SóProvas


ID
2097667
Banca
FUMARC
Órgão
Câmara de Lagoa da Prata - MG
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

DOIS COLUNISTAS E A NORMA CULTA
Sírio Possenti
Publicado em 17 de março de 2016 

Não me lembro de ter ouvido ou lido alguma coisa de Tostão sobre língua, gramática. Esses troços de que os que não são do ramo falam tanto. Mas, salvo engano, andou emitindo juízo bem precário sobre a expressão “correr atrás do prejuízo”, que considerou errada (“ninguém corre atrás do prejuízo” sentenciou, se bem que, como psicanalista, deve ter visto muito disso por aí) e que Cipro Neto comemorou (achei no Google). 
Está lá: “No último domingo, Tostão fez deliciosa “análise crítica de clichês do futebol”. Um deles (“Vamos correr atrás do prejuízo”) recebeu a seguinte observação: “Se o time está perdendo, tem de correr atrás do lucro”. Já vi muita gente boa defender a legitimidade dessa construção (“correr atrás do prejuízo”), com o argumento de que o uso lhe dá razão. O estranho é que ninguém diz que corre atrás do fracasso, do insucesso, da tristeza. O que se diz é que o time corre atrás da medalha, da vitória, da classificação. Por que diabos, então, correr atrás do prejuízo?”.
Idiomatismos, Pasquale! Os idiomatismos e expressões feitas não têm sentido literal. São como os provérbios ou outras expressões do tipo “enfiar o pé na jaca” ou a “a vaca vai pro brejo”. E “risco de vida”, que muita gente corrigiu para “de morte”, sob empurrões da Globo. 
Tostão quis corrigir a cultura. Comentou outras expressões (como “marcar sob pressão”), que podem cansar, mas não veiculam doutrinas erradas. Aliás, por que todos deveriam correr atrás do lucro? Nem Tostão faz isso, que se saiba. Tais expressões exigem boa interpretação: corre-se atrás do prejuízo não para ficar com ele, para aumentá-lo, mas para acabar com ele, para caçá-lo, para anulá-lo.
Mas, em outro domínio, Tostão fornece bons dados para os analistas. No dia 13/03/2016, escreveu: “O amigo e médico Ciro Filogeno sugere, o que concordo…” e, logo depois, “… que nos empates por 0 a 0 os dois times não deveriam ganhar pontos, o que discordo…”. 
Um professor meio cego e pouco lido diria que Tostão errou. O argumento é sempre o mesmo: se é “concordo com”, então é “com o que (ou “com quem”) concordo”; e se é “discordo de”, então é “de que discordo”. Mas isso não é verdade. Tostão apenas escreveu segundo outra regra (uma hora dessas vou ficar de caderninho na mão e anotar todos os casos de novas adjetivas que ouço em rádio e TV, já que ninguém mais usa as antigas, especialmente com “cujo”). 
As frases de Tostão atestam uma tendência poderosa do português, que é a de fazer orações adjetivas sem a preposição (tem sido chamada de cortadora): num dos casos aqui mencionados saiu “com”, no outro, saiu “de”. 
Tostão é obviamente uma pessoa culta, representante no português culto falado e escrito no Brasil, que, entre outras instituições, a escola deveria encampar. (Isso não significa que não se pode ou não se deve empregar a forma tradicional, ou mesmo que ela não seja ensinada. Sem emprego pode ser um bom índice de escrita mais consciente, ou monitorada, o que é bom. É bom, mas não é a única alternativa correta). 
Já Ferreira Gullar, ferrenho defensor da gramática (mas eu duvido que a estude!) que a professorinha lhe ensinou (devia ser bem fraquinha), como repetidamente insiste em dizer, escreveu no mesmo dia em sua coluna “que preferem abrir o jogo do que pagar a culpa…” (está avaliando as delações premiadas como o faria um taxista ouvinte da CBN). 
Não quero dizer que a escrita de Ferreira Gullar tem problemas (pelo contrário: este é seu lado bom), como provavelmente diriam os que repetem “se é concordo com, então é com o que concordo”. Quando eu estava no então quinto ano, antes do então ginásio, já estudava uma lista de palavras que incluíam “preferir a” em vez de “preferir (mais) do que”. Pois a construção dita “errada” está cada vez mais viva e é cada vez mais empregada por pessoas cultas (vou tentar ouvir o Merval Pereira, por mais difícil que isso seja). Portanto, é cada vez mais “normal”. 
As relativas de Tostão (que são de todos, aliás) e a regência de Ferreira Gullar não deveriam mais implicar perda de pontos nas redações, nem serem objeto de provas “objetivas”.
PS 1 – a famosa coluna de Tostão que Pasquale comentou está em http://www1.folha.uol.com.br/fsp/esporte/fk0201200009.htm. Tostão questiona, de fato, uma lista grande de clichês. Vejam o segundo da lista: “Empatar fora de casa é bom.” Em um campeonato que a vitória vale três pontos, empatar é sempre ruim. Repararam em “Em um campeonato que a vitória…”? Também aqui “falta” uma preposição. É sempre a mesma regra! Claro que ninguém critica a gramática de Tostão (nem o fez Pasquale, que vivia disso). Um indício de que (“que”, diria o colunista) pertence à “elite intelectual”, cuja gramática é, portanto, culta. Ele diria “cuja”? Duvido.
PS 2 – Da tira Júlio & Gina de segunda, dia 14/03 (Folha de S. Paulo): – Você não odiava TV? – Achei uma coisa que eu gosto. Lá se foi mais uma preposição numa relativa. Minha aposta é que ninguém percebe.
Ref.: https://blogdosirioblog.wordpress.com/page/2/ [adaptado]

