SóProvas


ID
2222872
Banca
IBADE
Órgão
Câmara de Santa Maria Madalena - RJ
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Longe dos olhos, longe da consciência


   Alguns anos atrás os jornais noticiaram, com destaque, que a praça da Sé estava voltando a ser um aprazível ponto turístico de São Paulo.

  A providência higienizadora do nosso marco zero consistiu na retirada dos menores que por lá perambulavam. Com a saneadora medida, a praça estava salva, voltava a ser nossa. A sua crônica sujeira não mais incomodava. Os menores estavam fora, pouco importava a permanência dos marreteiros, pregadores da Bíblia, comedores de faca e fogo, ciganos, repentistas e os saudáveis churrasquinhos e pastéis. Até os trombadões permaneceram. Aliás, é compreensível; é bem mais fácil remover as crianças do que deter os trombadões.

  Anteriormente, competente e sensível autoridade levou dezenas de menores para fora das fronteiras de nosso Estado. A operação expurgo foi também bastante noticiada.

  No Rio de Janeiro a providência teve caráter definitivo. As crianças foram mortas na Candelária.

   Em Belo Horizonte, também há algum tempo, uma operação militar foi montada para retirar das ruas cerca de 500 crianças. A imprensa exibiu fotos de crianças de até quatro anos, várias com chupetas na boca, sendo colocadas em camburões pelos amáveis e carinhosos soldados da milícia mineira, que souberam respeitar as crianças, deixando-as com suas chupetas.

  Riscar as crianças dos mapas urbanos já não está mais nos planos dos zelosos defensores das nossas urbes e da nossa incolumidade física. Viram ser essa uma missão inócua. Retiradas daqui ou dali, passam a habitar lá ou acolá. Saem da praça da Sé, vão para a praça Ramos ou para as praças da zona Leste, Oeste, Norte ou Sul. Saem de uma capital e vão para outra, de um extremo ao outro do país.

  Ironias à parte, cuidar dos menores para evitar o abandono, para suprir as suas carências e para protegê-los da violência que os atinge é obrigação humanitária de todos nós. E, para quem não tem a solidariedade como móvel de sua conduta, que aja ao menos impulsionado pelo egoísmo em nome da autopreservação.

  No entanto novamente se assiste ao retumbante coral repressivo, que entoa a surrada, falsa e enganosa solução da cadeia para os que já cometeram infrações e, para os demais, esperar que as cometam, para irem fazer companhia aos outros.

  A verdade é que sempre quisemos distância das nossas crianças carentes. Longe dos olhos, longe da consciência. A sociedade só se preocupa com os menores porque eles estão assaltando. Estivessem quietos, amargando inertes as suas carências, continuariam esquecidos e excluídos.

  Esse problema, reduzido à fórmula simplista de solução - diminuição da idade -, bem mostra como a questão criminal no país é tratada de forma leviana, demagógica e irresponsável. Colocam-se nas penitenciárias ou nas delegacias os maiores de 16 anos e ponto final. Tudo resolvido.

  A indagação pertinente é por que diminuir a responsabilidade penal só para 16 anos. Há crianças com dez ou oito anos assaltando? Vamos encarcerá-las. Melhor, nascituros também poderiam ser isolados. Dependendo das condições em que irão viver, poderão estar fadados a nos agredir futuramente. Não será melhor criá-los longe dos centros urbanos, isolá-los em rincões distantes para que não nos ponham em risco?

  Parece estar na hora - tardia, diga-se de passagem - de encararmos com honestidade e com olhos de ver a questão do crime no país, especialmente do menor infrator e do menor carente. Chega de demagogia e de hipocrisia. Vamos cuidar da criança e do adolescente. Aliás, não só do carente e do abandonado, mas também daqueles poucos bem nascidos, pois também estavam cometendo crimes. Destes esperamos que os pais acordem e imponham regras e limites, deem menos liberdade, facilidades e dinheiro e mais educação, respeito pelo próximo e conhecimento da trágica realidade do país.

  Em relação aos outros, esperamos que a sociedade e o Estado, em vez de os porem na cadeia, eduquem-nos, deem-lhes afeto e os ajudem a adquirir autoestima, única maneira de os proteger do crime de abandono.

OLIVEIRA, Antônio Cláudio Mariz de. Longe dos olhos, longe da consciência. Folha de S. Paulo, São Paulo, 11 ago. 2004. Brasil, Opinião, p. A3.

Considere as seguintes afirmações sobre aspectos da construção do texto:

I. Na frase "A sociedade só se preocupa com os menores porque eles estão assaltando.”, o SE é partícula apassivadora.
II. Em “a praça da Sé estava voltando a ser um aprazível ponto turístico de São Paulo.”, o autor cometeu um equívoco ao não usar o sinal indicativo de crase na segunda ocorrência do A.
III. Na frase "é obrigação humanitária de todos NÓS.”, o elemento destacado é pronome pessoal oblíquo.

