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ID
2094694
Banca
IBFC
Órgão
SES-PR
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto I

Aquilo por que vivi

     Três paixões, simples, mas irresistivelmente fortes, governaram-me a vida: o anseio de amor, a busca do conhecimento e a dolorosa piedade pelo sofrimento da humanidade. Tais paixões, como grandes vendavais, impeliram-me para aqui e acolá, em curso instável, por sobre profundo oceano de angústia, chegando às raias do desespero.

    Busquei, primeiro, o amor, porque ele produz êxtase - um êxtase tão grande que, não raro, eu sacrificava todo o resto da minha vida por umas poucas horas dessa alegria. Ambicionava-o, ainda, porque o amor nos liberta da solidão - essa solidão terrível através da qual a nossa trêmula percepção observa, além dos limites do mundo, esse abismo frio e exânime. Busquei-o, finalmente, porque vi na união do amor, numa miniatura mística, algo que prefigurava a visão que os santos e os poetas imaginavam. Eis o que busquei e, embora isso possa parecer demasiado bom para vida humana, foi isso que - afinal - encontrei.

    Com paixão igual, busquei o conhecimento. Eu queria compreender o coração dos homens. Gostaria de saber por que cintilam as estrelas. E procurei apreender a força pitagórica pela qual o número permanece acima do fluxo dos acontecimentos. Um pouco disto, mas não muito, eu o consegui.

    Amor e conhecimento, até o ponto em que são possíveis, conduzem para o alto, rumo ao céu. Mas a piedade sempre me trazia de volta à terra. Ecos de gritos de dor ecoavam em meu coração. Crianças famintas, vítimas torturadas por opressores, velhos desvalidos a constituir um fardo para seus filhos, e todo o mundo de solidão, pobreza e sofrimentos, convertem numa irrisão o que deveria de ser a vida humana. Anseio por aliviar o mal, mas não posso, e também sofro.

    Eis o que tem sido a minha vida. Tenho-a considerado digna de ser vivida e, de bom grado, tornaria a vivê-la, se me fosse dada tal oportunidade.

(Bertrand Russel. Autobiografia. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1967.)

No início do texto, o autor faz um emprego formal e incomum da linguagem na passagem “governaram-me a vida:” (1°§). Considerando-se o contexto, a construção em questão equivaleria, semanticamente, à seguinte reescritura:

Alternativas
Comentários
  • (Gabarito B) - Pronomes Oblíquos Átonos
    1a pessoa: me (singular), nos (plural).
    2a pessoa: te (singular), vos (plural).
    3a pessoa: se (singular ou plural), lhe, lhes, o, a, os, as.
    Os pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos podem exercer função de sujeito (raramente), objeto direto (normalmente), objeto indireto (normalmente), complemento nominal (raramente) e adjunto adnominal (raramente). Já lhe(s) pode exercer função de objeto indireto (normalmente), sujeito (raramente), complemento nominal (raramente) e adjunto adnominal (raramente). Por sua vez, os pronomes átonos o, a, os, as só exercem função de objeto direto (normalmente) ou sujeito (raramente).
     

    Pestana (2012)

  • Três paixões irresistivelmente fortes que, apesar de simples, governaram a minha vida: o anseio do amor, a busca do conhecimento e a dolorosa piedade pelo sofrimento da humanidade.

  • Enunciado: Três paixões...governaram-me a vida.

    três paixões = sujeito

    governaram = VTD (no caso)

    resposta: letra b: governaram a minha vida   (a minha vida: objeto direto)