SóProvas


ID
2354974
Banca
CONSULPLAN
Órgão
TRF - 2ª REGIÃO
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Medo e preconceito

      O tema é espinhoso. Todos somos por ele atingidos de uma forma ou de outra, como autores ou como objetos dele. O preconceito nasce do medo, sua raiz cultural, psíquica, antropológica está nos tempos mais primitivos – por isso é uma postura primitiva –, em que todo diferente era um provável inimigo. Precisávamos atacar antes que ele nos destruísse. Assim, se de um lado aniquilava, de outro esse medo nos protegia – a perpetuação da espécie era o impulso primeiro. Hoje, quando de trogloditas passamos a ditos civilizados, o medo se revela no preconceito e continua atacando, mas não para nossa sobrevivência natural; para expressar nossa inferioridade assustada, vestida de arrogância. Que mata sob muitas formas, em guerras frequentes, por questões de raça, crença e outras, e na agressão a pessoas vitimadas pela calúnia, injustiça, isolamento e desonra. Às vezes, por um gesto fatal.

      Que medo é esse que nos mostra tão destrutivos? Talvez a ideia de que “ele é diferente, pode me ameaçar”, estimulada pela inata maldade do nosso lado de sombra (ele existe, sim).

     Nossa agressividade de animais predadores se oculta sob uma camada de civilização, mas está à espreita – e explode num insulto, na perseguição a um adversário que enxovalhamos porque não podemos vencê-lo com honra, ou numa bala nada perdida. Nessa guerra ou guerrilha usamos muitas armas: uma delas, poderosa e sutil, é a palavra. Paradoxais são as palavras, que podem ser carícias ou punhais. Minha profissão lida com elas, que desde sempre me encantam e me assombram: houve um tempo, recente, em que não podíamos usar a palavra “negro”. Tinha de ser “afrodescendente”, ou cometíamos um crime. Ora, ao mesmo tempo havia uma banda Raça Negra, congressos de Negritude... e afinal descobrimos que, em lugar de evitar a palavra, podíamos honrá-la. Lembremos que termos usados para agredir também podem ser expressões de afeto. “Meu nego”, “minha neguinha”, podem chamar uma pessoa amada, ainda que loura. “Gordo”, tanto usado para bullying, frequentemente é o apelido carinhoso de um amigo, que assim vai assinar bilhetes a pessoas queridas. Ao mesmo tempo, palavras como “judeu, turco, alemão” carregam, mais do que ignorância, um odioso preconceito.

      De momento está em evidência a agressão racial em campos esportivos: “negro”, “macaco” e outros termos, usados como chibata para massacrar alguém, revelam nosso lado pior, que em outras circunstâncias gostaríamos de disfarçar – a grosseria, e a nossa própria inferioridade. Nesses casos, como em agressões devidas à orientação sexual, a atitude é crime, e precisamos da lei. No país da impunidade, necessitamos de punição imediata, severa e radical. Me perdoem os seguidores da ideia de que até na escola devemos eliminar punições do “sem limites”. Não vale a desculpa habitual de “não foi com má intenção, foi no calor da hora, não deem importância”. Temos de nos importar, sim, e de cuidar da nossa turma, grupo, comunidade, equipe ou país. Algumas doenças precisam de remédios fortes: preconceito é uma delas.

      “Isso não tem jeito mesmo”, me dizem também. Acho que tem. É possível conviver de forma honrada com o diferente: minha família, de imigrantes alemães aqui chegados há quase 200 anos, hoje inclui italianos, negros, libaneses, portugueses. Não nos ocorreria amar ou respeitar a uns menos do que a outros: somos todos da velha raça humana. Isso ocorre em incontáveis famílias, grupos, povos. Porque são especiais? Não. Simplesmente entenderam que as diferenças podem enriquecer.

      Num país que sofre de tamanhas carências em coisas essenciais, não devíamos ter energia e tempo para perseguir o outro, causando-lhe sofrimento e vexame, por suas ideias, pela cor de sua pele, formato dos olhos, deuses que venera ou pessoa que ama. Nossa energia precisa se devotar a mudanças importantes que o povo reclama. Nestes tempos de perseguição, calúnia, impunidade e desculpas tolas, só o rigor da lei pode nos impedir de recair rapidamente na velha selvageria. Mudar é preciso.

                                             (LUFT, Lya. 10 de setembro, 2014 – Revista Veja.)

Em qual frase a seguir NÃO se cometeu erro de concordância nominal?

