SóProvas


ID
2222848
Banca
IBADE
Órgão
Câmara de Santa Maria Madalena - RJ
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Longe dos olhos, longe da consciência


   Alguns anos atrás os jornais noticiaram, com destaque, que a praça da Sé estava voltando a ser um aprazível ponto turístico de São Paulo.

  A providência higienizadora do nosso marco zero consistiu na retirada dos menores que por lá perambulavam. Com a saneadora medida, a praça estava salva, voltava a ser nossa. A sua crônica sujeira não mais incomodava. Os menores estavam fora, pouco importava a permanência dos marreteiros, pregadores da Bíblia, comedores de faca e fogo, ciganos, repentistas e os saudáveis churrasquinhos e pastéis. Até os trombadões permaneceram. Aliás, é compreensível; é bem mais fácil remover as crianças do que deter os trombadões.

  Anteriormente, competente e sensível autoridade levou dezenas de menores para fora das fronteiras de nosso Estado. A operação expurgo foi também bastante noticiada.

  No Rio de Janeiro a providência teve caráter definitivo. As crianças foram mortas na Candelária.

   Em Belo Horizonte, também há algum tempo, uma operação militar foi montada para retirar das ruas cerca de 500 crianças. A imprensa exibiu fotos de crianças de até quatro anos, várias com chupetas na boca, sendo colocadas em camburões pelos amáveis e carinhosos soldados da milícia mineira, que souberam respeitar as crianças, deixando-as com suas chupetas.

  Riscar as crianças dos mapas urbanos já não está mais nos planos dos zelosos defensores das nossas urbes e da nossa incolumidade física. Viram ser essa uma missão inócua. Retiradas daqui ou dali, passam a habitar lá ou acolá. Saem da praça da Sé, vão para a praça Ramos ou para as praças da zona Leste, Oeste, Norte ou Sul. Saem de uma capital e vão para outra, de um extremo ao outro do país.

  Ironias à parte, cuidar dos menores para evitar o abandono, para suprir as suas carências e para protegê-los da violência que os atinge é obrigação humanitária de todos nós. E, para quem não tem a solidariedade como móvel de sua conduta, que aja ao menos impulsionado pelo egoísmo em nome da autopreservação.

  No entanto novamente se assiste ao retumbante coral repressivo, que entoa a surrada, falsa e enganosa solução da cadeia para os que já cometeram infrações e, para os demais, esperar que as cometam, para irem fazer companhia aos outros.

  A verdade é que sempre quisemos distância das nossas crianças carentes. Longe dos olhos, longe da consciência. A sociedade só se preocupa com os menores porque eles estão assaltando. Estivessem quietos, amargando inertes as suas carências, continuariam esquecidos e excluídos.

  Esse problema, reduzido à fórmula simplista de solução - diminuição da idade -, bem mostra como a questão criminal no país é tratada de forma leviana, demagógica e irresponsável. Colocam-se nas penitenciárias ou nas delegacias os maiores de 16 anos e ponto final. Tudo resolvido.

  A indagação pertinente é por que diminuir a responsabilidade penal só para 16 anos. Há crianças com dez ou oito anos assaltando? Vamos encarcerá-las. Melhor, nascituros também poderiam ser isolados. Dependendo das condições em que irão viver, poderão estar fadados a nos agredir futuramente. Não será melhor criá-los longe dos centros urbanos, isolá-los em rincões distantes para que não nos ponham em risco?

  Parece estar na hora - tardia, diga-se de passagem - de encararmos com honestidade e com olhos de ver a questão do crime no país, especialmente do menor infrator e do menor carente. Chega de demagogia e de hipocrisia. Vamos cuidar da criança e do adolescente. Aliás, não só do carente e do abandonado, mas também daqueles poucos bem nascidos, pois também estavam cometendo crimes. Destes esperamos que os pais acordem e imponham regras e limites, deem menos liberdade, facilidades e dinheiro e mais educação, respeito pelo próximo e conhecimento da trágica realidade do país.

  Em relação aos outros, esperamos que a sociedade e o Estado, em vez de os porem na cadeia, eduquem-nos, deem-lhes afeto e os ajudem a adquirir autoestima, única maneira de os proteger do crime de abandono.

OLIVEIRA, Antônio Cláudio Mariz de. Longe dos olhos, longe da consciência. Folha de S. Paulo, São Paulo, 11 ago. 2004. Brasil, Opinião, p. A3.

No trecho “Colocam-se nas penitenciárias ou nas delegacias os maiores de 16 anos e ponto final.”, o sujeito é:

Alternativas
Comentários
  • Uma dica básica para difenciar sujeito simples de composto é verificar quantos núcleos - ou simplesmente - quantos são os sujeitos praticam a ação.

