SóProvas


ID
2300059
Banca
CONSULPLAN
Órgão
CREA-RJ
Ano
2011
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Os cabeças-sujas e seu mundinho

A pessoa que joga lixo na rua, na calçada ou na praia se revela portadora de uma disfunção mental e social que a inabilita para o sucesso no atual estágio da civilização.

    Que tipo de gente joga lixo na rua, pela janela do carro ou deixa a praia emporcalhada quando sai? Uma das respostas corretas é: um tipo que está se tornando mais raro. Sim. A atual geração de adultos foi criança em um tempo em que jogar papel de bala ou a caixa vazia de biscoitos pela janela do carro quase nunca provocava uma bronca paterna. Foi adolescente quando amassar o maço vazio de cigarros e chutá-lo para longe não despertava na audiência nenhuma reação especial, além de um “vai ser perna de pau assim na China”. Chegou à idade adulta dando como certo que aquelas pessoas de macacão com a sigla do Serviço de Limpeza Urbana estampada nas costas precisam trabalhar e, por isso, vamos contribuir sujando as ruas. Bem, isso mudou. O zeitgeist, o espírito do nosso tempo, pode não impedir, mas, pelo menos, não impele mais ninguém com algum grau de conexão com o atual estágio civilizatório da humanidade a se livrar de detritos em lugares públicos sem que isso tenha um peso, uma consequência. É feio. É um ato que contraria a ideia tão prevalente da sustentabilidade do planeta e da preciosidade que são os mananciais de água limpa, as porções de terra não contaminadas e as golfadas de ar puro.

    E, no entanto, as pessoas ainda sujam, e muito as cidades impunemente.

    Só no mês de janeiro, 3000 toneladas de lixo foram recolhidas das praias cariocas – guimbas de cigarro, palitos de picolé, cocô de cachorro e restos de alimento. Empilhadas, essas evidências de vida pouco inteligente lotariam cinco piscinas olímpicas. Resume o historiador Marco Antônio Villa: “Ao contrário de cidadãos dos países desenvolvidos, o brasileiro só vê como responsabilidade sua a própria casa e não nutre nenhum senso de dever sobre os espaços que compartilha com os outros – um claro sinal de atraso”.

    O flagrante descaso com o bem público tem suas raízes fincadas na história, desde os tempos do Brasil colônia. No período escravocrata, a aristocracia saía a passear sempre com as mãos livres, escoltada por serviçais que não só carregavam seus pertences como limpavam a sujeira que ia atirando às calçadas. Não raro, o rei Dom João VI fazia suas necessidades no meio da rua, hábito também cultivado pelo filho, Pedro I, e ainda hoje presente. Foi com a instauração da República que o Estado assumiu, de forma sistemática, o protagonismo no recolhimento do lixo, mas isso não significou, nem de longe, nenhuma mudança de mentalidade por parte dos brasileiros. Cuidar da sujeira continuou a ser algo visto como aquilo que cabe a terceiros – jamais a si mesmo.

    Existe uma relação direta entre o nível de educação de um povo e a maneira como ele lida com o seu lixo. Não por acaso, o brasileiro está em situação pior que o cidadão do Primeiro Mundo quando se mede a montanha de lixo nas ruas deixada por cada um deles.

    Desde a Antiguidade, as grandes cidades do mundo, que já foram insalubres um dia, só conseguiram deixar essa condição à custa de um intenso processo de urbanização, aliado à mobilização dos cidadãos e a severas punições em forma de multa. “A concepção do bem público como algo valoroso nunca é espontânea, mas, sim, fruto de um forte empenho por parte do Estado e das famílias”, diz o filósofo Roberto Romano.

(Veja 09/03/2011, pág. 72 / com adaptações)

Assinale a alternativa correta quanto à ortografia, à acentuação gráfica, ao vocabulário usado no texto:

Alternativas
Comentários
  • Essa aqui foi por eliminação, uma vez que a opção B não é muito clara, cabendo interpretação.

  • GABARITO: B

     

    Desdém: indiferença, descaso, orgulho, altivez, arrogância, desconsideração, desprezo.

     

    Fonte: https://www.sinonimos.com.br/desdem/

  •   “a.lém =  oxítona    /       “ci.vi.li.za..ri.o”   =    paroxítona

     

    pró.pri.os =     proparoxítona    /      nin.guém  =   oxítona

     

     

    Q495051 Q780064

           

                                                               QUESTÃO MODELO: Q818816 Q824462 Q332589

     

    VIDE:    https://www.youtube.com/watch?v=hgF5_RC6H8M

     

    DECIO TERROR    26min

     

                           MACETE: CHAMA A PALAVRA EM VOZ ALTA !!!

     

    De acordo com a tonicidade, as palavras são classificadas como:

    Oxítonas: são aquelas cuja sílaba tônica recai sobre a ÚLTIMA SÍLABA.

    Ex.: café – coração – cajá – atum – caju – papel

     

    Paroxítonas: são aquelas em que a sílaba tônica evidencia-se na PENÚLTIMA SÍLABA.

     

    Ex.: útil – tórax – táxi – leque – retrato – passível

     

    Proparoxítonas: são aquelas em que a sílaba tônica evidencia-se na ANTEPENÚLTIMA sílaba.

    Ex.: lâmpada –  câmara –  tímpano – médico – ônibus

    Acentuação gráfica

    Regras fundamentais:

    Proparoxítonas: todas são acentuadas. Ex.: analítico, hipérbole, jurídico, cólica.