Está correto apenas o que se afirma em:

Alternativas
Comentários
  • Resposta: "A".

     

    I - Creio se tratar de pronome pessoal reflexivo;

    II - Não se usa crase antes de verbo;

    III - Correto, pronome pessoal oblíquo.

     

    Bons estudos.

  • Nós é pronome pessoal do caso reto até onde sei. Essa questão parece não ter resposta correta.

  • Por que nós é pronome oblíquo e não reto?
  • Nós -- Pronome pessoal reto --- primeira pessoa do plural.

  • Vamos ao que segue...

     

    (I) ERRADA - O verbo preocupar-se rege a preposição com, ou seja é VTI.. NÃO tem voz passiva...

     

    (II) ERRADA - não vai crase antes de verbo.

     

    (III) CERTO- Pessoal,!!  "NÓS" também pode ser pronome obliquo. Veja abaixo:

    Exemplos de pronomes pessoais oblíquos tônicos:
    1.ª pessoa do singular - mim, comigo
    2.ª pessoa do singular - ti, contigo
    3.ª pessoa do singular - ele, ela, si
    1.ª pessoa do plural - nós, conosco
    2.ª pessoa do plural - vós, convosco
    3.ª pessoa do plural - eles, elas, si

     

    Espero ter ajudado....

     

    Abraço

  • Em relação ao item III

     

    Os pronomes ele, nós, vós, eles serão considerados oblíquos quando estiverem em funções sintáticas próprias do pronome oblíquo >

    Ex.: O diretor convidará todos ELES (OD).

     

    Se estiver na posição de sujeito, será classificado como reto >

    Ex.: Ele convidará a todos. ELE é o sujeito, então é pronome reto.

  • Resposta A correta. NÓS  é pronome oblíquo, que se divide em átonos (me, te, o, a, lhe, se, nos, vos, os, as, lhes, se) e tônicos (mim, comigo, ti, contigo, si, consigo, nós, conosco, vós, convosco.

  • Creio que a A seja partícula de realce, pois sua retirada não altera o sentido.

  • Mas nessa frase NÓS não está desempenhando papel de sujeito?

  • Alternativa A - O verbo preocupar-se é um verbo pronominal essecial, isto é, aqueles que sempre se conjugam com os pronomes oblíquos.

    Nesse caso, o "se" é parte integrante do verbo e não possui função sintática.

  • Sobre o item III: 

    O 'nós'  é pronome pessoal oblíquo, pois não exerce função de sujeito e está precedido de preposição(de).

  • Os pronomes ele(s), ela(s), nós e vós serão oblíquos quando empregado como complementos de um verbo e vierem precedidos de preposição:

    Exemplos:

    A revisão do carro foi feita por ele.

    O rapaz dançará esta música com ela

    Nossa proposta será apresentada por vós.

     

    Fonte: Leila Lauar Sarmento, Grmática em textos.

  • PRONOME OBLÍQUO TÔNICOS

     

     

    ÁTONOS  =                     SEM     PREPOSIÇÃO.

                                            NÃO RECEBE ACENTO

     

    TÔNICOS     =            TEM    PREPOSIÇÃO

     

    Pronomes Pessoais do Caso Reto: exercem a função de SUJEITO, por exemplo: Eu gosto muito da Ana.

     

    Pronomes Pessoais do Caso Oblíquo: substituem os substantivos e complementam dos verbos, por exemplo: Está comigo seu caderno.

     

  • Pronome Oblíquo Átono  - SEM PREPOSIÇÃO

     

    Possuem acentuação tônica  fraca.

     

    - 1ª pessoa do singular (eu): me

    - 2ª pessoa do singular (tu): te

    - 3ª pessoa do singular (ele, ela): o, a, lhe

    - 1ª pessoa do plural (nós): nos

    - 2ª pessoa do plural (vós): vos

    - 3ª pessoa do plural (eles, elas): os, as, lhes

     

     

    lhe é o único pronome oblíquo átono que já se apresenta na forma contraída, ou seja, houve a união entre o pronome o ou a e preposição a ou para. Por acompanhar diretamente uma preposição, o pronome lhe exerce sempre a função de objeto indireto na oração.

     

    Os pronomes metenos e vos podem tanto ser objetos diretos como objetos indiretos.

     

    Os pronomes o, a, os e as atuam exclusivamente como objetos diretos.

     

    Pronome Oblíquo Tônico  - sempre COM preposições, em geral as preposições aparade com.

     

     exercem a função de objeto indireto da oração.

     

    Possuem acentuação tônica  forte.

     

    - 1ª pessoa do singular (eu): mim, comigo

    - 2ª pessoa do singular (tu): ti, contigo

    - 3ª pessoa do singular (ele, ela): ele, ela

    - 1ª pessoa do plural (nós): nós, conosco

    - 2ª pessoa do plural (vós): vós, convosco

    - 3ª pessoa do plural (eles, elas): eles, elas

     

    - Observe que as únicas formas próprias do pronome tônico são a primeira pessoa (mim) e segunda pessoa (ti). As demais repetem a forma do pronome pessoal do caso reto.

