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ID
2091427
Banca
AOCP
Órgão
Prefeitura de Juiz de Fora - MG
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

O difícil, mas possível, diálogo entre a arte e a ciência

                                                                                                                                         Daniel Martins de Barros

Estabelecer pontes entre a ciência e a arte não é tarefa fácil. Se a revolução científica, com sua valorização da metodologia experimental e sua necessidade de rigor, trouxe avanços inegáveis para a humanidade, por outro lado também tornou o trabalho científico distante do homem comum. Com isso, distanciou-o também da arte, que talhada para captar a essência humana, o faz de maneira basicamente intuitiva. Tentativas de reaproximação até existem, mas a inconstância e variabilidade no seu sucesso atestam a dificuldade da empreitada. Um dos diálogos mais interessantes entre ciência e arte se deu nas primeiras décadas do século 20, na relação entre o surrealismo e a psicanálise.

Os sonhos eram considerados proféticos e reveladores, até que, em 1899, Sigmund Freud apresentou uma das primeiras tentativas de interpretá-los cientificamente no livro A Interpretação dos Sonhos.Simplificando bastante, sonhos seriam um momento em que conteúdos inconscientes surgiriam para nós, ainda que disfarçados, e caberia à psicanálise desmascarar seu real significado.

O movimento artístico do surrealismo imediatamente se apropriou dessas teorias. Os surrealistas já nutriam um interesse especial pelo inconsciente, tentando retratar esses conteúdos em suas obras, mas após a tradução do livro de Freud para o espanhol, o pintor catalão Salvador Dalí tornou-se um dos maiores entusiastas da obra freudiana. Segundo ele mesmo, o objetivo de sua pintura era materializar as imagens de sua “irracionalidade concreta”.

Desde que se tornou fã declarado do médico austríaco, Dalí tentou se encontrar com ele. Tanto insistiu que conseguiu, quando Freud já estava idoso e bastante doente. A reunião não foi das mais frutíferas, já que os dois eram incapazes de conversar: Dalí não falava alemão nem inglês, e Freud, além do câncer de mandíbula, não estava ouvindo bem. A interação ficou limitada: Freud analisou um quadro recente de Dalí, enquanto esse passava o tempo desenhando o psicanalista e o observava a conversar com o amigo e escritor Stephan Zweig.

O resultado tímido do encontro poderia bem ser emblemático da complicada engenharia que é construir pontes entre tão distantes universos. As conversas nem sempre são frutíferas, as trocas muitas vezes são frustrantes. Mas a retomada desse episódio na peça Histeria, do dramaturgo Terry Johnson, mostra que não desistimos, e que  novas maneiras podem ser tentadas. Usando a liberdade que só se encontra na arte, Johnson expande o diálogo que não aconteceu, mostrando – ainda que numa realidade alternativa e em chave cômica – que os caminhos que ligam arte e ciência podem ser acidentados, mas não deixam de ser possíveis. Embora a psicanálise não seja mais considerada científica pelos critérios atuais e o surrealismo já não exista como movimento organizado, o encontro dessas duas formas de saber, no alvorecer do século 20, persiste como emblema de um diálogo que, mesmo que cheio de ruídos, não pode ser abandonado.


Adaptado de: http://m.cultura.estadao.com.br/noticias/teatro-e-danca,analise-o-dificil--mas-possivel--dialogo-entre-a-arte-e-a-ciencia,10000048930 Acesso em 17 de maio de 2016.

Assinale a alternativa em que o “que” destacado possui a mesma função exercida pelo “que” presente em: “[...] distanciou-o também da arte, que talhada para captar a essência humana, o faz de maneira basicamente intuitiva.”.

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: E

     

    Trata-se da palavra "que" exercendo a função de pronome relativo.

