SóProvas


ID
2176969
Banca
IBADE
Órgão
Prefeitura de Rio Branco - AC
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Diploma não é solução
    Vou confessar um pecado: às vezes, faço maldades. Mas não faço por mal. Faço o que faziam os mestres zen com seus “koans”. “Koans” eram rasteiras que os mestres passavam no pensamento dos discípulos. Eles sabiam que só se aprende o novo quando as certezas velhas caem. E acontece que eu gosto de passar rasteiras em certezas de
jovens e de velhos...
    Pois o que eu faço é o seguinte. Lá estão os jovens nos semáforos, de cabeças raspadas e caras pintadas, na maior alegria, celebrando o fato de haverem passado no vestibular. Estão pedindo dinheiro para a festa! Eu paro o carro, abro a janela e na maior seriedade digo: “Não vou dar dinheiro. Mas
vou dar um conselho. Sou professor emérito da Unicamp. O conselho é este: salvem-se enquanto é tempo!”.Aí o sinal fica verde e eu continuo.
    “Mas que desmancha-prazeres você é!”,
vocês me dirão. É verdade. Desmancha-prazeres.
Prazeres inocentes baseados no engano. Porque
aquela alegria toda se deve precisamente a isto: eles
estão enganados.
    Estão alegres porque acreditam que a universidade é a chave do mundo. Acabaram de chegar ao último patamar. As celebrações têm o mesmo sentido que os eventos iniciáticos – nas culturas ditas primitivas, as provas a que têm de se
submeter os jovens que passaram pela puberdade. Passadas as provas e os seus sofrimentos, os jovens deixaram de ser crianças. Agora são adultos, com todos os seus direitos e deveres. Podem assentar-se na roda dos homens. Assim como os nossos jovens agora podem dizer: “Deixei o cursinho. Estou na universidade”.
    Houve um tempo em que as celebrações eram justas. Isso foi há muito tempo, quando eu era jovem. Naqueles tempos, um diploma universitário era garantia de trabalho. Os pais se davam como prontos para morrer quando uma destas coisas
acontecia: 1) a filha se casava. Isso garantia o seu sustento pelo resto da vida; 2) a filha tirava o diploma de normalista. Isso garantiria o seu sustento caso não casasse; 3) o filho entrava para o Banco do Brasil; 4) o filho tirava diploma.
    O diploma era mais que garantia de emprego. Era um atestado de nobreza. Quem tirava diploma não precisava trabalhar com as mãos, como os mecânicos, pedreiros e carpinteiros, que tinham mãos rudes e sujas.
    Para provar para todo mundo que não trabalhavam com as mãos, os diplomados tratavam de pôr no dedo um anel com pedra colorida. Havia pedras para todas as profissões: médicos, advogados, músicos, engenheiros. Até os bispos
tinham suas pedras.
    (Ah! Ia me esquecendo: os pais também se davam como prontos para morrer quando o filho entrava para o seminário para ser padre – aos 45 anos seria bispo – ou para o exército para ser oficial – aos 45 anos seria general.)
    Essa ilusão continua a morar na cabeça dos pais e é introduzida na cabeça dos filhos desde pequenos. Profissão honrosa é profissão que tem diploma universitário. Profissão rendosa é a que tem diploma universitário. Cria-se, então, a fantasia de que as únicas opções de profissão são aquelas
oferecidas pelas universidades.
    [...]
    Alegria na entrada. Tristeza ao sair. Forma-se, então, a multidão de jovens com diploma na mão, mas que não conseguem arranjar emprego. Por uma razão aritmética: o número de diplomados é muitas vezes maior que o número de empregos.
    [...]
    Tive um amigo professor que foi guindado, contra a sua vontade, à posição de reitor de um grande colégio americano no interior de Minas. Ele odiava essa posição porque era obrigado a fazer discursos. E ele tremia de medo de fazer discursos. Um dia ele desapareceu sem explicações. Voltou
com a família para o seu país, os Estados Unidos.
Tempos depois, encontrei um amigo comum e perguntei: “Como vai o Fulano?”. Respondeu-me: “Felicíssimo. É motorista de um caminhão gigantesco que cruza o país!”. ALVES, Rubem. Diploma não é solução, Folha de S. Paulo, 25/05/2004. (Adaptado).

Observe as seguintes ocorrências do pronome demonstrativo no texto.

I. “Porque aquela alegria toda se deve precisamente a ISTO”
II. “Ele odiava ESSA posição porque era obrigado a fazer discursos”
III. “ESSA ilusão continua a morar na cabeça dos pais”

Os pronomes destacados exercem, respectivamente, função:

Alternativas
Comentários
  • Gabarito letra A. 

    * Função ANafórica = retoma o que foi dito ANtes.

    * Função catáfórica = aponta para algo que vai ser dito.

    * Função exofórica = aponta para algo que não está claro no texto, é uma informação que está FORA do texto.