     

    - As preposições essenciais introduzem sempre pronomes pessoais do caso oblíquo e nunca pronome do caso reto. Nos contextos interlocutivos que exigem o uso da língua formal, os pronomes costumam ser usados desta forma:

    Não há mais nada entre mim e ti.

    Não se comprovou qualquer ligação entre ti e ela.

    Não há nenhuma acusação contra mim.

    Não vá sem mim.

     

    Há construções em que a preposição, apesar de surgir anteposta a um pronome, serve para introduzir uma oração cujo verbo está no infinitivo. Nesses casos, o verbo pode ter sujeito expresso; se esse sujeito for um pronome, deverá ser do caso reto.

     

    Trouxeram vários vestidos para eu experimentar.

    Não vá sem eu mandar.

    - A combinação da preposição "com" e alguns pronomes originou as formas especiais comigo, contigo, consigo, conosco e convosco. Tais pronomes oblíquos tônicos frequentemente exercem a função de adjunto adverbial de companhia.

     

    Ele carregava o documento consigo.

     

    - As formas "conosco" e "convosco" são substituídas por "com nós" e "com vós" quando os pronomes pessoais são reforçados por palavras como outrosmesmosprópriostodosambos ou algum numeral.

     

    Você terá de viajar com nós todos.

    Estávamos com vós outros quando chegaram as más notícias.

    Ele disse que iria com nós três.

  • Pronome Reflexivo

    São pronomes pessoais oblíquos que, embora funcionem como objetos direto ou indireto, referem-se ao sujeito da oração. Indicam que o sujeito pratica e recebe a ação expressa pelo verbo.

    O quadro dos pronomes reflexivos é assim configurado:

    - 1ª pessoa do singular (eu): me, mim.

    Por exemplo:

    Eu não me vanglorio disso.

    Olhei para mim no espelho e não gostei do que vi.

    - 2ª pessoa do singular (tu): te, ti.

    Por exemplo:

    Assim tu te prejudicas.

    Conhece a ti mesmo.

    - 3ª pessoa do singular (ele, ela): se, si, consigo.

    Por exemplo:

    Guilherme já se preparou.

    Ela deu a si um presente.

    Antônio conversou consigo mesmo.

    - 1ª pessoa do plural (nós): nos.

    Por exemplo:

    Lavamo-nos no rio.

    - 2ª pessoa do plural (vós): vos.

    Por exemplo:

    Vós vos beneficiastes com a esta conquista.

    Por exemplo:

    - 3ª pessoa do plural (eles, elas): sesi, consigo.

    Por exemplo:

    Eles se conheceram.

    Elas deram a si um dia de folga.

     

    Pronome Reto

    Pronome pessoal do caso reto é aquele que, na sentença, exerce a função de sujeito ou predicativo do sujeito.

    Por exemplo:

    Nós lhe ofertamos flores.

     

    Os pronomes retos apresentam flexão de número, gênero (apenas na 3ª pessoa) e pessoa, sendo essa última a principal flexão, uma vez que marca a pessoa do discurso. Dessa forma, o quadro dos pronomes retos é assim configurado:

    - 1ª pessoa do singular: eu

    - 2ª pessoa do singular: tu

    - 3ª pessoa do singular: ele, ela

    - 1ª pessoa do plural: nós

    - 2ª pessoa do plural: vós

    - 3ª pessoa do plural: eles, elas

    Atenção: esses pronomes não costumam ser usados como complementos verbais na língua-padrão. Frases como "Vi ele na rua" , "Encontrei ela na praça", "Trouxeram eu até aqui", comuns na língua oral cotidiana, devem ser evitadas na língua formal escrita ou falada. Na língua formal, devem ser usados os pronomes oblíquos correspondentes: "Vi-o na rua", "Encontrei-a na praça", "Trouxeram-me até aqui".

    Obs.: frequentemente observamos a omissão do pronome reto em Língua Portuguesa. Isso se dá porque as próprias formas verbais marcam, através de suas desinências, as pessoas do verbo indicadas pelo pronome reto.

    Por exemplo:

    Fizemos boa viagem. (Nós)

     

    Pronome Oblíquo

    Pronome pessoal do caso oblíquo é aquele que, na sentença, exerce a função de complemento verbal (objeto direto ou  indireto) ou complemento nominal.

    Por exemplo:

    Ofertaram-nos flores. (objeto indireto)

     

    Obs.: em verdade, o pronome oblíquo é uma forma variante do pronome pessoal do caso reto. Essa variação indica a função diversa que eles desempenham na oração: pronome reto marca o sujeito da oração; pronome oblíquo marca o complemento da oração.

    Os pronomes oblíquos sofrem variação de acordo com a acentuação tônica que possuem, podendo ser átonosou tônicos.