SóProvas


ID
2267698
Banca
IBFC
Órgão
EBSERH
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                               O Sudoeste e a Casuarina

                                                                        (Joel Silveira)

Entre a fuga do vento Nordeste e o primeiro sopro frio do Sudoeste, há um instante vazio e ansioso: as cigarras calam, se eriçam as águas da lagoa e as casuarinas, que se balançavam indolentes, imobilizam-se na rigidez morta e reta dos ciprestes. Os urubus debandam das palmeiras, os pescadores recolhem as velas, e daqui da varanda vejo os lagartos procurarem medrosos os seus esconderijos. “É o sudoeste”, penso, e logo ele chega carpindo penas e desgraças que não são suas.

“Estou vindo do mar alto, trago histórias”, diz ele com a sua voz agourenta. Ao que responde, enfastiada, a Casuarina: “Detesto as tuas histórias”.

Também eu, porque sei o que signifca pra mim o pranto desatado e frio. Logo esta varanda, que o Nordeste amornara para o meu sono, estará tomada por tudo o que o vento ruim traz consigo: a baba do oceano doente, a escuma amarela e pútrida, o calhau sangrento, o grito derradeiro dos náufragos, os olhos esbugalhados das crianças afogadas que não entenderam o último instante, o hálito pesado do marinheiro que morreu bêbado e blasfemo, o lamento do grumete que o mastaréu partido matou e atirou ao mar.

Assim são as histórias do Sudoeste. Ouvindo-as (e tenho de ouvi-las, como se elas viessem de dentro de mim, como se por dentro eu tivesse mil frinchas por entre as quais o Sudoeste passa e geme) ressuscito os meus mortos e minhas tristezas e a eles incorporo a amargura dos incertos e a angústia sobressaltada dos que têm medo – tão minhas agora. E vejo, destacada na escuridão como uma medusa no mar, a mão lívida do meu pai morto, imobilizada no gesto, talvez amigo, que não chegou a ser feito; e os pequenos dentes do meu irmão Francisco, que morreu sorrindo; e escuto, nos soluços do vento, aquele terrível convulso regougar de Maria que a morte levou num mar de sangue e vômito; e tremo e me apavoro, não por receio de não ter enterrado para sempre meus mortos, mas por medo de tê-los enterrado antes de ter pago tudo o que lhes devia.

Vocabulário:

Casuarina – espécie de árvores e arbustos

Cipreste – planta usada para arranjos às quais se associa a ideia de tristeza

Carpindo – capinar

Calhau – pedra de pequena dimensão

Grumete – graduação mais inferior da Marinha

Mastaréu – mastro pequeno

Regougar – soltar a voz

Na passagem “diz ele com a sua voz agourenta.“ (2º§), o pronome destacado tem como referente:

Alternativas
Comentários
  • O autor faz uso do discurso indireto livre, reproduzindo na íntegra a fala do vento sudoeste, e também interpretando e reescrevendo o que o vento sudoeste disse. Observe:

    É o sudoeste”, penso, e logo ele chega carpindo penas e desgraças que não são suas. (§1º)

    “Estou vindo do mar alto, trago histórias”, diz ele com a sua voz agourenta. Ele quem? O vento sudoeste.

  • Errei, enão tinha entendido obrigada pela explicação Mariana.

  • Não entendi foi nada!

    kkkkkkkk

     

  • Entre a fuga do vento Nordeste e o primeiro sopro frio do (vento)Sudoeste.

     

    É o sudoeste”, penso, e logo ele chega carpindo penas e desgraças que não são suas.

    Estou vindo do mar alto, trago histórias”, diz ele(vento do Sudoeste) com a sua voz agourenta. Ao que responde, enfastiada, a Casuarina: “Detesto as tuas histórias”.

  •  “É o (VENTO) sudoeste”, penso, e logo ele chega carpindo penas e desgraças que não são suas.

    “Estou vindo do mar alto, trago histórias”, diz ele (VENTO SUDOESTE)com a sua voz agourenta.

     

    GABA    D

  • Custei a entender... caracas

  • O termo "ele" tem a função de retomar o termo ''Sudoeste'' que nesse caso é o Vento!

     “É o sudoeste”, penso, e logo ele chega carpindo penas e desgraças que não são suas. (§1º)

    “Estou vindo do mar alto, trago histórias”, diz ele com a sua voz agourenta.(§2º)

    Portanto "ele" é utilizado como elemento de Coesão Referecial.

    Coesão Referencial: Quando se utiliza pronomes para substituir o substantivo.

    Coesão Sequencial: Quando utiliza conjunções para ligar partes do texto e dar sequências, progressão naquilo que se diz.

    Gabarito letra D.

  • Sudoeste é o nome dado ao vento de certas regiões e é a ele que o pronome faz referência.

     

     

    Gabarito D

  • Não diria vento, mas sim o sopro frio do Sudoeste como diz na primeira linha do texto.

  • Coesão referencial 

  • Assimilei a referência do "Diz ele" com base no vocabulário exposto no texto, referente à resposta feita pela "Casuarina" no texto.

  • TEM QUE LER O TEXTO NÃO SÓ O FRAGMENTO PQ EXISTE A COESÃO REFERENCIAL GAB D

  • eu fiquei: ele quem? ele quem? hein... ai fui por eliminação