SóProvas


ID
2332639
Banca
IBADE
Órgão
Prefeitura de Rio Branco - AC
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto para responder à questão.

Preto é cor, negro é raça

  O refrão de uma marchinha carnavalesca, de amplo domínio público, oferece uma pista interessante para a compreensão do critério objetivo que a sociedade brasileira emprega para a classificação racial das pessoas: “O teu cabelo não nega, mulata, porque és mulata na cor; mas como a cor não pega, mulata, mulata eu quero o teu amor”.
  Escrita por Lamartine Babo para o Carnaval de 1932, a marchinha realça a ambiguidade das relações raciais, ao mesmo tempo em que ilustra a opção nacional pela aparência, pelo fenótipo. Honesto e preconceituoso em sua definição de negro, Lamartine contribui mais para o debate sobre classificação racial do que muitos doutores.
  Com efeito, ao contrário do que pensa o presidente eleito, bem como certos acadêmicos, os cientistas pouco podem fazer nesta seara, além de, em regra, exibirem seus próprios preconceitos ou seu compromisso racial com a manutenção das coisas como elas estão.
  Primeiro porque, como se sabe, raça é conceito científico inaplicável à espécie humana, de modo que o vocábulo raça adquire relevância na semântica e na vida apenas naquelas sociedades em que a cor da pele, o fenótipo dos indivíduos, é relevante para a distribuição de direitos e oportunidades.
  Segundo, porque as pessoas não nascem negras ou brancas; enfim, não nascem “racializadas”. É a experiência da vida em sociedade que as torna negras ou brancas.
   “Todos sabem como se tratam os pretos”, assevera Caetano Veloso na canção “Haiti”.
  Em sendo um fenômeno relacional, a classificação racial dos indivíduos repousa menos em qualquer postulado científico e mais nas regras que regem as relações, intersubjetivas, econômicas e políticas no passado e no presente.
 Negro e branco designam, portanto, categorias essencialmente políticas: é negro quem é tratado socialmente como negro, independentemente de tonalidade cromática. É branco aquele indivíduo que, no cotidiano, nas estatísticas e nos indicadores sociais, abocanha privilégios materiais e simbólicos resultantes do possível mérito de ser branco. Esse sistema funciona perfeitamente bem no Brasil desde tempos imemoriais.
  A título de exemplo, desde a primeira metade do século passado, a Lei das Estatísticas Criminais prevê a classificação racial de vítimas e acusados por meio do critério da cor. Emprega-se aqui a técnica da heteroclassificação, visto que ao escrivão de polícia compete classificar, o que é criticado pela demografia, que entende ser mais recomendável, do ângulo ético e metodológico, a autoclassificação.
   Há um outro banco de dados no qual o método empregado é o da autoclassificação: o Cadastro Nacional de Identificação Civil, feito com base na ficha de identificação civil, a partir da qual é emitida a cédula de identidade, o popular RG. Tratase de uma ficha que pode ser adquirida em qualquer papelaria, cujo formulário, inspirado no aludido Decreto-Lei das Estatísticas Criminais, contém a rubrica “cútis”, neologismo empregado para designar cor da pele. Assim, todas as pessoas portadoras de RG possuem em suas fichas de identificação civil a informação sobre sua cor, lançada, em regra, por elas próprias.
  Vê-se, pois, que o Cadastro Nacional de Identificação Civil oferece uma referência objetiva e disponível para o suposto problema da classificação racial: qualquer indivíduo cuja ficha de identificação civil, dele próprio ou de seus ascendentes (mãe ou pai), indicar cor diversa de branca, amarela ou indígena, terá direito a reivindicar acesso a políticas de promoção da igualdade racial e estará habilitado para registrar seu filho ou filha como preto/negro.
  Fora dos domínios de uma solução pragmática, o procedimento de classificação racial, que durante cinco séculos funcionou na mais perfeita harmonia, corre o risco de se tornar, agora, um terrífico dilema, insolúvel, poderoso o bastante para paralisar o debate sobre políticas de promoção da igualdade racial.
  No passado nunca ninguém teve dúvidas sobre se éramos negros. Quiçá no futuro possamos ser apenas seres humanos.
SILVA JÚNIOR, Hédio. Preto é cor, negro é raça. Folha de S.Paulo, São Paulo, 21 dez. 2002. Opinião, p.A3.

A oração “Negro e branco designam, portanto, categorias essencialmente políticas” é coordenada:

Alternativas
Comentários
  • Portanto: conjunção coordenada  que nos dá ideia de conclusão.

  • Conclusivas: ligam a oração anterior a uma oração que expressa ideia de conclusão ou consequência.

     

    São elas: logo, pois (depois do verbo), portanto, por conseguinte, por isso, assim.

  • Coordenar pressupõe justapor, no mínimo, duas orações independentes. Na frase lançada pelo enunciado, há apenas uma oração (oração absoluta = período simples), com um conectivo interferente. Logo, não há que se falar em oração coordenada sindética conclusiva, mas sim em uma oração conclusiva.

  • Porquanto = Porque  > EXPLICA;

    Portanto = logo > CONCLUI    !!

  • Q728319

     

    O texto se encaminha para uma conclusão.

     

    CONCLUSÃO:                    POR CONSEGUINTE,         LOGO,        PORTANTO,        ENFIM

                                                                 E  =       POR ISSO.      ENTÃO

                                                                   ,POIS, ENTRE VÍRGULAS

                                                 

  • “Negro e branco designam, portanto, categorias essencialmente políticas”

    “Negro e branco designam, pois, categorias essencialmente políticas”

    “Negro e branco designam, em vista disso, categorias essencialmente políticas”

     

    Todas essas conjunções poderiam ser usadas, pois configuram uma conjunção conclusiva.