     

    Palavras oxítonas: acentuam-se todas as oxítonas terminadas em "a", "e", "o", "em", seguidas ou não do plural(s). Ex.: Pará – café(s) – cipó(s) – armazém(s)

     

    Essa regra também é aplicada aos seguintes casos:

    → Monossílabos tônicos terminados em "a", "e", "o", seguidos ou não de “s”.

    Ex.: pá – pé – dó –  há

    → Formas verbais terminadas em "a", "e", "o" tônicos seguidas de lo, la, los, las.

    Ex.: respeitá-lo – percebê-lo – compô-lo.
     

    Paroxítonas:  Acentuam-se as palavras paroxítonas terminadas em:

                                                      ROUXINOL

    Acentuam-se as paroxítonas TERMINADAS em:   i, is   L, N, R, OS, X, US,

     

    i, is

    Ex.: táxi – lápis – júri

    us, um, uns

    Ex.: vírus – álbuns – fórum

    l, n, r, x, ps

    Ex.: automóvel – elétron - cadáver – tórax – fórceps

    ã, ãs, ão, ãos 

    Ex.: ímã – ímãs – órfão – órgãos



    Ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido ou não de s.

    Ex.: água – pônei – mágoa – jóquei

    Regras especiais:

      Os ditongos de pronúncia aberta "ei", "oi", que antes eram acentuados, perderam o acento com o Novo Acordo. Veja na tabela a seguir alguns exemplos:

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

    1-     OXÍ   -     TONAS   =       SÍLABAS MAIS FORTE      A ÚLTIMA  (OXI)    FO -   GA  -  RÉU

       A - TÉ

                                   OXÍTONA terminada em      A   -    E     -  O  -   EM    Além

     

                   OXÍTONAS:       Sílaba tônica:      ÚLTIMA

     

    Acentuam-se as OXÍTONAS terminadas em:  A (s),  E (s), O (s), EM e ENS

  • Uai... Nunca soube que próprio fosse proparoxítona... E não concordo que seja. Aliás, não é isso que o Houais diz. A palavra próprio é paroxítona: pró-prio.

  • Gostaria de esclarecimentos acerca da alternativa E.

    Grata! 

  • Respondendo a Daiana Ferreira em relação a alternativa E.

    O verbo "TER" NÃO pode ser usado com valor existêncial (valor de haver).

    Só se usa o verbo "TER" para posse.

  • Uso mais o vocábulo desdém....que descaso... questão bem fácil

  • Próprio é PAROXÍTONA. O fato de ser acentuada a torna, no caso, ditongo crescente. Para fazer essa classificação, basta olhar o vizinho... se a sílaba vizinha for acentuada, é junto (pró-prio, prê-mio, ho--rio). Se não tiver acento, mantem a regra da paroxitona, mas haverá separação, alterando a sílaba tônica, haja vista que se não alterasse seria proparoxitona e o acento seria, via de consequencia, obrigatório (me-lan-ci-a, e-co-no-mi-a). 

  • Antes de tudo, é preciso, para responder esta questão, de um conhecimento prévio sobre as:

     

    + Separação Silábica;

    + Regras de acentuação e Ortografia;  

    + Regras do verbo haver; e

    + pontuação.

     

    a) ERRADA. As palavras “além”, “civilizatório” são acentuadas, respectivamente, pelas mesmas razões que “próprios”, “ninguém”.

    (A-lém - Oxítona terminada em "em", Ci-vi-li-za-tó-rio - paroxítona terminada em ditongo crescente)

     

     b) CORRETA. “O flagrante descaso com o bem público...” A palavra grifada pode ser substituída por “desdém” mantendo o sentido.

    (REVEJA COMENTÁRIO DO ROBERTO FROIS)

     

     c) ERRADA. Estaria correta a frase se substituir “flagrante” por “fragrante” na frase que inicia o 4º§; “O flagrante descaso com o bem público...” ficando assim: “O fragrante descaso...”

    (Acho uma das mais complicadas, pois necessita de memorizar e comprender o sentido das duas palavras: Flagrante- que se registra no momento, Fragrante - que possui odor agragável. AppDicio) sentido diferente.

     

     d) ERRADA. As aspas usadas no texto: “vai ser perna de pau lá na China” destacam citação de um historiador.

    (Muito sem noção essa - mostra sim uma citação, mas não de um historiador. Foi a fala do personagem citado)

     

     e) ERRADA. Pode-se substituir, mantendo a correção gramática o verbo “haver” por “ter” na frase “Há relatos de que os aristocratas não se preocupavam com a limpeza dos espaços públicos.” “Tem relatos de que os aristocratas...”.

    (nesse período o verbo HAVER está no sentido de existir - faz a troca - então não é possível)

  • As questões da consuplam requer conhecimento em várias áreas do português. Se for uma questão de crase, eles cobram regência, pronome e preposição juntos.

  • Verbo haver no sentido de existir = impessoal ,não flexiona ,pois não tem sujeito como referente ,mas tem objeto direto.

    Lembrando que o verbo haver no sentido de ter é flexionado .

    Ex: Soube que aqueles (estes ) homens tinham / haviam viajado .

    Verbo ter não pode ser usado no sentido de existir ,só no sentido de posse,pois o seu uso no sentido de existir é contra a norma culta.