Continuando..
Esquema Conceitual Referencial Operativo (ECRO)
É considerado o instrumento de análise ideal do funcionamento do grupo como um todo e do indivíduo participante deste grupo. Vem, como unidade operacional, da Epistemologia Convergente. Este esquema é voltado para a aprendizagem através da TAREFA. O ECRO vai sendo construído na medida em que o trabalho do grupo for se desenvolvendo e depende da história da instituição ou do grupo em si, e da contribuição individual de cada componente: com suas histórias, seus esquemas conceituais, referenciais e operativos, colocados no interjogo das relações interpessoais que aí acontecem e vão se construindo.
Papéis do Grupo Operativo
Os indivíduos assumem diferentes papéis nos grupos dos quais fazem parte. Esses papéis vão sendo colocados naturalmente pelo grupo dependendo dos vínculos que vão se criando e normalmente são desempenhados pelos componentes que têm uma história pessoal que lhes permita desempenhá-los.
Estes papéis são móveis, ou seja, o indivíduo pode em determinado momento do grupo estar desempenhando um papel e mais adiante, em outra situação, estar em outro.
Líder de mudança: é aquele componente que provoca, instiga, sugere coisas novas levando o grupo a buscar algo novo, a mudança.
Líder de resistência: é aquele que, quando se sugere algo novo, tenta segurar o grupo a manter a situação anterior abrindo um espaço para a conservação.
Obs: As duas lideranças são importantes, porque é justamente no interjogo entre o novo e o conhecido que ocorrem as mudanças, as transformações e o crescimento individual e grupal.
Porta-voz: é aquele que traduz através de sua fala e de suas ações os sentimentos e as idéias que circulam no grupo, aparentes ou não.
Bode expiatório: é aquele que recebe e aceita a carga negativa do grupo, deixando-o mais leve e produtivo, já que o grupo está tendo em quem projetar seus pontos negativos.
Sintetizador: é aquele participante que consegue ouvir, perceber e captar o que se passa no grupo, expressando a síntese da discussão, integrando o que foi apresentado, mesmo que tenham surgido idéias opostas, o que quase sempre acontece.
O trabalho em Grupo Operativo é quase sempre um jogo de inter-relações, do qual todos fazem parte e ninguém é melhor ou pior que o outro. O tempo todo, mesmo sem que se perceba, há trocas entre os integrantes em todos os níveis. Analisar os diferentes papéis e sua circulação permite ao observador perceber o momento ideal para uma intervenção e sua real necessidade. O grupo torna-se mais saudável e produtivo quando os papéis circulam, proporcionando o crescimento individual e grupal, ou seja, a realização da tarefa e a transformação dos indivíduos.Trabalhar em grupo operativamente não é fácil, mas permite que ocorra maior circulação do saber de cada um e evita a cristalização de certos comportamentos que em outras circunstâncias impediria que a tarefa fosse realizada e que os componentes do grupo crescessem enquanto sujeitos.
Coordenador e Observador
O coordenador de grupo operativo não pode trabalhar nem como um psicanalista de grupo nem como um simples coordenador de grupo de discussão e tarefa. Sua intervenção se limita a sinalizar as dificuldades que impedem ao grupo enfrentar a tarefa. Dispõe para isso de um ECRO pessoal a partir do qual tentará decifrar essas dificuldades, propondo ao grupo as hipóteses que lhe permitam tornar-se a si mesmo como objeto de estudo e ir revelando as dificuldades que aparecem na comunicação e aprendizagem. O coordenador não está ali para responder as questões mas, para ajudar o grupo a formular aquelas que permitirão o enfrentamento dos medos básicos. Ele cumpre no grupo um papel prescrito: o de ajudar os membros a pensar, abordando o obstáculo epistemológico configurado pelas ansiedades básicas. Seu instrumento é a sinalização das situações manifestas e a interpretação da causalidade subjacente.
O observador, na forma tradicional de grupo operativo, é um elemento não participante e ao mesmo tempo em que serve de tela de projeção por sua característica de permanecer silencioso, registra material expresso tanto verbalmente como pré-verbalmente nos distintos momentos grupais. Depois da sessão grupal as notas do observador são analisadas em conjunto com o coordenador, que juntos podem repensar as hipóteses e adequá-las em função do processo grupal.
Extraído de: http://supervisaopsicopedagogica.com.br/?p=76