SóProvas


ID
236074
Banca
FCC
Órgão
TCE-SP
Ano
2010
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                         Pensando nas histórias populares

           Se examinarmos as fábulas populares, verificaremos que  elas representam dois tipos de transformação social, sempre  com final feliz. Num primeiro tipo, existe um príncipe que, por alguma
circunstância, se vê reduzido a guardador de porcos ou  alguma outra condição miserável, para depois reconquistar sua condição real. Num segundo caso, existe um jovem pastor que não possuiu nada desde o nascimento e que, por virtude própria  ou graça do destino, consegue se casar com a princesa e  tornar-se rei.
           Os mesmos esquemas valem para as protagonistas femininas: a donzela nobre é vítima de uma madrasta (Branca  de Neve) ou de irmãs invejosas (Cinderela), até que um príncipe se apaixone por ela e a conduza ao vértice da escala social. Ou  então uma camponesa pobre supera todas as desvantagens da origem e realiza núpcias principescas.
          Poderíamos pensar que as fábulas do segundo tipo são  as que exprimem mais diretamente o desejo popular de uma  reviravolta dos papéis sociais e dos destinos individuais, ao passo  que as do primeiro tipo deixam aparecer tal desejo de forma  mais atenuada, como restauração de uma hipotética ordem  precedente. Mas, pensando bem, os destinos extraordinários do  pastorzinho ou da camponesa representam apenas uma ilusão  miraculosa e consoladora, ao passo que os infortúnios do príncipe
ou da jovem nobre associam a imagem da pobreza com a  ideia de um direito subtraído, de uma justiça a ser reivindicada, isto é, estabelecem no plano da fantasia um ponto que  será fundamental para toda tomada de consciência da época  moderna, da Revolução Francesa em diante.
          No inconsciente coletivo, o príncipe disfarçado de pobre é a prova de que cada pobre é, na realidade, um príncipe que sofreu uma usurpação de poder e por isso deve reconquistar  seu reino.   Quando cavaleiros caídos em desgraça triunfarem sobre seus inimigos, hão de restaurar uma sociedade mais justa, na qual será reconhecida sua verdadeira identidade.

                                                                           (Adaptado de Ítalo Calvino, Por que ler os clássicos)

Está clara e correta a redação deste livre comentário sobre o texto:

Alternativas
Comentários
  • Não concordo com o gabarito. "interpretandoas" (alternativa A) está correta? Onde está o hífen?

  • Erro de digitação minha jovem.

    A alternativa está correta.

    Lembre-se: a questão é de interpretação de texto e não de análise à gramática.

    Não caia nesta pegadinha.

    Boa sorte!

  • Mesmo com esse erro é a questão mais correta, ou se preferir pelo erro do hífen - a menos errada.

  • Obrigada pela resposta, Carlos  =)

     

    No entanto, não concordo com a classificação da questão como interpretação de texto, ela é SIM de análise gramatical visto que os erros nas outras alternativas encontram-se justamente em concordância nominal, verbal e regência. O enunciado também dá a dica quando diz "Está clara e correta a redação". Nesse contexto, a falta do hífen na alternativa A faz toda a diferença na resolução.

     

    Abraços!

  • Bem que a galera podia comentar os erros, pros ignorantes como eu entender melhor essas questões de portuga da FCC.

    Na letra "A", concordo com a falta do hífem, tb não marquei por causa disso.

    Na letra B = Perceber-se-á, seria esse, né?

    Mas e os erros nas demais?

  • CORRETA: A (mas não concordo)

    Apesar de ser uma questão de interpretação de texto, a letra A também não estaria correta, pois considerando inclusive a interdisciplinaridade, não poderíamos deixar que uma frase com erro de digitação fosse considerada certa.(...) interpretandoas (...)

  • COlegas!!! O erro de digitação é do site, E NÃO NA PROVA DO CONCURSO. Lá está direitinho "interpretando-as".

    OBS: (1) As provas ficam disponíveis em links específicos do site. Vão lá conferir antes de discutir erro de digitação numa prova. (2) Se vc não concorda com a classificação de assunto de uma questão, há links para vc sugerir outros assuntos.

    Analisando os erros...

    b) Tendo em vista uma leitura mais acurada do texto, se perceberá de que as simplórias fábulas populares podem até deixar de sê-las.

    c) Não há pessoa pobre em cuja aspiração acabe sendo uma forma de compensar sua condição, imaginando- se um nobre disfarçado.

    d) Estão ESTÁ nos destinos extraordinários toda a argúcia das fábulas populares, aonde as reviravoltas simbolizam igualmente transtornos sociais.

    e) É engenhosa a sensação de um direito subtraído, uma vez que assim se pode POSSA aspirar a ser reconstituído, promovendo-se a propalada justiça.