SóProvas


ID
2094691
Banca
IBFC
Órgão
SES-PR
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto I

Aquilo por que vivi

     Três paixões, simples, mas irresistivelmente fortes, governaram-me a vida: o anseio de amor, a busca do conhecimento e a dolorosa piedade pelo sofrimento da humanidade. Tais paixões, como grandes vendavais, impeliram-me para aqui e acolá, em curso instável, por sobre profundo oceano de angústia, chegando às raias do desespero.

    Busquei, primeiro, o amor, porque ele produz êxtase - um êxtase tão grande que, não raro, eu sacrificava todo o resto da minha vida por umas poucas horas dessa alegria. Ambicionava-o, ainda, porque o amor nos liberta da solidão - essa solidão terrível através da qual a nossa trêmula percepção observa, além dos limites do mundo, esse abismo frio e exânime. Busquei-o, finalmente, porque vi na união do amor, numa miniatura mística, algo que prefigurava a visão que os santos e os poetas imaginavam. Eis o que busquei e, embora isso possa parecer demasiado bom para vida humana, foi isso que - afinal - encontrei.

    Com paixão igual, busquei o conhecimento. Eu queria compreender o coração dos homens. Gostaria de saber por que cintilam as estrelas. E procurei apreender a força pitagórica pela qual o número permanece acima do fluxo dos acontecimentos. Um pouco disto, mas não muito, eu o consegui.

    Amor e conhecimento, até o ponto em que são possíveis, conduzem para o alto, rumo ao céu. Mas a piedade sempre me trazia de volta à terra. Ecos de gritos de dor ecoavam em meu coração. Crianças famintas, vítimas torturadas por opressores, velhos desvalidos a constituir um fardo para seus filhos, e todo o mundo de solidão, pobreza e sofrimentos, convertem numa irrisão o que deveria de ser a vida humana. Anseio por aliviar o mal, mas não posso, e também sofro.

    Eis o que tem sido a minha vida. Tenho-a considerado digna de ser vivida e, de bom grado, tornaria a vivê-la, se me fosse dada tal oportunidade.

(Bertrand Russel. Autobiografia. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1967.)

O texto é marcado por subjetividade e as figuras de estilo reforçam esse teor subjetivo. Assinale a passagem transcrita abaixo que NÃO revela um exemplo de linguagem figurada.

Alternativas
Comentários
  • Gabarito letra D usei o seguinte pensamento:

     a) “Três paixões, simples, mas irresistivelmente fortes, governaram-me a vida:” (1°§) (paixão forte, entendi forte no sentido de força mesmo - logo sentido figurado)

     b) “Tais paixões, como grandes vendavais, impeliram-me para aqui e acolá” (1°§) ( paixões grande como vendavais - sentido figurado)

     c) “além dos limites do mundo, esse abismo frio e exânime.” (2°§) (mundo não tem limite, logo sentido figurado)

     d) “Gostaria de saber por que cintilam as estrelas.” (3°§) (Única que não possuí o sentido figurado).

  • Gabarito D

     

    a) Errada. Bom, desde que sei, paixão não é presidente para governar nada nem ninguém, logo, sentido figurado

     

    b) Errada. Aqui há o sentido figurado chamado comparação  ou símile. 

     

    c) Errada.  A figura de linguagem está configurada pela palavra exânime, que signfica "morto". Nunca vi abismo morrer (rsrs). Mas essa era fácil até pelo contexto.

     

    d) Gabarito. Realmente, aqui não há figura de linguagem e a palavra que poderia fazer errar (cintilar) no proprio contexto dá para ter uma ideia de que se trata do brilho da estrelas. 

  • Cintilar é brilhar com reflexos. Sentido denotativo. Portanto, não há figura de linguagem. 

  • Para quem errou assim como eu, vai o significado do  verbo- cintilar

    1.-intransitivo

     Significado - luzir com variações rápidas de brilho e de cor.

    exemplo = "as estrelas cintilam"

    2. intransitivo

     significado -brilhar intermitentemente como as estrelas.

    Exemplo ="o diamante cintila"

    "Não te digas filósofo nunca, nem fales em máximas na presença de ignorantes, mas age de acordo com essas máximas. Assim, num banquete, não ensines como é preciso comer, mas come de maneira conveniente."  Epicteto