o prestígio ou a humilhação (sujeito composto). ---> não há sujeito composto. O sujeito é um falante

    Letra E: mas também o acesso à sua mais alta representação (locução concessiva, equivalente a ainda assim).  ----> expressa ideia de adição e não de expressão conjuntiva adversativa.
  • Colega Diogo, primeiro que a alternativa B não é aposto, e sim adjunto adverbial deslocado... E mesmo se fosse uma oração subordinada adjetiva apositiva restritiva, esta não poderia ter a presença da pontação, já que uma das características dessa forma de aposto é ausência da pontuação, ligando-se diretamente ao termo antecedente.

    inté!
  • gostaria de acrescentar com relacao a letra C, que quando o termo em questao for antecedido por adjetivo ou adverbio nao ha' que se pensar, pode marcar complemento nominal, correr para o abraco e partir para a proxima questao.
    Existe uma tabelinha para isso:
    Complemento nominal:
    Termo preposicionado antecedido de adverbio ou adjetivo 100% de certeza. caso seja substantivo abstrato e' necessaria uma analise mais detalhada para definir se complemento nominal ou adjunto adnominal, no que, se sofre a acao sera' complemento nominal
    Adjunto adnominal:
    Termo preposicionado anteceido de substantivo concreto ou exprimir sentido de posse 100% de certeza. caso seja substantivo abstrato e' necessaria uma analise mais detalhada para definir se complemento nominal ou adjunto adnominal, no que, se pratica a acao sera' adjunto adnominal.
    No caso em questao:
    c) O narrador desse romance é um escritor ultraconsciente de seu ofício (complemento de ultraconsciente)
    de seu oficio => termo preposicionado
    ultraconscinte => adjetivo
    termo preposicionado antecedido por adjetivo. Nao ha' o que pensar. Letra C, correr para o abraco e passa para proxima questao.
    Ja fui! rs
  • ótima questão!


    teríamos dúvidas nas letras "b" e "c".

    A letra "b" vem com a frase: Graciliano Ramos, no romance Vidas secas, tratou a fundo dessa questão (aposto de Graciliano Ramos).
    À primeira vista, poderia ter "cara" de aposto. Mas a presença de "no" denota ideia de lugar, posicionamento, sendo uma locução adverbial de lugar deslocada, por isso o uso das duas vírgulas em questão (adjunto adverbial de grande extensão a vírgula é obrigatória, sendo facultativa apenas os adjuntos adv de pequena extensão. Vide o autor José Almir Fontella Dornelles em A Gramática do Concursando)
    Como poderia o trecho ser aposto: Graciliano Ramos, autor do romance Vidas Secas, ...
    Como poderia o trecho ter outro exemplo de locução adverbial deslocada? Graciliano Ramos, em Vidas Secas,...

    A letra "c": 
    O narrador desse romance é um escritor ultraconsciente de seu ofício (complemento de ultraconsciente).
    Ora, caros, ultraconsciente é adjetivo. Há uma das regras para complemento nominal que diz: diante de ADJETIVO e ADVÉRBIO somente cabe COMPLEMENTO NOMINAL. Portanto, a assertiva "c" está ok!

    "Fé em Deus"