- ID
- 2229187
- Banca
- Colégio Pedro II
- Órgão
- Colégio Pedro II
- Ano
- 2016
- Provas
- Disciplina
- Português
- Assuntos
Com Licença Poética
Adélia Prado
Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou tão feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
- dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.
PRADO, Adélia. Reunião de poesia. 3ª ed. Rio de Janeiro: BestBolso, 2014. p. 19.
No verso “ora sim, ora não, creio em parto sem dor”, o valor semântico do par ora ... ora é de