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ID
2230243
Banca
IF-PA
Órgão
IF-PA
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

A questão refere-se ao texto I, a seguir

                                            Será o Ceará o nosso Texas?

                           Publicado em 11/09/2016 por Luiz Carlos de Freitas 

      Com a ênfase em “bater metas” no Ideb, as escolas de “sucesso” serão aquelas que treinarem os alunos para se sair bem nas provas de matemática e português. Uma total inversão dos objetivos da formação humana. Esta é a “filosofia educacional” que deverá se fortalecer no país. O atual governo deverá estabelecer incentivos para isso também, agravando mais ainda a “corrida para nenhum lugar”.

      Os municípios e estados que quiserem ser bem sucedidos deverão ter um controle cada vez mais rígido sobre o que se faz em sala de aula e adicionar um conjunto de provas intermediárias que farão o monitoramento da “aprendizagem” do aluno e o ensinarão a ir bem nas provas. O que importa é a média subir – por bem ou por mal. O exemplo mais claro disso é Sobral no Ceará. Isso irá tornar o magistério ainda mais desestimulante e o estudante em alguém doente, estressado.

      No Ceará, que é o campeão do “bate metas”, há um dado no emaranhado de slides do powerpoint do INEP sobre os resultados do SAEB (Prova Brasil) e que foi divulgado nesta semana, o qual deveria ser motivo de estudo.

      O Ceará colocou o “desenvolvimento educacional” dos municípios como parte das condições de partilha do ICMS estadual. Isso certamente está gerando competição e um controle intenso no interior das redes e escolas, via avaliação. Pelas regras de distribuição, 25% do ICMS é repassado aos municípios em função de resultados em educação, saúde e meio ambiente. No caso da educação, cabe a ela 18% deste valor, assim dividido: 12% baseado na avaliação da alfabetização dos alunos na 2ª série do EF e 6% baseados no índice de qualidade educacional dos alunos da 5ª série do EF. Conforme a própria Secretaria diz: “são penalizados os municípios que apresentam alta desigualdade no desempenho de seus alunos”. A avaliação do fundamental I, anos iniciais, portanto, define parte do ICMS recebido pelo município. Além disso, distribui-se 25 milhões de reais em meritocracia.

      A que pressões estão sendo submetidas às redes públicas do Ceará? Já que o modelo deverá ser imitado, eis aí um bom tema de pesquisa. Como as redes estão respondendo a estas pressões para garantir as metas? Há efeitos colaterais? A regra de distribuição do ICMS e da meritocracia nutre a crença de que os problemas de desigualdade escolar são intrínsecos à escola, quando sabemos que, além dos intrínsecos, mais de 60% das variáveis que afetam o desempenho do aluno na escola estão fora da escola, na vida ou nas características pessoais dos estudantes.

      Com todo o respeito pelo trabalho dos professores do Ceará, há uma situação evidenciada pelos dados do INEP que merece mais pesquisa. E certamente os professores têm uma resposta para isso. Mas, o Ceará é o único lugar do mundo, salvo melhor juízo, em que estudantes de nível socioeconômico (NSE) mais alto estão aprendendo menos matemática do que os de NSE mais baixo. Sim, vou repetir: os estudantes com NSE mais alto estão aprendendo menos matemática do que os estudantes com NSE mais baixo. A desigualdade escolar foi invertida: os “mais ricos” aprendem menos que os “mais pobres”. No mundo inteiro as avaliações mostram uma relação direta, em média, entre maior desempenho e maior nível socioeconômico: menos no Ceará. Lá, a média do desempenho dos estudantes informa que os de NSE mais altos estão piores em matemática na 5ª série, do que os de NSE mais baixos (segundo a estratificação do INEP). E no caso de Língua Portuguesa há praticamente empate.

(...) 

      Coincidentemente, o estado que pune municípios com repasse menor de ICMS no caso de haver maior desigualdade entre desempenhos, apresenta também a menor desigualdade de desempenhos quando comparado a todos os outros Estados brasileiros. Achamos a solução para o Brasil? Ou podem estar havendo efeitos colaterais não contabilizados? Ou mero problema produzido pela metodologia do INEP? Não é bom investigar antes de generalizar? Para a revista Veja, o assunto já está resolvido: basta usar meritocracia e expandir o modelo do Ceará para o Brasil. Será? A Veja esquece de mencionar que em São Paulo a meritocracia é um fracasso.

