SóProvas


ID
2318758
Banca
IESES
Órgão
Prefeitura de São José do Cerrito - SC
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

LÍNGUAS MUDAM
Por Sírio Possenti. Adaptado de: http://www.cienciahoje.org.br/noticia/v/ler/id/3089/n/linguas_mudam Acesso em 13 jan 2017.
Que as línguas mudam é um fato indiscutível.O que interessa aos estudiosos é verificar o que muda, em que lugares uma língua muda, a velocidade e as razões da mudança. Desde a década de 1960, um fator foi associado sistematicamente à mudança: a variação. Isso quer dizer que, antes que haja mudança de uma forma a outra, há um período de variação, quando as duas (ou mais) ocorrem – inicialmente em espaços ou com falantes diferentes. Aos poucos, a forma nova vai sendo empregada por todos; depois, a antiga desaparece. [...].
Os sociolinguistas, eventualmente, fazem testes para verificar se um caso de variação é ou não candidato à mudança. O teste simula a passagem do tempo verificando qual é a forma adotada pelos falantes mais velhos e pelos mais jovens. Por exemplo: se os mais velhos escrevem ou dizem sistematicamente “para fazer uma tese é preciso que...” e os mais jovens, “para se fazer uma tese...”, este é um indício de que o infinitivo sem sujeito, nesta posição, tende a desaparecer com o desaparecimento dos falantes mais idosos (e “para se fazer” será a forma única, pelo menos durante um tempo).
De vez em quando, há discussões sobre certos casos. Dois exemplos: o pronome ‘cujo’ e a segunda pessoa do plural dos verbos (‘jogai’ etc.). Minha avaliação (bastante informal) é que ‘cujo’ desapareceu. O que quer dizer “desapareceu”? Que não se emprega mais? Não! Quer dizer que não é mais de emprego corrente; só aparece em algumas circunstâncias – tipicamente, em textos muito formais (em geral de autores idosos). E, claro, em textos antigos.
Que apareça em textos antigos é uma evidência de que a forma era / foi empregada. Que apareça cada vez menos é um indício de que tende a desaparecer. Com um detalhe: desaparecer não quer dizer não aparecer nunca mais em lugar nenhum. Quer dizer não ser de uso corrente. Para fazer uma comparação, ‘cujo’ é como a gravata borboleta: só usamos esse item em certas cerimônias, ou seu uso é uma idiossincrasia [...].
Outro caso é a segunda pessoa do plural, em qualquer tempo ou modo. Recentemente, um colunista defendeu a tese de que a forma está viva. Seu argumento: aparece em cartazes de torcedores em estádios de futebol, especialmente do Corinthians, no apelo “jogai por nós”. Mesmo que este seja um fato, a conclusão é fraca. A forma é inspirada numa ladainha de Nossa Senhora, toda muito solene, muito mais do que formal. E é bem antiga, traduzida do latim. [...] A cada invocação, os fiéis respondem “rogai por nós”. “Jogai por nós” é uma fórmula inspirada em outra fórmula, típica desta oração. Para que se possa sustentar que a segunda pessoa do plural não desapareceu, seria necessário que seu uso fosse regular. Que, por exemplo, os corintianos também gritassem “Recuai, Wendel”, “Não erreis estas bolas fáceis, Vagner Love”, “Tite, fazei Malcolm treinar finalizações” e, quando chateados, gritassem “Como sois burro!”. Espero que nenhum colunista sustente que isso ocorre... [...] O caso “jogai” me faz lembrar outro, da mesma natureza, de certa forma. Se há um fato consensual em português (do Brasil) é que não se diz naturalmente “ele o/a viu, vou fazê-la sair”. Estas formas pronominais objetivas diretas de terceira pessoa são verdadeiros arcaísmos. Só são parcialmente aprendidas na escola. Os alunos começam a empregá-las depois de alguns anos, um pouco por pressão, um pouco porque se dão conta de que cabem em textos mais monitorados. Mas essas formas nunca aparecem na fala deles (e são muitíssimo raras também na fala de pessoas cultas, como as que aparecem em debates na TV).
Curiosamente, uma das formas de manifestar chateação, com perdão da expressão, é “p*** que o pariu”! Aqui, o pronome oblíquo aparece! Entretanto, ninguém vai dizer que esse é um argumento para sustentar que o pronome oblíquo está vivo. Se disser...
Sírio Possenti Departamento de Linguística - Universidade Estadual de Campinas
 

Assinale a resposta correta sobre o resultado da combinação dos verbos com os pronomes: fizeram + a; fez + o; mostramos + nos; fizemos + lhes.

Alternativas
Comentários
  • Alguém sabe me explicar porque a letra C estÁ certa?

  • Lhe, Lhes = substituem Objeto indireto, introduzido pela preposição "a" e com ideia de destinatário. Neste caso, não é objeto indireto mas é objeto direto preposicionado com a ideia de destinatário:

    fizemos-lhes = fizemos a eles ex.: Eles mudaram-se para outra cidade, por isso fizemos-lhes uma surpresa.

    Verbos terminados em -R, -S, -Z + pronome (o, a, os, as) ganham a adaptação com "L" e perdem a última letra da palavra, assim:

    Fizemos + o = fizemo-lo ex: Fizemos um bolo rapidamente mas fizemo-lo com carinho.

    Por conseguinte, a forma fizemo-lhes está errada.

  • @Pedro,
    A regra do "cortar o r, s e z", só vale para quando for "o, a, os, as". Não vale quando é "lhe" (e afins)

  • GAABARITO LETRA C.

  • Achei esse site com essa teoria...

    http://www.lpeu.com.br/q/iphvm

  • Se o verbo for transitivo indireto terminado em "S", seguido de "lhe (s)", mantém-se a terminação "S".

  • Boa tarde!

    ADAPTAÇÃO
    Os verbos e pronomes sofrem adaptações quando se encontram nas seguintes situações:
    . verbos terminados em R, S ou Z + pronomes o, os, a, as => os verbos perdem a letra R, S ou Z e o pronome recebe o acréscimo da letra l:
    estudar + o = estudá-lo fiz + as = fi-las fizemos + as = fizemo-las
    construir + as = construí-las traz + o = trá-lo quis + os = qui-los
    repartir + as = reparti-la diz + os = di-los repôs + as = repô-las
    . verbo terminado em som nasal (terminado em m ou til) + pronomes o, os, a, as => somente se acrescenta a letra n ao pronome:
    amem + as = amem-nas recebem + os = recebem-nos chamam + a = chamam-na
    dão+ as = dão-nas dispõe + os = dispõe-nos contrapõe +o = contrapõe-no
    . os verbos conjugados na primeira pessoal plural (nós) perdem o -s final quando recebem, em ênclise, o pronome nos:
    referimos + nos = referimo-nos identificamos + nos = identificamo-nos
    queixamos + nos = queixamo-nos amemos + nos = amemo-nos

    Ensinamentos do professor João Bolognesi, Damásio de Jesus.

    Natália.

  • Essa foi na experiência.

  • Os verbos conjugados na primeira pessoal plural (nós) perdem o -s quando recebem, em ênclise, o pronome nos:

    Ex.:referimos + nos = referimo-nos identificamos + nos = identificamo-nos.