“As frases de Tostão atestam uma tendência poderosa do português, que é a de fazer orações adjetivas sem a preposição (tem sido chamada de cortadora): num dos casos aqui mencionados saiu ‘com’, no outro, saiu ‘de’”. É exemplo desse tipo de oração:

Alternativas
Comentários
  • Que prova difícil essa heim...

     

    GABARITO A

     

    a) Gabarito. Faltou o "de"  após a palavra "livros". Quem gosta, gosta DE alguma coisa, Logo -> Estou com o livro de que você gosta muito.

     

    b) Errada. O detalhe dessa alternativa é você perceber que o "que" não é um pronome relativo, mas sim uma conjunção integrante. Eu dividava disso.  Disso o que? Que houvesse engano. 

     

    c) Errada. A frase escrita está perfeita, não houve supressão da preposição "com"

     

    d) Errada. Mais uma vez, o "que" é um pronome relativo, então não se faz necessário preposição. 

  • Eu interpretei errado essa questão. Eu achei que o examinador queria a resposta que dava uma oração subordinada adjetiva, e não a que dava uma oração adjetiva da forma errada (sem preposição).

  • Acho que a B também está correta.

    Duvidava de que? Disso (de +isso) 

    Então tbm teria que ter preposição!

  • Essa quase marquei B, mas eu sabia que quem gosta...gosta de...então fui na A. 

  • GABARITO: letra A

     

    A questão pede uma oração adjetiva sem preposição. As letras B e D podem ser "cortadas" de imediato, pois uma oração subordinada adjetiva estará sempre associada a um substantivo.

    • Letra B: sua preposição foi incorretamente removida. Temos uma oração subordinada substantiva objetiva indireta (eu duvidava DE algo).

    • Letra D: temos aqui uma oração subordinada substantiva objetiva direta (o mundo espera algo).

    • Obs: o "que" nas letras B e D é uma conjunção subordinativa integrante.

