SóProvas


ID
2208013
Banca
INAZ do Pará
Órgão
Prefeitura de Jacundá - PA
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                                          O PADEIRO

                                                                                                             Rubem Braga 


       Levanto cedo, faço minhas abluções, ponho a chaleira no fogo para fazer café e abro a porta do apartamento - mas não encontro o pão costumeiro. No mesmo instante me lembro de ter lido alguma coisa nos jornais da véspera sobre a "greve do pão dormido". De resto não é bem uma greve, é um lock-out, greve dos patrões, que suspenderam o trabalho noturno; acham que obrigando o povo a tomar seu café da manhã com pão dormido conseguirão não sei bem o que do governo.

      Está bem. Tomo o meu café com pão dormido, que não é tão ruim assim. E enquanto tomo café vou me lembrando de um homem modesto que conheci antigamente. Quando vinha deixar o pão à porta do apartamento ele apertava a campainha, mas, para não incomodar os moradores, avisava gritando:

        - Não é ninguém, é o padeiro! Interroguei-o uma vez: como tivera a ideia de gritar aquilo? “Então você não é ninguém?”

        Ele abriu um sorriso largo. Explicou que aprendera aquilo de ouvido. Muitas vezes lhe acontecera bater a campainha de uma casa e ser atendido por uma empregada ou outra pessoa qualquer, e ouvir uma voz que vinha lá de dentro perguntando quem era; e ouvir a pessoa que o atendera dizer para dentro: "não é ninguém, não senhora, é o padeiro". Assim ficara sabendo que não era ninguém...

        Ele me contou isso sem mágoa nenhuma, e se despediu ainda sorrindo. Eu não quis detê-lo para explicar que estava falando com um colega, ainda que menos importante. Naquele tempo eu também, como os padeiros, fazia o trabalho noturno. Era pela madrugada que deixava a redação de jornal, quase sempre depois de uma passagem pela oficina − e muitas vezes saía já levando na mão um dos primeiros exemplares rodados, o jornal ainda quentinho da máquina, como pão saído do forno.

         Ah, eu era rapaz, eu era rapaz naquele tempo! E às vezes me julgava importante porque no jornal que levava para casa, além de reportagens ou notas que eu escrevera sem assinar, ia uma crônica ou artigo com o meu nome. O jornal e o pão estariam bem cedinho na porta de cada lar; e dentro do meu coração eu recebi a lição de humildade daquele homem entre todos útil e entre todos alegre; "não é ninguém, é o padeiro!" E assobiava pelas escadas.

Disponível em <www.pensador.uol.com.br>. Acesso em 11 Out. 2016

No trecho “Naquele tempo eu também, como os padeiros, fazia o trabalho noturno.”, o uso das vírgulas indica

Alternativas
Comentários
  • Alguém sabe explicar pq não é a B) o destacamento de um adjunto adverbial. ????

  • Sam Bastos,

     

    O termo como os padeiros, acrescenta informação ao termo anterior. Funcionando, portanto, como aposto e não como adjunto adverbial.

    Normalmente o aposto fica entre vírgulas, como no caso da frase da questão.

     

    Gabarito letra C

  • Não vi sentido algum de explicação nessa questão. O "como" empregado ali me passa uma ideia de adjunto adverbial.
  • Eu também discordo do gabarito.. Para mim é Adjunto Adverbial...

     

    Naquele tempo eu também, como os padeiros, fazia o trabalho noturno.”

     

    Pois não há sentido de explicação e sim de uma comparação... Ou seja, naquele tempo, assim como os Pedreiros (igualmente aos pedreiros), ele fazia o trabalho noturno...

     

    Abraço

  • Naquele tempo eu também, como os padeiros, fazia o trabalho noturno.

    Naquele tempo eu também fazia o trabalho noturno como os padeiros (faziam).

    O conector "como" tem o valor de comparação nesse contexto, e não de explicação.

  • Essas bancas se preocupam tanto em fazer uma questão para os candidatos errarem que às vezes elaboram uma sem lógica. 

  • Discordo totalmente do gabarito. É um adjunto adverbial deslocado longo, portanto, as virgulas são obrigatórias.

  • Vi alguns colegas comentando acerca da possibilidade de ser um adjunto adverbial, porém, lembrem-se que o adj. adverbial passa/dá a ideia de advérbio. Nesse sentido, "como os padeiros" seria que tipo de "advébio" - modo? Ora, não há sentido algum, a meu ver, em se cogitar a ideia de adj. adverbial.

    Todavia, concordo que a expressão "como os padeiros" foi empregada no sentido de comparação - igual aos padeiros - e não explicação... Porém, por eliminação de alternativas é possível chegar a resposta correta - C.

  • Indica pra comentario :)

     

  • gab-C  fui igual  a um patinho na letra B.  quem puder  indica essa  para comentário do professor. BONS ESTUDOS!!!

  • É porque, na realidade, é uma oração subordinada adverbial comparativa e com verbo implícito (conforme comentário do David), mas possui valor adverbial, por eliminação eu vejo que a letra certa é realmente a B, porque não tem sentido ser uma explicação, é claramente uma comparação.

     

    Nas minhas anotações de aula os exemplos são iguais ao da questão para oração sub. adv. comparativa:

    "Muitos adultos agem como crianças (agem)."

    "Amo-o como (amo) a um filho."

  • Seria um APOSTO EXPLICATIVO, logo pressupõe-se O ISOLAMENTO DE UMA EXPLICAÇÃO.