SóProvas


ID
2176951
Banca
IBADE
Órgão
Prefeitura de Rio Branco - AC
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Diploma não é solução
    Vou confessar um pecado: às vezes, faço maldades. Mas não faço por mal. Faço o que faziam os mestres zen com seus “koans”. “Koans” eram rasteiras que os mestres passavam no pensamento dos discípulos. Eles sabiam que só se aprende o novo quando as certezas velhas caem. E acontece que eu gosto de passar rasteiras em certezas de
jovens e de velhos...
    Pois o que eu faço é o seguinte. Lá estão os jovens nos semáforos, de cabeças raspadas e caras pintadas, na maior alegria, celebrando o fato de haverem passado no vestibular. Estão pedindo dinheiro para a festa! Eu paro o carro, abro a janela e na maior seriedade digo: “Não vou dar dinheiro. Mas
vou dar um conselho. Sou professor emérito da Unicamp. O conselho é este: salvem-se enquanto é tempo!”.Aí o sinal fica verde e eu continuo.
    “Mas que desmancha-prazeres você é!”,
vocês me dirão. É verdade. Desmancha-prazeres.
Prazeres inocentes baseados no engano. Porque
aquela alegria toda se deve precisamente a isto: eles
estão enganados.
    Estão alegres porque acreditam que a universidade é a chave do mundo. Acabaram de chegar ao último patamar. As celebrações têm o mesmo sentido que os eventos iniciáticos – nas culturas ditas primitivas, as provas a que têm de se
submeter os jovens que passaram pela puberdade. Passadas as provas e os seus sofrimentos, os jovens deixaram de ser crianças. Agora são adultos, com todos os seus direitos e deveres. Podem assentar-se na roda dos homens. Assim como os nossos jovens agora podem dizer: “Deixei o cursinho. Estou na universidade”.
    Houve um tempo em que as celebrações eram justas. Isso foi há muito tempo, quando eu era jovem. Naqueles tempos, um diploma universitário era garantia de trabalho. Os pais se davam como prontos para morrer quando uma destas coisas
acontecia: 1) a filha se casava. Isso garantia o seu sustento pelo resto da vida; 2) a filha tirava o diploma de normalista. Isso garantiria o seu sustento caso não casasse; 3) o filho entrava para o Banco do Brasil; 4) o filho tirava diploma.
    O diploma era mais que garantia de emprego. Era um atestado de nobreza. Quem tirava diploma não precisava trabalhar com as mãos, como os mecânicos, pedreiros e carpinteiros, que tinham mãos rudes e sujas.
    Para provar para todo mundo que não trabalhavam com as mãos, os diplomados tratavam de pôr no dedo um anel com pedra colorida. Havia pedras para todas as profissões: médicos, advogados, músicos, engenheiros. Até os bispos
tinham suas pedras.
    (Ah! Ia me esquecendo: os pais também se davam como prontos para morrer quando o filho entrava para o seminário para ser padre – aos 45 anos seria bispo – ou para o exército para ser oficial – aos 45 anos seria general.)
    Essa ilusão continua a morar na cabeça dos pais e é introduzida na cabeça dos filhos desde pequenos. Profissão honrosa é profissão que tem diploma universitário. Profissão rendosa é a que tem diploma universitário. Cria-se, então, a fantasia de que as únicas opções de profissão são aquelas
oferecidas pelas universidades.
    [...]
    Alegria na entrada. Tristeza ao sair. Forma-se, então, a multidão de jovens com diploma na mão, mas que não conseguem arranjar emprego. Por uma razão aritmética: o número de diplomados é muitas vezes maior que o número de empregos.
    [...]
    Tive um amigo professor que foi guindado, contra a sua vontade, à posição de reitor de um grande colégio americano no interior de Minas. Ele odiava essa posição porque era obrigado a fazer discursos. E ele tremia de medo de fazer discursos. Um dia ele desapareceu sem explicações. Voltou
com a família para o seu país, os Estados Unidos.
Tempos depois, encontrei um amigo comum e perguntei: “Como vai o Fulano?”. Respondeu-me: “Felicíssimo. É motorista de um caminhão gigantesco que cruza o país!”. ALVES, Rubem. Diploma não é solução, Folha de S. Paulo, 25/05/2004. (Adaptado).

Em “Eles sabiam QUE SÓ SE APRENDE O NOVO quando as certezas velhas caem.”, a oração destacada exerce a função de:

Alternativas
Comentários
  • Eles sabiam  o quê?    OBJETO DIRETO

  • Eles sabiam QUE SÓ SE APRENDE O NOVO quando as certezas velhas caem.

    Quem sabe, sabe algo, logo será VTD

     

    Eles sabiam ISSO (QUE SÓ SE APRENDE O NOVO)    OBS. Será Oração subordinada substantiva objetiva direta.

     

     

     

     

  • Gabarito: B

    “Eles sabiam QUE SÓ SE APRENDE O NOVO quando as certezas velhas caem.”

    “Eles sabiam=Oração principal

    QUE SÓ SE APRENDE O NOVO-Oração subordinada substantiva objetiva direta,completa  o sentido do verbo saber.O verbo em questão é VTD e EXIGE objeto direto.Perguntamos ao verbo:Quem sabia?R:Eles.Sabiam o que? Sabiam isso-QUE SÓ SE APRENDE O NOVO.Exerce a função de objeto direto da oração principal.

     quando as certezas velhas caem.=Oração subordinada adverbial temporal.Exerce a função de adjunto adverbial da oração principal.

  • Eles sabiam QUE SÓ SE APRENDE O NOVO quando as certezas velhas caem.”

     

    Eles: Sujeito

     

    Sabiam: VTD

     

    "QUE SÓ SE APRENDE O NOVO": OD

     

    "quando as certezas velhas caem": Oração subordinada adverbial temporal.

     

  • eles S.A.B.I.A.M isso

    como esta ligado a um VERBO é objeto direto

    OR.SUB.SUBSTANT.OBJET.DIRETA 

    SEMPREEEEEE esta ligada a um verbo

  • Saber é transtitivo direto; logo o objeto é direto sem preposição. O que eles sabem? QUE SÓ SE APRENDE O NOVO

  • Quem sabe, sabe algo! Objeto Direto!

  • GABARITO B

     

    “Eles sabiam QUE SÓ SE APRENDE O NOVO quando as certezas velhas caem.”

               Quem sabe, SABE ALGUMA COISA.

     

    Logo, exerce função de OBJETO DIRETO.

  • sabiam  algo

  • SUJEITO 1º ORAÇÃO, TROCO POR ISTO

  • “Eles sabiam QUE SÓ SE APRENDE O NOVO quando as certezas velhas caem.”,

    “Eles sabiam  ISSO

    Perceba abaixo que, na oração principal,  o  verbo  possui  sujeito,  é  transitivo  direto  e  necessita  de  um complemento, o qual será toda a oração posterior.  
     Economistas previram um aumento no desemprego. (Economistas previram isso.) 
          sujeito      +    VTD  +                  objeto direto 

  • OBD , chupa marcabra, te acertei , fui por eliminação , se não fosse a B eu desligava o not.

  • Sabiam OQUE? VTD

  • Pode ser útil noutras:

    Quando se troca o " que" por isso = Conjunção integrante. Introduz orações substantivas.

    Quando se troca o " que" por qual (ais) = Pronome relativo. Introduz orações adjetivas.

    Bons estudos!