  • Idéia de resultado, conclusão. Principais conjunções. Logo, portanto, pois (depois do verbo), por isso, assim, então, por conseguinte... = Oração coordenada conclusiva.

  • Conclusivas: exprimem ideia de conclusão ou consequência.

    logo

    portanto

    por isso

    pois

    assim

    por conseguinte

    então

    em vista disso

     

    - Preciso sair depressa, logo me ligue mais tarde.

    - Ele não faz boa redação, por conseguinte foi desclassificado.

    - A adoção nunca deixará de ser um gesto nobre. Portanto, abracemos a causa!

     

    Fonte: Fernando Pestana -  A gramática para concursos públicos.

  • Sobre a letra não pode ser pois ASSINDÉTICA é quando a oração não é ligada por conjunção.

  • Não seria ORAÇÃO ABSOLUTA (somente uma oração = 1 verbo)???. Nese caso oração conclusiva.

  • d) Conclusivas

    Exprimem conclusão ou consequência referentes à  oração anterior. As conjunções típicas são: logo, portanto e pois (posposto ao verbo). Usa-se ainda: então, assim, por isso, por conseguinte, de modo que, em vista disso, etc. Introduzem as orações coordenadas sindéticas conclusivas.

    Exemplos:

    Não tenho dinheiro, portanto não posso pagar.
    A situação econômica é delicada; devemos, pois, agir cuidadosamente.
    O time venceu, por isso está classificado.
    Aquela substância é toxica, logo deve ser manuseada cautelosamente.

  • LOGO, PORTANTO, ASSIM, DESSA FORMA, DESTARTE, DESSARTE.. = conj. conclusivas. 

  • Seria possivel alguém explicar por que é uma oração coordenada?? Não seria oração absoluta ??

  • Conclusivas: logo, pois, então, portanto, assim, enfim, por fim, por conseguinte, conseguintemente, consequentemente, donde, por onde, por isso. 

  • LETRA D

    Corroborando com o Enéas Carneiro:
    "As orações coordenadas não podem ser separadas por ponto (.). No entanto, se tais orações fossem separadas por ponto (...), teríamos orações absolutas (ou períodos simples). O uso do ponto (.) é apenas um recurso para entendermos como elas são, de fato, sintaticamente independentes... "

    A Gramática para Concursos Públicos, p 660 - Fernando Pestana

  • (conclusivaXexplicativa):
    conectivos dpois da virgula-->conclusiva.
    conectivos antes da virgula-->explicativa.

  • Essa dá pra fazer por eliminação tranquilamente, para que não se lembra das conjunção conclusivas das coordenadas.

  • A oração “Negro e branco designam, portanto, categorias essencialmente políticas” é coordenada: 

     

    Depois do verbo é conclusiva.
    Antes do verbo  é explicativa.

  • O. C. Assindéticas, são as frases ligadas entre si apenas pelo sentido.

    O. C. Sindéticas, são as frases que apresentam e necessitam, ainda que elipticamente, de uma conjunção.

    O. C. S Aditiva: Similitude -> E, bem como, e nem...

    O. C. S Adversativa: Contrariedade -> Pelo contrário, mesmo, embora, contudo, todavia...

    O. C. S Alternativa: Alternatividade -> Ou...

    O. C. S Conclusiva: Portanto, logo, por conseguinte, pois.

    O. C. S Explicativa: Porquanto, porque, pois, e geralmente separada por vírgulas.

  • A questão quer saber a classificação da oração coordenativa "Negro e branco designam, portanto, categorias essencialmente políticas". Vejamos:

    A assindética.

    Oração coordenada assindética: ligada às outras sem conjunção. No lugar da conjunção aparece vírgula, ponto e vírgula ou dois pontos. 

    Ex.: Ela almoçou tranquilapegou o carro, foi fazer a prova 

    B aditiva.

    Oração coordenada sindética aditiva: tem valor semântico de adição, soma, acréscimo. É ligada às outras por meio das seguintes conjunções: e, nem (e não), não só... mas também, mas ainda, como também, ademais, outrossim...  

    Ex.: Estudaram muito e passaram no concurso. 

    C adversativa.

    Oração coordenada sindética adversativa: tem valor semântico de oposição, contraste, adversidade, ressalva ... É ligada às outras por meio das seguintes conjunções: mas, porém, entretanto, todavia, contudo, no entanto, não obstante, inobstante, senão (= mas sim)... 

    Ex.: Não estudou muito, mas passou nas provas. 

    D conclusiva.

    Oração coordenada sindética conclusiva: tem valor semântico de conclusão, fechamento, finalização ... É ligada às outras por meio das seguintes conjunções: logo, portanto, por isso, por conseguinte, pois (depois do verbo), então, destarte, dessarte... 

    Ex.: Estudamos muito, portanto passaremos no concurso. 

    E completiva nominal.

    Oração subordinada substantiva completiva nominal: funciona como complemento nominal de um termo da oração principal.  

    Esqueminha: NOME (advérbio, substantivo ou adjetivo) + preposição + QUE 

    Ex.: Ele está certo de que será aprovado. (= Ele está certo de quê? DISSO) 

    Gabarito: Letra D

  • Por que a banca classificou essa oração como coordenada, visto que só há um verbo ali?