  • a) INCORRETO - não dá para substituir por O QUAL, A QUAL...

     b) INCORRETO. “Tanto insistiu que conseguiu [...]”. Conj. Suborinativa Adverbial Consecutiva. 

     c) INCORRETO  “A reunião não foi das mais frutíferas, já que os dois eram incapazes de conversar [...]”. CONJUNÇÃO SUBORDINADAD DE CAUSA

     d) INCORRETO “[...] a retomada desse episódio na peça Histeria, do dramaturgo Terry Johnson, mostra que não desistimos [...]”. mostra ISSO. CONJUNÇÃO INTEGRANDE

     e) “[...] Johnson expande o diálogo que não aconteceu [...]”. PRONOME RELATVO. GABARITO.

     

    devidamente corrigido, Marcia e Leandro :=)

  • Oi, Eliel Madeiro, só corrigindo o que vocÊ classificou na letra B. A letra B não é conjunção integrante. Ela é Conj. Suborinativa Adverbial Consecutiva.

     

     

  • Fiz apenas a ponte, Eliel, valeu!!

  • Qual seria a função do "que" na letra A?

    Grata!

  • A)            ATÉ QUE =   LOCUÇÃO ADJETIVA TEMPORAL.

    B)             TANTO   ....QUE =    CONSECUTIVA

    C)             JÁ QUE =      CAUSAL

    D)               MOSTRA ISSO/QUE  =   CONJUNÇÃO INTEGRANTE

    E)                PRONOME QUE =   O QUAL/ A QUAL/  AO QUAL/OS QUAIS/ AS QUAIS

  • complementando o excelente comentário de Léo, o "que" da alternativa certa é pronome relativo.

  • e)

    “[...] Johnson expande o diálogo que não aconteceu [...]”.

  • QUE = DO QUAL

    LOGO, PRONOME RELATIVO.

     

  • Leidson, ate parece que quando o cara responde nao aparece a resposta certa....

    comenta algo util e para com isso

  • João Costa. Acho que se esqueceu do detalhe dos não assinantes. Estes não tem acesso a mais de 10 respostas, logo o comentário do colega acima é salutar.

    Com humildade você chega lá. Se não for para ajudar não critique.

    #PMTO2018

  • Diante de uma questão vc deve ter várias técnicas para acertar a questão e posso dizer que normalmente o pronome relativo é antecedido por um substantivo. Assim a questão mostrou muito bem essa regra!
  • gente, função é diferente de classe

    acho q é sujeito

  • A função sintática de ambos é de sujeito.

  •  

    errei marquei letra b 06/06/2018 

    QUE = DO QUAL

    LOGO, PRONOME RELATIVO. basta trocar se for pronome relativo esta que nem no enuciado ....

  • Questão tranquila, entretanto, tem que ter um pouco de paciência.rsrs


    Força é honra!

  • SUBSTANTIVO + QUE= PRONOME RELATIVO

    VERBO + QUE= CONJUNÇÃO

    GABARITO C

  • Para quem não tem assinatura, GABARITO E

  • COMENTÁRIOS

    O "que" do enunciado é um pronome relativo, pois pode ser substituído por "a qual" e faz referência à "arte".

    A) “Os sonhos eram considerados proféticos e reveladores, até que, em 1899, Sigmund Freud apresentou uma das primeiras tentativas de interpretá-los cientificamente [...]”. (ERRADA - esse que = isso - conjunção integrante)

    B) “Tanto insistiu que conseguiu [...]”. (ERRADA - conjunção consecutiva - expressão ideia de consequencia e geralmente acompanha as expressões "tanto que", "tão que", "tamanho que", etc)

    C) “A reunião não foi das mais frutíferas, já que os dois eram incapazes de conversar [...]”. (ERRADA - conjunção causal - pode ser substituído por "já que" - nesse caso nem precisa, pois já vem expresso - ou por "pelo fato de")

    D) “[...] a retomada desse episódio na peça Histeria, do dramaturgo Terry Johnson, mostra que não desistimos [...]”. (ERRADA - que = isso - conjunção integrante)

    E) “[...] Johnson expande o diálogo que não aconteceu [...]”. (CERTA - que = o qual - pronome relativo)

  • e-

    que conuncao integrante - introduz oração subordinada

    que pronome relativo - o termo “que” substitui o substantivo

  • pronome relativo.

    BIZU= substitua pelo "O QUAL "(a)

  • "Que" pronome relativo

    Gabarito: E