SóProvas


ID
2189095
Banca
COMPERVE
Órgão
Prefeitura de Ceará-Mirim - RN
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

CONTRA A MERA “TOLERÂNCIA” DAS DIFERENÇAS
Renan Quinalha
“É preciso tolerar a diversidade”. Sempre que me defronto com esse tipo de colocação, aparentemente progressista e bem-intencionada, fico indignado. Não, não é preciso tolerar.
“Tolerar”, segundo qualquer dicionário, significa algo como “suportar com indulgência”, ou seja, deixar passar com resignação, ainda que sem consentir expressamente com aquela conduta.
“Tolerar” o que é diferente consiste, antes de qualquer coisa, em atribuir a “quem tolera” um poder sobre “o que tolera”. Como se este dependesse do consentimento daquele para poder existir. “Quem tolera” acaba visto, ainda, como generoso e benevolente, por dar uma “permissão” como se fosse um favor ou um ato de bondade extrema.
Esse tipo de discurso, no fundo, nega o direito à existência autônoma do que é diferente dos padrões construídos socialmente. Mais: funciona como um expediente do desejo de estigmatizar o diferente e manter este às margens da cultura hegemônica, que traça a tênue linha divisória entre o normal e o anormal.
Tolerar não deve ser celebrado e buscado nem como ideal político e tampouco como virtude individual. Ainda que o argumento liberal enxergue, na tolerância, uma manifestação legítima e até necessária da igualdade moral básica entre os indivíduos, não é esse o seu sentido recorrente nos discursos da política.
Com efeito, ainda que a defesa liberal-igualitária da tolerância, diante de discussões controversas, postule que se trate de um respeito mútuo em um cenário de imparcialidade das instituições frente a concepções morais mais gerais, isso não pode funcionar em um mundo marcado por graves desigualdades estruturais.
Marcuse identificava dois tipos de tolerância: a passiva e a ativa. No primeiro caso, a tolerância é vista como uma resignação e uma omissão diante de uma sociedade marcadamente injusta em suas diversas dimensões. Por sua vez, no segundo caso, ele trata da tolerância como uma disposição efetiva de construção de uma sociedade igualitária. Não é este, no entanto, o discurso mais recorrente da tolerância em nossos tempos.
Assim, quando alguém lhe disser que é preciso “tolerar” a liberdade das mulheres, os direitos das pessoas LGBT, a busca por melhores condições de vida das pessoas pobres, as reivindicações por igualdade material das pessoas negras, dentre outros segmentos vulneráveis, simplesmente não problematize esse discurso.
Admitir a existência do outro não significa aceitá-lo em sua particularidade como integrante da comunidade política. É preciso, ensina Axel Honneth, valorizar os laços mais profundos de reciprocidade e respeito pelas diferenças, o que só o reconhecimento, estágio superior da tolerância, pode ajudar a promover.
Diversidade é um valor em si mesmo e não depende da concordância dos que ocupam posições de privilégios. Direitos e liberdades não se “toleram”. Devem ser respeitados e promovidos, por serem conquistas jurídicas e políticas antecedidas de muitas lutas.
O que não se pode tolerar é o discurso aparentemente “benevolente” e “generoso” – mas na verdade bem perverso – da tolerância das diferenças. Ninguém precisa da licença de ninguém para existir. 
Disponível em: . Acesso em: 12 abr. 2016. [Adaptado]

Glossário
- Axel Honneth (1949): Filósofo e sociólogo alemão, é diretor do Institut für Sozialforschung, da Universidade de Frankfurt, instituição na qual surgiu a chamada Escola de Frankfurt.
- Herbert Marcuse (1898-1979): Sociólogo e filósofo alemão, naturalizado norte-americano, pertenceu à Escola de Frankfurt. 

Considere o parágrafo:

Esse tipo de discurso, no fundo, nega o direito à existência autônoma do que é diferente dos padrões construídos socialmente. Mais: funciona como um expediente do desejo de estigmatizar o diferente e manter este às margens da cultura hegemônica, que traça a tênue linha divisória entre o normal e o anormal.

Com o período anterior, o vocábulo destacado estabelece relação semântica de

Alternativas
Comentários
  • Mais: (acrescentando algo, adicionando)

     

    Valor de adição ao contexto em que está empregado.

     

    [Gab. A]

     

    bons estudos

  • Basta trocar por "além disso". 

  • Gente, qual a nova ideia que foi adicionada?  Para mim, o que ocorre é uma explicação. Alguém ajude a garota de humanas a passar no concurso para que ela faça sua arte na praia, por favor rs.

  • Eliane Vale, segue a informação que foi adicionada pelo vocábulo: "funciona como um expediente do desejo...."

    Bons estudos!!!

     

  • Mais (Além disso), [...]

     

    Mas confesso que achei que tivesse alguma pegadinha rs. Respondi com medo. 

  • A palavra “mais” possui como antônimo o “menos”. Nesse caso, ela indica a soma ou o aumento da quantidade de algo.

     

    Embora seja mais utilizada como advérbio de intensidade, dependendo da função que exerce na frase, o “mais” pode ser substantivo, preposição, pronome indefinido ou conjunção.

     

    Exemplos:

    Quero ir mais vezes para a Europa.
    Hoje vivemos num mundo melhor e mais justo.
    Jonatas foi à festa com seu amigo mais sua namorada.

     

    Dica: Uma maneira de saber se você está usando a palavra corretamente é trocar pelo seu antônimo “menos”.

     

    MAS

    A palavra “mas” pode desempenhar o papel de substantivo, conjunção ou advérbio.

     

    1. Como substantivo, o “mas” está associado a algum defeito.

    Exemplo: Nem mas, nem meio mas, faça já seus deveres de casa.

     

    2. Como conjunção adversativa, o “mas” é utilizado quando o locutor quer expor uma ideia contrária a que foi dita anteriormente.

    Exemplo: Sou muito calmo, mas estou muito nervoso agora.

    Nesse caso, ela possui o mesmo sentido de: porém, todavia, contudo, entretanto, contanto que, etc.

     

    3. Como advérbio, o “mas” é empregado para enfatizar alguma informação.

     

    Exemplo: Ela é muito dedicada, mas tão dedicada, que trabalhou anos vendendo doces.

    Não Confunda!

    A palavra "más" com acento é o plural de "mal", ou seja, é um adjetivo sinônimo de ruim, por exemplo:

    Nesse semestre suas notas estão muito más.

     

    https://www.todamateria.com.br/mais-ou-mas/

  • Esses dois pontos (:) Quebram as pernas de muita gente que estudou. Todos aqui sabem a diferença de MAIS pra MAS. Mas esses dois pontos são característica de explicação. Vamos seguir em frente pessoal. Não desanimar nunca!!!

  • a)adição.