SóProvas


ID
2243797
Banca
IDECAN
Órgão
SEARH - RN
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                   Arte e natureza

      A natureza é uma grande musa. É por ela, e por meio dela, que sentimos a força criadora do entusiasmo – energia maior da inspiração que nos permite registrar, com prazer, a experiência da beleza refletida na harmonia das formas e no delicado equilíbrio das cores naturais. Para os antigos gregos, o entusiasmo (em + theos) nascia do encontro com o daimon, um gênio bondoso que seria o nosso guia pela vida inteira. Essa experiência nos permite também ter uma simpatia especial com o natural. E desperta a nossa criança interior, que estaria ansiosa para continuar brincando.

      Esse é o momento em que o fotógrafo de natureza pega sua câmera, pois escuta a voz interior da inspiração falar: “Vá, exercite suas asas, faça o registro, descubra sua luz e espalhe sua voz pelos quatro cantos do mundo!” O desejo começará a fazer as pazes com o coração para que todos possam aprender, apreciar e amar a natureza. Conjugar o natural com o artístico, fazer da imagem um ornamento, um texto atraente – eis as primeiras condições de uma estética do natural.

      O belo natural é a matriz primeira do belo artístico. Essa é a expressão mimética mais convincente da beleza ideal como tanto defendia Kant. É por isso que a arte ecológica tanto nos seduz, porque estimula o olhar na ampliação desse grande mistério que é ser. O artista é o que intui melhor esse sentimento e busca compulsivamente exprimi‐lo por meio do seu trabalho. O artista ecológico vive dessa temperatura e é por meio da natureza que ele fala, ou melhor, é por ela que ele aprende a falar com sua própria voz. E o momento da criação surge quando, levados por aquela força inspiradora, a intuição e a experiência racional se abraçam numa feliz alquimia. Fiat lux! É o instante em que esse encontro torna‐se obra, registro e documentação.

      Se o artista foi tocado pela musa, desse momento em diante será sempre favorecido por esse impulso. Essa força não é apenas a expressão passageira de uma vontade, mas uma busca pela vida toda na direção de algo ansioso por se tornar imagem. Esse algo é a obra de arte cuja função não vai ser apenas a de agradar, mas a de transmitir a mensagem daquela conivência.

      Quando o homem está inspirado, nada o detém. Se o sofrimento e toda sorte de obstáculos o atingem, ele cria na dor; e esse sacrifício (sacro‐ofício), ao término da obra, se tornaria um exemplo de persistência e de nobreza de espírito. Se está feliz, ele expressa sua felicidade no trabalho. Nesse instante, por exemplo, o fotógrafo da natureza, no sozinho da sua alma, poderá dizer: “Translúcida inspiração, eu a vejo em brilho com seu sorriso pintado em azul. Deixe‐me por um momento desenhar seu vulto na alquimia luminosa da minha lente!”

      Podemos concluir que o brilho de uma obra de arte nunca se apaga, isto é, ela nunca termina de dizer. No sentido de que, enquanto houver espectador para avaliar, apreciar, cuidar, guardar e restaurar, haverá obra e, assim, ela estará sempre acima do tempo. Desse tempo que destrói, desfigura e mata. O quadro “Guernica”, do pintor espanhol Pablo Picasso, por exemplo, devolve ao avaliador uma mensagem tão poderosa que aquela obra provocará surpresa e admiração enquanto existir um olhar que a contemple e avalie.

      E é esse olhar que faz da obra do tempo histórico uma surpreendente permanência, a despeito da perda do efêmero e do fugidio. No final, o artista, o espectador, a obra e o tempo se congratulam. É essa junção de forças que mantém vivo todo trabalho artístico. Ainda bem que a natureza sabe escolher com paciência seus artesãos. Isto é, aqueles que vão dizê‐la com suas próprias vozes, como o fotógrafo, o escultor, o desenhista, o músico e o pintor.

     (Alfeu Trancoso – Ambientalista e professor de Filosofia da PUC/ Minas.)

A expressão sublinhada que exerce uma função sintática DIFERENTE das demais por ser considerada um adjunto e não um complemento é

Alternativas
Comentários
  •  a) perda do efêmero. PERDA=Abstrato

     b) meio da natureza.  MEIO=Abstrato

     c) momento da criação. MOMENTO=Abstrato

     d) fotógrafo da natureza. FOTÓGRAFO=Concreto

    O ADJ ADN pode referir-se a termos CONCRETOS ou ABSTRATOS. Já o CN refere-se somente a termos abstratos.

    Letra D

  • Outro Fator é que o adjunto especifica, restinge. Não é qualquer fotógrafo, mas fotógrafo da natureza. Observar também a semãntica de posse

  • Complemento Nominal:

    Relaciona-se com substantivos abstrato, adjetivo, adverbio.

    Preposicionado.

    Paciente.


    Adjunto Adverbial:

    Relaciona-se com substantivo concreto.

    Pode ser preposicionado.

    Agente


    A) perda do efêmero. / O efêmero foi perdido (Paciente) - Complemento Nominal

    B) meio da natureza.  / Advérbio - Complemento Nominal

    C) momento da criação. / Advérbio - Complemento Nominal

    D) fotógrafo da natureza. / Substantivo concreto - Adjunto Adnominal

  • Fotógrafo- substantivo concreto, portanto ADJ ADNOMINAL

  • GABARITO LETRA D

    FOTÓGRAFO -------- SUBS CONCRETO---------- ADDN

  • GABARITO LETRA D

    FOTÓGRAFO -------- SUBS CONCRETO---------- ADDN

  • GABARITO LETRA D

    FOTÓGRAFO -------- SUBS CONCRETO---------- ADDN

  •  A) perda do efêmero.

    perda->Abstrato

     B) meio da natureza.

     meio->Abstrato

     C) momento da criação.

    momento->Abstrato

     D) fotógrafo da natureza.

    fotografo->Concreto

    diante de substantivo concreto sempre sera adjunto adnominal

  • Acrescentando:

    1º O Adjunto pratica a ação!

    O ADJ TRABALHA COM SUBSTANTIVOS CONCRETOS E ABSTRATOS.

    O CN sofre a ação

    O CN SOMENTE SE LIGA A SUBSTANTIVOS ABSTRATOS, ADJETIVOS E ADVÉRBIOS

    O complemento nominal é necessariamente preposicionadoo adjunto pode ser ou não. Então, se não tiver preposição, não há como ser CN e vai ter que ser adjunto.

    Então, se o termo preposicionado se ligar a um adjetivo ou advérbio, não há dúvida, é complemento nominal.

    ..............

    Substantivo Concreto é aquele que designa o ser que existe, independentemente de outros seres.

    Obs.: os substantivos concretos designam seres do mundo real e do mundo imaginário.

    ·        Seres do mundo real: homem, mulher, cadeira, cobra, Brasília, etc.

    ·        Seres do mundo imaginário: saci, mãe-d'água, fantasma, etc.

    Substantivo Abstrato é aquele que designa seres que dependem de outros para se manifestar ou existir.

    Os substantivos abstratos designam estados, qualidades, ações e sentimentos dos seres, dos quais podem ser abstraídos, e sem os quais não podem existir. Por exemplo: vida (estado), rapidez (qualidade), viagem (ação), saudade (sentimento).