Alternativas
Comentários
  • Por que não seria cidades fantasmas?
  • Motivo porque na C não varia a palavra FANTASMA: 

     

    Caso o adjetivo seja uma palavra que também exerça função de substantivo, ficará invariável, ou seja, se a palavra que estiver qualificando um elemento for, originalmente, um substantivo, ela manterá sua forma primitiva. Exemplo: a palavra cinza é originalmente um substantivo, porém, se estiver qualificando um elemento, funcionará como adjetivo. Ficará, então invariável. Logo: camisas cinza, ternos cinza

  • a) Os alunos acabam sendo bastantes estimulados a não seguirem regras. Errado

    A palavra bastante na frase é advérbio, portanto invariável.Só trocar por muito

     

    b) Em determinados casos as punições deveriam ser o mais duras possíveis.Errrado

    Em frases enfáticas, como o mais, o menos, o melhor, o pior, possível concordará com o artigo. Exemplos:

    Conheci garotas o mais belas possível.

    Conheci garotas as mais belas possíveis

     

    c) Descobriram várias firmas fantasma na metrópole que incitavam o racismo.Correta

     

    d) Nas sociedades antigas olhos verde-claro eram mais aceitos do que olhos negros.Errado

    O correto seria sociedades antigas olhos verde-claros

    Plural de adjetivos compostos referentes a cores:

    adjetivo + adjetivo = o último adjetivo vai para o plural.Ex= cabelos castanho-claros, camisas verde-amarelas

    adjetivo + substantivo= singular.Ex= calças vermelho-sangue, blusas verde-oliva ,cortinas amarelo-ouro, paredes branco-gelo

     

     

  • Algum professor que possa explicar essa questão!!!

  • A letra "C" encontra-se correta, pois o substantivo adjetivo na função de adjunto adnominal é INVARIÁVEL. 

    Ex. Blusas Rosa 

    Ex. Funcionários laranja

  • Se um substantivo estiver exercendo papel de adjetivo, ou seja, estiver especificando o primeiro substantivo, ele (o especificador) ficará no singular. 

    Ex: bananas PRATA

    Ex: canetas TINTEIRO

    e o própiro exemplo da questão: firmas FANTASMA

    Bons estudos!

  •         INVARIÁVEL “BASTANTE” (ADVÉRBIO) =  substitui por  UM POUCO / MEIO

     

    Eles estão BASTANTE (meio/um pouco) tristes.

    Quando quisermos saber se a palavra "bastante" deve variar para o plural, trocamos pela palavra "muito" e se esta variar aquela varia também.

     

    Ex. Leitura de bastante livros.

    Trocando: Leitura de muitos livro

     

     

     

     

    ·         VARIÁVEL  BASTANTES (ADJETIVO) = MUITOS/ MUITAS (PRONOME INDEFINIDO)

     

    Ex. Leitura de bastanteS (muitos) livros


    · 

  • Plural de composto lasca! Materia chata!

  • Descobriram várias firmas fantasma na metrópole que incitavam o racismo.

     

    Achei que ficaria no singular o verbo Incentivar

     

    Descobriram várias firmas fantasma na metrópole que INCITAVA o racismo.

  • A letra C, no final das contas, trata-se de um conhecimento de plural de substantivo composto. Quando o segundo elemento delimita o primeiro, somente este varia.

  • Gente, é só inserir a expressão "DO TIPO" para acertar essa questão:

    Descobriram várias firmas (do tipo) fantasma na metrópole que incitavam o racismo.

    Nesse caso, fantasma concordará com a expressão grifada e não com o substantivo a que se refere.

  • c) Descobriram várias firmas fantasma na metrópole que incitavam o racismo.

     

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    a) Os alunos acabam sendo bastantes estimulados a não seguirem regras. 

    b) Em determinados casos as punições deveriam ser o mais duras possíveis [Possível]

                         

                                 ~> Nas expressões "o mais" "a mais", o termo "Possível" concorda com o artigo.

  • Plural de Composto: Regra Geral - SAN(variam)

    Sustantivo

    Adjetivo

    Numeral

    Ex: couve-flor (S+S) = couves-flores;

    beija-flor(Verbo+S)= beija-flores

    amor-perfeito(S+A)= amores-perfeitos

    primeiro-ministro(N+S)= primeiros ministros

     

  • Como a colega Ana explicou, os adjetivos compostos, por regra, possuem flexão apenas no último elemento. 

    Ex.: luso-brasileiros, ítalo-americanos, azul-claros.

    Mas há exceções: surdos-mudos, claros-escuros.

    Fonte: Gramática do Pestana.

  • esse professor é bom!

  • fantasma é tipo de firma.

     

  • Firma: substantivo

    Fantasma: substantivo

    Regra: dois substantivos só o primeiro varia. ===> Firmas fantasma""

  • Emy, 
    A regra é: O que varia, varia; o que não varia, não varia

    No caso de substantivo + substantivo, os dois variam. Ex: Couve(s)-flor(es)

    Nesse caso, creio que seja substantivo + adjetivo. Como adjetivo não varia, então o correto é navios fantasma.