      Nada contra os “mais pobres” aprenderem, mas inverter a desigualdade é inédito. Se a moda pega, logo veremos aparecer a Campanha pelo Direito dos Mais Ricos Aprenderem. Ponto fora de curva até onde se sabe. Sem dúvida, algo intrigante para as condições sociais brasileiras.

      Quando olhamos para a diferença de desempenho nacional dos estudantes a partir do NSE, vemos que há uma diferença de 46 pontos a favor dos NSE mais altos (ponto positivo para o INEP por apresentar este dado). E quando olhamos para cada um dos estados brasileiros esta diferença varia de 11 a 49 pontos também a favor dos NSE mais altos. É só no Ceará que isso não ocorre. Precisa ser estudado. Os Estados Unidos e o Chile, com políticas semelhantes, ampliaram a segregação escolar. (...) 

      Também os Estados Unidos, talvez por outros motivos, teve o seu “milagre do Texas” e serviu para impor meritocracia para todo o País através da No Child Left Behind, uma lei que para constatar seu fracasso na elevação da qualidade da educação se levou 14 anos, mas que foi eficaz para incentivar a privatização da educação.

      George Bush (filho) implantou esta lei em 2001, gabando-se de sua atuação como governador do Texas. Ele aplicou antes em seu estado, quando era governador, os princípios da No Child Left Behind. Apresentou “resultados” para convencer democratas e republicanos a embarcar na lei. Mas logo o “milagre do Texas” seria descoberto e esclarecido. Mas não antes de que a lei tivesse sido aprovada.

In https://avaliacaoeducacional.com/2016/09/11/sera-o-ceara-o-nosso-texas/comment-page-1/ (Com adaptações)

Sobre o uso dos pronomes relativos e da regência empregados no texto, marque a única opção CORRETA.

Alternativas
Comentários
  • ORAÇÃO SUBORDINADA ADJETIVA

     

    “Com a ênfase em “bater metas” no Ideb, as escolas de “sucesso” serão aquelas que treinarem os alunos para se sair bem nas provas de matemática e português”

     

    QUE(AS QUAIS) SE REFERE ÀS ESCOLAS.

     

    GABA  B

     

  • Opção B

     

    "As quais" refere-se ao termo "as escolas".

    Complemetando...

    Or. sub. adj. restritiva, pois só serão bem sucedidas aquelas escolas que treinarem bem seus alunos.

     

  • eu até entendi que a B deve ser a correta, porém o verbo "treinarem" não deveria mudar para se adequar a sentença com o "as quais" ou ele permanece dessa forma? 

  •  

    Alguém poderia explicar o motivo da alternativa C estar INCORRETA ?

     

     

    No segmento, “A regra de distribuição do ICMS e da meritocracia nutrem a crença de que os problemas de desigualdade escolar são intrínsecos à escola (...), pode-se substituir o termo em negrito por “a qual”, sem prejuízo à correção textual. 

  • a) “Os municípios e estados que quiserem ser bem sucedidos → Usa-se o cujos quando quiser dar ideia de posse, não é o caso. Errada

    b) as escolas de “sucesso” serão aquelas que treinarem os alunos/serão aquelas as quais treinarem os alunos. Certa

    c) nutrem a crença de que os problemas/nutrem a crença a qual os problemas, faltou a preposição de: da qual. Errada

    d) Esta é a “filosofia educacional” que deverá se fortalecer no país → Não se usa crase antes de verbos. Errada

    e) sobre os resultados... que foi divulgado nesta semana, o qual deveria → A proposição sobre rejeita o pronome relativo que. Errada

  • Considerações:

     

    C) Nutrir é um verbo transitivo direto e indireto. Pede a preposição "de".

     

    E) Neste item entendo que o pronome relativo o qual substitui o seu antecendente "há um dado". Neste caso caberia o relativo "que".

  • Parabéns! Você acertou!

  • RUMO AO TRT

  • RUMO AO SUCESSO

  • GABARITO B

     

    PRONOME RELATIVO

    Aqueles que representam nomes já mencionados anteriormente e com os quais se relacionam. E podem ser substituídos por o qual, a qual, as quais, os quais...

    ex.:

    O racismo é um sistema que afirma a superioridade de um grupo racial sobre outros.
    O racismo é um sistema o qual afirma a superioridade de um grupo racial sobre outros. (deu certinho, viram?) Logo, será pronome relativo.

     

     

    CONJUNÇÃO INTEGRANTE

    O que funcionará como conjunção integrante quando puder ser substituído por isso.

    ex.:

    Eu estava dizendo que podemos ir ao shopping mais tarde.

    Eu estava dizendo isso. (deu certinho, viram?) Logo, será conjunção integrante.