     

    Resta então analisarmos as alternativas A e C (as orações subordinadas estão relacionadas, respectivamente, com os substantivos "livros" e "candidato"):

    • Letra C: o período foi construído perfeitamente. (Simpatizo COM alguém)

    • Letra A: nosso gabarito. Faltou a preposição "de" antes do pronome relativo "que" (quem gosta, gosta DE algo/alguém). "De que" também poderia ser substituído por "dos quais" (de + os quais). Este tipo de oração sem preposição aparece no uso coloquial da língua, tendência mencionada pelo autor do texto.

  • Dilmas pereira seu comentário foi bom, mas acho que vc se equivocou na "D", não é pronome relativo é conjunção integrante:

     

    O mundo espera que todos lutem contra a miséria. 

    O mundo espera ISSO.. 

  • acertei a questão, mas o enunciado dessa assertiva esta esquisito pra crlho. aliás, acho que essa é a nova tendência dessas bancas. enunciados incomuns.

  • Que enunciado, hein?

  • FUMARC FUMOU quantos cigarros pra fazer esse enunciado? Eu heim...

  • Fiquei 10 minutos pensando na questão depois desisti rsrs

  • Só fui entender com os comentários dos colegas!

  • Moreno, estou com você!

    - Só acertei a questão por que usei Regência.

  • Questão comentada em http://tudomastigadinho.com.br/3q-oracoes-subordinadas-adjetivas

  • A questão, galera, quer saber saber se você sabe reconhecer onde está faltando a preposição da regência do verbo da oração subordinada adjetiva restritiva.

    Estou com os livros que você mais gosta.  ->>> Retirando a subordinação e criando uma oração absoluta ->>> Você mais gosta os livros 

    Ficou estranho né? Pois é, antes do pronome relativo que introduz a oração subordina adjetiva deve haver uma preposição, pois lembresse que o pronome relativo substitui o substantivo "os livros" e na outra oração ficaria coeso dessa forma:

    Você mais gosta dos(de) livros

    Quem gosta, gosta DE alguma coisa

    Dica: Sempre façam a conversão da oração subordinada para uma oração absoluta e troquem o pronome relativo (que) pelo substantivo, e joguem a oração principal fora por alguns instantes para que vocês saibam se a regência está de acordo.

    Forte abraço!

     

  • Questão doida....muito mal formulada.

  • Não entendi bulhufas! Esse tipo de questão quer te convencer que você nunca está preparado. Misericórdia!
  • O que ele quer dizer com isso??  Esse tipo de questão não mede conhecimento de ninguém..

  • ... os livros  que você mais gosta.

    ... os livros DE que você mais gosta. Norma culta!!!

  • Pq a B esta errada? Quem duvida, duvida DE alguma coisa...

  • QUESTÃO MEDIOCRE!

  • A regência da letra B também está incorreta. Questão mal elaborada.

  • A regencia da letra B também está incorreta, porém na questao ele pede um oracao ADJETIVA, sendo que a da letra B é SUBSTANTIVA

  • Questão mal formulada, mas dá pra resolver. Exige do candidato um bom conhecimento de período composto e regência. Para quem não entendeu, vide comentário do Renan Marques.  

  • Errei por não entender esse maldito enunciado 

  • As únicas questões que tem orações adjetivas é a  A e a C, por aí já elimina as outras, porém a A está com problema na regência.

  • É aquele tipo de questão que o candidato leva mais tempo para entender o que elaborador pede do que chegar na própria resposta. Depois de quase levar todo o tempo de prova tentando entender o enunciado (risos), concluímos que a banca quer que assinalemos a questão que possui uma ORAÇÃO SUBORDINADA ADJETIVA SEM PREPOSIÇÃO. Tentaremos substituir a oração subordinada por ISTO. Se for possível, a gente descarta pois se trata de oração substantiva e não adjetiva. Vamos lá!