     

    I. “Porque aquela alegria toda se deve precisamente a ISTO” 

    = aquela alegria toda se deve precisamente a isto: eles estão enganados.(aponta para o que vai ser dito);

     

    II. “Ele odiava ESSA posição porque era obrigado a fazer discursos”

    Tive um amigo professor que foi guindado, contra a sua vontade, à posição de reitor de um grande colégio americano no interior de Minas. Ele odiava essa posição porque era obrigado a fazer discursos. (essa posição, se refere à posição de reitor mencionada anteriormente); 

     

    III. “ESSA ilusão continua a morar na cabeça dos pais”

    Essa ilusão continua a morar na cabeça dos pais e é introduzida na cabeça dos filhos desde pequenos. (essa se refere à ideia que o diploma garante emprego, citada nos parágrafos anteriores);

  • Excelente o  comentário da Danielle, direto, claro e bem explicado...

  • Temos que ir criando nossos macetes para facilitar a memorização, por mais absurdos que sejam. Mesmo não tendo algum nexo, ficilita a memorização.  

    I. “Porque aquela alegria toda se deve precisamente a ISTO”    IsTo=Catafórico  (CaTavai)

    II. “Ele odiava ESSA posição porque era obrigado a fazer discursos”  Essa= Anafórico ( Anafoi )

    III. “ESSA ilusão continua a morar na cabeça dos pais”  Essa= Anafórico ( Anafoi )

  • GABARITO: A

    Anafórico (o a é a primeira letra do alfabeto, logo vem antes de qualquer outra). Em termos sintáticos retorma alguma ideia anterior;

    Catafórico (c vem depois do a). Referencia uma informação que será trazida ao texto;

    Exofórico (exterior ao texto). Faz referência a algo que não está informado no texto.

    Bons estudos, guerreiro(a)!

     

  •  Função ANafórica = retoma o que foi dito ANtes.

    * Função catáfórica = aponta para algo que vai ser dito.

    * Função exofórica = aponta para algo que não está claro no texto, é uma informação que está FORA do texto.

    * Função eNDofórica = aponta para algo que DENTRO está claro no texto, é uma informação que está DENTRO do texto.

    MIM NÃO CONJUGA VERBO!!!!!! ,<<<<<<<-------Cuidadooooo

    Antes da PREPOSIÇÃO não se usam os Pronome Pessoais do caso Reto EU e TU (são usados como sujeito) e sim o Pronome Pessoais Oblico MIM e TI (são usados como complemento).

    forma correta é entre mim e ti. Entre tu e eu está errado. Sempre que se utiliza a preposição entre, devem ser usados pronomes pessoais do caso oblíquo. Assim, mim e ti estão corretos porque são pronomes pessoais oblíquos tônicos e eu e tu estão errados porque são pronomes pessoais retos.

    Formas corretas:

    entre mim e ti;

    entre mim e você;

    entre mim e ele;

    entre mim e eles;

    entre mim e ela;

    entre mim e elas;

    entre ti e ele;

    entre ti e ela;

    entre você e ele;

    entre você e ela;

    Forma Errada:

    entre eu e tu;

    entre eu e você;

    entre eu e ele 

    após a preposição ENTRE não podemos usar o pronome pessoal do caso reto, devemos usar os pronomes do caso obliquo, o correto seria: entre você e MIM.

    Os pronomes conosco e convosco devem ser substituídos por com nós e com vós, respectivamente, quando aparecem seguidos de palavras enfáticas como mesmos, próprios, todos, outros, ambos, ou de numeral:

    O diretor implicou com nós dois.

    Senhores deputados, quero falar com vós mesmos.

    Fonte: Texeira, Nílson. Gramática para Concursos.

    A) Esta sua blusa lhe caiu bem ? o correto é "essa" pois está perto do ouvinte e não do falante.

    B) Todo o aluno merece atenção ? o correto é todo "aluno" (=sentido genérico); ao falar "todo o aluno" (=refere-se a um aluno somente, a ele por completo).

    C) Quero falar consigo agora, João! ? o correto é "contigo".

    D) Entre eu e você, não haverá discórdias ? após a preposição "entre" usa-se "mim" e não "eu" (=entre mim e você).

    E) Gosto de chocolate quente e sorveteeste no verão, aquele no inverno pois aquece até a alma ? correto, pronome demonstrativo "este" referindo-se ao último termo mencionado e pronome demonstrativo "aquele" referindo-se ao primeiro termo mencionado.

    ão pronomes pessoais:

     

    Retos         Oblíquos        

     

                   Átonos        Tônicos

    Eu             me           mim,contigo

    Tu             te            ti,contigo

    Ele            se,o,a,lhe      se,ele,ela

    Nós            nos           nós, conosco

    Vós            vos           vós, convosco

    Eles           se,os,as,lhes   si, eles, elas