O Serviço Social no Brasil, embora regulamentado como uma profissão liberal, não tem uma tradição de prática peculiar às profissões liberais na acepção corrente do termo. O Assistente Social não tem sido um profissional autônomo, que exerça independentemente suas atividades, dispondo das condições materiais e técnicas para o exercício de seu trabalho e do completo controle sobre o mesmo, seja no que se refere à maneira de exercê-lo, ao estabelecimento da jornada de trabalho, ao nível de remuneração e, ainda, ao estabelecimento do "público ou clientela a ser atingida". No entanto, se esta não vem sendo, historicamente, uma característica básica da profissão, ela não exclui, integralmente, certos traços que marcam uma prática "liberal" entre os quais se poderia arrolar: a reivindicação de uma deontologia (Código de Ética), o caráter não rotineiro da intervenção, viabilizando aos agentes especializados uma certa margem de manobra e de liberdade no exercício de suas funções institucionais.
a) Como o trabalho do assistente social se insere numa relação de compra e venda de mercadorias em que sua força de trabalho é assalariada, a sua prática profissional não exclui os traços básicos de uma profissão “liberal”. Correta.
"A profissão se consolida, então, como parte integrante do aparato estatal e de empresas privadas, e o profissional, como um assalariado a serviço das mesmas."
"O Serviço Social, embora regulamentado como profissão liberal, não tem uma tradição de prática peculiar às profissões liberais na acepção corrente do termo. [...]. No entanto, ela não exclui, integralmente, certos traços que marcam uma prática liberal."
b) O serviço social se gesta e se desenvolve como profissão reconhecida na divisão social do trabalho, por meio da institucionalização da ajuda e da filantropia, no contexto de constituição e expansão do proletariado e da burguesia industrial. Errada.
Essa reflexão com base na institucionalização da ajuda e da filantropia faz parte da perspectiva endógena ou conservadora da origem da profissão. No entanto, a autora é defensora da perspectiva histórico-crítica que trata o modo de produção capitalista como princípio da profissão.
"O serviço social se gesta e se desenvolve como profissão reconhecida na divisão social do trabalho, tendo como pano de fundo o desenvolvimento capitalista industrial e a expansão urbana, processos esses aqui apreendidos sob o ângulo das novas classes sociais emergentes - a constituição e expansão do proletariado e da burguesia industrial [...]."
c) Dentre as organizações institucionais que midiatizam o exercício profissional, cabe às organizações não governamentais uma posição de destaque por ser, tradicionalmente, um dos maiores empregadores de assistentes sociais no Brasil. Errada.
"Dentre as organizações institucionais que mediatizam o exercício profissional, cabe ao Estado uma posição de destaque, por ser, tradicionalmente, um dos maiores empregadores de assistentes sociais no Brasil."
d) A atuação do assistente social é necessariamente polarizada pelos interesses da classe burguesa e da classe trabalhadora, tendendo a ser cooptada pela classe que busca acessar os seus direitos sociais via políticas sociais para a satisfação de suas necessidades básicas.
"A atuação do assistente social é necessariamente polarizada pelos interesses das classes sociais, tendendo a ser cooptada por aqueles que têm uma posição dominante. Pela mesma atividade, responde tanto a demandas do capital como do trabalho, reproduzndo interesses contrapostos que convivem em tensão."
IAMAMOTO, M.V. e CARVALHO, R. Relações Sociais e Serviço Social no Brasil. São Paulo: Celats/Cortez, 1998.