     

    a) Estou com os livros que você mais gosta. (Estou com os livros isto?! Opa! Não rolou... É qualquer livro ou o que VOCÊ MAIS GOSTA? É o que VC mais gosta, logo, é ADJETIVA. Tem alguma preposição na oração subordinada "QUE VOCÊ MAIS GOSTA"? Tem não! Quem gosta, gosta DE ALGUÉM ou DE ALGUMA COISA... Tu gosta ela ou tu gosta DELA (de+ela)? Tá vendo??? Então, sem a preposição e sendo oração Sub Adjetiva, esta é a nossa resposta.)

     

    b) Eu duvidava que houvesse engano. (Eu duvidava que houvesse isto - Oração Sub. Substantiva. Tchau para esta alternativa)

     

    c) O candidato com o qual simpatizo é grande amigo meu. (O canditato isto? Opa! Não rolou. É qualquer candidato ou com o qual eu simpatizo? Então é Adjetiva. Vamos procurar  a preposição ? "COM O QUAL"... Opa! Tem! Pois quem simpatiza, simpatiza COM ALGUÉM ou COM ALGUMA COISA. Então alternativa gramaticalmente perfeita!  Tem preposição não é nosso gabarito, pois queremos a que não contém a preposição).

     

    d) O mundo espera que todos lutem contra a miséria.  (O mundo espera isto - oração subordinada substantiva. Joga esta alternativa fora...)

     

    GABARITO: A

  • A questão pede uma Oração Subordinada Adjetiva que, no caso, apesar da obrigatoriedade no uso de preposição devido a regência, adotou-se um emprego sem preposição.

    1º passo é verificar quais alternativas possuem Orações Subordinadas Adjetivas.

    Para isso você deve analisar se há presença de pronome relativo nas alternativas (substituir “que” por “o qual/a qual/…“:

    a) “que” Pronome Relativo = Or. Sub. Adj. b) “que” Conjunção integrante = Or. Sub. Subst. c) “o qual” Pronome Relativo = Or. Sub. Adj. d) “que” Conjunção integrante = Or. Sub. Subst.

     

    2º passo é verificar, das Oração Subordinadas Adjetivas encontradas, quais suprimiram a preposição exigida pela regência:

    a) Estou com os livros que você mais gosta

    Estou com os livros Os livros você mais gosta | Na ordem correta temos: você mais gosta dos livros Observe que a alternativa suprimiu a preposição “de” exigida como complemento do verbo gostar (quem gosta, gosta de livros). Isto caracteriza o uso coloquial da língua, conforme mencionado na questão.

     

    c) O candidato com o qual simpatizo é grande amigo meu

    O candidato é grande amigo meu Com o candidato simpatizo | Na ordem correta temos: simpatizo com o candidato Desta vez houve o correto emprego da preposição na frase. Gabarito: letra a)


    Questão comentada em http://tudomastigadinho.com.br/3q-oracoes-subordinadas-adjetivas


  • Enunciado HORROROSO! Entretanto, a resposta estava no texto.

    Na penúltima linha o autor dá "um outro exemplo" do que ele está falando: Achei uma coisa que eu gosto

    Isso é devido à regência do verbo gostar ==> de (preposição)

    Então deveria ser ==> Achei uma gosta DE que gosto

    Aí a letra A coloca exatamente o mesmo verbo faltando a preposição.

  • Na letra A, observe a oração adjetiva "que você mais gosta". Nela temos o verbo "gostar", que requer preposição "de" para se ligar ao antecedente "livros".

    A correção seria: "Estou com os livros de que você mais gosta".

    Temos, portanto, um exemplo de oração adjetiva sem a preposição.

    Resposta: Letra A

  • questão mal feita, já não basta saber bem sobre as orações coordenadas e subordinadas, agora temos que entender péssimos enunciados elaborados pela banca.

  • entendi p o r r a nenhuma

  • A Banca que a oração cuja preposição foi suprimida. Na letra A isso ocorre; a preposição "de" foi suprimida. Lembrando que conjunção integrante não é preposição.