    Caso o termo fantasma seja apenas um delimitador de firmas, então a flexão de fantasma é opcional. Outro exemplo: Públicos-alvo(s)

  • Troca o "bastante" pelo "muito" e você verá que o "bastante" nesse caso deverá ir para o plural!

  • Bruna Dias,

    Neste caso o "bastante" é um advérbio. Advérbio não varia. Conforme disse ao colega, trocando o "bastante" por "muito", ele não variará: "OS alunos acabam sendo muito estimulados ...". A ideia é de intensidade.

    Você pode trocar o bastante por 300, por exemplo. Se couber, varia, senão, não variará: "Os alunos acabam sendo 300 estimulados ...". Não coube, correto? 

    Um abraço!!!

  • A-

    12- Bastante

    a) bastante→ é pronome indefinido e varia segundo o núcleo.

    Ex.: Ele falava bastantes besteiras (= muitas besteiras).

    Havia bastantes livros (= muitos livros) na sala.

     

    b) bastante é advérbio e fica invariável.

    Ex.: Ele falava bastante (=muito).

    Na questão funciona como adverbio, portanto invariável.

    Os alunos acabam sendo muito estimulados a não seguirem regras.

     

    B

    Concorda com o artigo – possível.

    Em determinados casos as punições deveriam ser o mais duras possível

    POSSÍVEL

     A concordância far-se-á com o artigo que compõe a expressão “o/a mais, o/a menos, o/a maior, o/a menor, o/a melhor, o/a pior”.

    Ex.: Ex.: Cadernos o mais limpos possível.

    Cadernos os mais limpos possíveis.

     

    c- certo. Substantivo utilizado com valor adjetivo

     

    d- O correto seria sociedades antigas olhos verde-claros

    Plural de adjetivos compostos referentes a cores:

     

    adjetivo + adjetivo = o último adjetivo vai para o plural.

    Ex= cabelos castanho-claros, camisas verde-amarelas

     

    adjetivo + substantivo= singular.

    Ex= calças vermelho-sangue, blusas verde-oliva, cortinas amarelo-ouro, paredes branco-gelo

  • Cuidado com os comentários! 

     

    ''Fantasma'' funciona na frase como adjetivo, por isso que não varia. Agora, cuidado, pois tudo depende do contexto.

     

    Ex: Os fantasmasão do mal''. Perceberam que agora a palavra ''fantasma'' varia? Ou seja, está funcionado como substantivo.

     

                                                                                            Outros exemplos:

     

     

    ''Os monstros são os novos queridinhos das crianças''.  Varia porque está exercendo função de substantivo.

     

    ''Você é um monstro !".  Correto. Ivariável quando exerce função de adejtivo.

    ''Você é um monstros !''  Errado. 

     

     

    Ps. Show de questão, galera. 

  • Dica

    A. "bastante" em função adjetiva é variável (substitui por "muitos/vários") Ex.: Conhecemos bastantes pessoas (várias)

    "bastante" em função adverbial não é variável  (substitui por "muito/sufuciênte") Ex.: Os alunos acabam sendo bastante estimulados a não seguirem regras. (muito)

    B. O possível / os possíveis:  A variação deve ser da locução toda. Sendo assim se "os" estiver no plural o correto seria "possíveis" e vice e versa. 

    As demias alternativas já foram bem comentadas pelos colegas. 

  • BaCa BaLo

    Bastante, caro, barato, longe ficam invariáveis quando funcionam como advérbios. Aliás, com raras exceções, a regra geral do advérbio é ser termo invariável enquanto o adjetivo deve variar.

  • Adjetivo composto (adjetivo + adjetivo)--> o segundo termo varia. Ex: Condições econômico-financeiras

    Adjetivo + substantivo--> ficam no singular. Ex: camisas vermelho-sangue

    Alguns nunca variam: azul-marinho, azul-celeste, furta-cor, ultravioleta, sem-sal, sem-terra, verde-musgo, cor-de-rosa...

  •  

    Os alunos acabam sendo bastante estimulados a não seguirem regras. 

     

    Em determinados casos as punições deveriam ser o mais duras possíveL.

     

    Descobriram várias firmas fantasma na metrópole que incitavam o racismo.

     

    Nas sociedades antigas olhos verde-claroS eram mais aceitos do que olhos negros.

  • Macete: Substantivo + substantivo / adjetivo + adjetivo → a variação só ocorre no primeiro.

    Regra geral: Substantivo + adjetivo (ambos flexionam )