    No caso da questão basta perguntar: quem é colocado nas penitenciárias ou nas delegacias?

    Os maiores de 16 anos.

     

  • O sujeito não seria colocam-se?
    Sendo este indeterminado?
    Quem é que?

  • Trata-se de um caso da voz passiva sintética, ocorrendo em orações formadas por VTD ou VTDI acompanhados pela partícula "Se". 

    Nesse caso, o sujeito será o termo que vc classifica preliminarmente como Objeto Direto.

     

    Na frase "Colocam-se nas penitenciárias ou nas delegacias os maiores de 16 anos e ponto final.", "os maiores de 16 anos" será o sujeito, e como só possui 1 núcleo => sujeito simples.

     

  • “Colocam-se nas penitenciárias ou nas delegacias os maiores de 16 anos e ponto final.”

    "Os maiores de 16 anos colocam-se nas penitenciárias ou nas delegacias e ponto final "->>SUJEITO SIMPLES

     

    GABA  E

  • Não sei se ajuda, mas o meu raciocínio foi:

    Colocam-se nas penitenciárias ou nas delegacias os maiores de 16 anos e ponto final.

    Os maiores de 16 anos são colocados nas penitenciárias ou nas delegacias e ponto final. Voz ativa.

     

  • Gabarito letra E (sujeito simples) 

     

    Andrey vou tentar te explicar, espero que ajude. Não é sujeito indeterminado, pois está contido na frase. O verbo colocar é transitivo direto e indireto. Quem coloca, coloca algo ou alguém (os maiores de 16) EM algum lugar (nas penitenciárias), por esse motivo o SE é uma particula apassivadora. 

    Você poderia confirmar o sujeito, colocando a frase na ordem direta (sujeito, verbo e complemento) ficaria assim: Os maiores de 16 anos são colocados nas penitenciárias e ponto final.

     

    Colocam-se nas penitenciárias ou nas delegacias os maiores de 16 anos e ponto final. 

      VTDI    PA         OBJETO INDIRETO                        OBJETO DIRETO     

     

  • Colocam-se nas penitenciárias ou nas delegacias os maiores de 16 anos e ponto final. Voz passiva sintética

    os maiores de 16 anos são colocados nas penitenciárias ou nas delegacia e ponto final. voz passiva analítica

  •  

    Comentário editado 12/05/2017:

    Ver o cometário de BRUNO FROSSARD acima, em 21 de Março de 2017, às 22h16

     

    Diferença entre Sujeito Simples e Indeterminado com o pronome (SE)

    * Precisa-se de empregados 

    De empregados é precisado ( não da para colocar na voz passiva) então é indeterminado

    * Alugam-se casas 

    Casas são alugadas (da para colocar na voz passiva) então é simples

    * Discutiu-se o assunto 

    O assunto foi discutido ( da para colocar na voz passiva) Então é simples 

     

  • Os maiores de 16 anos são colocados nas penitenciárias ou nas delegacias e ponto final. Voz ativa.

    nao e voz ativa é voz passiva.

    sao colocados 

    verboa auxiliar (são + verbo principal colocar)  = voz passiva analitica

  • O método da Carine Proença pode induzir ao erro, algumas vezes. P.ex.:

    Vive-se um dia de cada vez. = Um dia de cada vez é vivido (voz passiva). ERRADO.

    * Mata-se um leão por dia. = Um leão por dia é morto (voz passiva). ERRADO

    A partícula SE, nos exemplos acima, é de indeterminação do sujeito.

    O melhor método de análise é se o pronome apassivador "SE" segue um VTD (verbo transitivo direto) que esteja na 3ª (terceira) pessoa.

    * Precisa-se de empregados 

    VTI - logo, partícula SE é indeterminadora.

    * Alugam-se casas 

    VTD - logo, partícula SE é apassivadora.

     

  • SEM ENRROLAR MUITO!

     

    Colocam-se nas penitenciárias ou nas delegacias os maiores de 16 anos e ponto final ( FRASE NA VOZ PASSIVA SINTÉTICA )

    pois o verbo colocam-se é VTD.

     

    reduzindo a frase pra ficar mais facil e colocar na voz passiva analitica:

    os maiores de 16 anos são colocados.

     

    quem são colocados ?        =    os maiores de 16 anos 

     

    sujeito simples.

     

     

  • pegadinha :(

  • Os maiores de 16 anos são colocados (passiva analítica) nas penitenciárias ou delegacias e ponto final.

    Sujeito (paciente) simples.

  • Nesse caso, o sujeito sofre a ação. Sujeito determinado simples. Se é pronome apassivador.