SóProvas


ID
2361373
Banca
INSTITUTO AOCP
Órgão
EBSERH
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

SOLIDÃO INTERATIVA

     Ronaldo Coelho Teixeira

      A primeira vez que vi esse termo foi por meio de um jeca superjóia: Juraildes da Cruz. Tocantino de Aurora, radicado em Goiânia, Goiás e um dos maiores compositores contemporâneos brasileiros. Não seria pra menos! Afinal, foi ele quem criou o hit que Genésio Tocantins espalhou pelo Brasil por meio do Domingão do Faustão, na TV Globo, em 1999. “Nóis é jeca, mas é joia”, aquele da farinhada, feita da mandioca, da macaxeira ou do aipim, a depender da região brasileira. Sacada de mestre, de quem está sempre antenado ao mundo e aos seus. Juraíldes da Cruz em sua letra, visionária – como tudo o que os gênios, as antenas da raça fazem – já arrepiava: “Tiro o bicho de pé com canivete, mas já tô na internet”. E isso quando a www ainda engatinhava.

      Mas com esse achado que agora evoco aqui, o artista quer mesmo é alertar para o mau uso das tecnologias, sobre coisas que o homem cria, mas que geralmente acaba escravo delas. Solidão interativa foi cunhado pelo sociólogo francês Dominique Wolton. Em sua tese, o autor alerta quanto ao cuidado para com o uso da internet, principalmente das redes sociais, chamando a atenção para um detalhe vital no avanço das tecnologias de comunicação: não importam formas e meios de expressão, a comunicação humana não foi, não é e nunca será algo tão simples, sempre vai conter grandeza e dificuldade. Wolton justifica-se dizendo que a internet é incrível para a comunicação entre pessoas e grupos que tenham os mesmos interesses, mas está longe de ser uma ferramenta de comunicação de coesão entre pessoas e grupos diferentes. E que por isso, a internet não é uma mídia, mas um sistema de comunicação comunitário. Ele prova isso afirmando que podemos passar horas, dias na internet e sermos incapazes de ter uma verdadeira relação humana com quer que seja.

      A solidão interativa grassa nas redes sociais, especialmente no facebook. São fotos e fotos postadas – a maioria – forjando uma felicidade quando, na verdade, é tudo fake. As mais usuais são aquelas em que o autor se autofotografa – as famosas selfies – e sai espalhando-as de um dia para o outro, quando não, de uma hora para outra.

      Tem as gastronômicas. Aquelas em que o autor antes de comer um prato ou uma iguaria especial, fotografa e já a lança na rede como a dizer que está podendo. Mas aquela comidinha do dia a dia, a da vida real, ele jamais vai postar. Ovo frito? Nem pensar! E aquelas dos momentos felizes? Sim, tem gente que acha que os seus instantes de lazer e diversão têm que, obrigatoriamente, ser vistos por todos. E lá vai um post ao lado do namorado ou namorada, dos amigos, geralmente com ares de forçação de barra. Porque a gaiola do tempo, forjada por nós mesmos, só pode ser aberta pela chave da felicidade plena.

      E tem aquela que é emblemática: a mensagem em que o internauta revela o status do seu sentimento. Mas o ápice da solidão interativa está naquela figura que posta alguma coisa e ela mesma vai lá e a curte. De dar dó, não? Temos milhares de ‘amigos’ nessa cornucópia virtual. Nessa Caixa de Pandora do Século XXI, eis-nos diante de uma incoerente quimera: o autoengano. [...]

      O autoengano é peça-chave para a nossa sobrevivência. Mentimos – a partir dos dois meses de idade – não só para os outros, mas, principalmente, para nós mesmos. Mesmo protegidos na redoma da interatividade, continuamos sós, ali, onde apenas a solidão nos alcança. Enquanto teclamos a torto e a direito, sugerindo que estamos sempre ON, a vida verdadeira continua OFF. E nunca nos damos conta de que, no fim, toda a solidão que nos rodeia, essa sim, é real. Porque bytes, bits e pixels não transmitem calor. E o verbo sem o hálito quente é apenas palavra morta.

Adaptado de:< http://lounge.obviousmag.org/espantalho_lirico/2016/08/solidao-interativa.html >.

A partir dos trechos do texto, assinale a alternativa correta.

Alternativas
Comentários
  • CONJUNÇÕES ADVERSATIVAS: MAS, PORÉM, TODAVIA, CONTUDO, ENTRETANTO, NÃO OBSTANTE, SÓ QUE, JÁ, NO ENTANTO

  • Letra D.

     

     a) Em “A solidão interativa grassa nas redes sociais, especialmente no facebook.”, a vírgula antecede uma conjunção explicativa. - A palavra "especialmente" é um advérbio.

     b) Em “Enquanto teclamos a torto e a direito, sugerindo que estamos sempre ON, a vida verdadeira continua OFF.”, a vírgula destacada separa o sujeito do verbo. - Sujeito desinencial "(nós) teclamos a torto e a direito", não estão separados.

     c)  Em “[...] a comunicação humana não foi, não é e nunca será algo tão simples [...]”, a vírgula antecede uma conjunção aditiva. - A palavra "não" é um advérbio.

     d) Em “[...] a internet é incrível para a comunicação entre pessoas e grupos que tenham os mesmos interesses, mas está longe de ser uma ferramenta de comunicação de coesão entre pessoas e grupos diferentes.”, a vírgula antecede conjunção adversativa. - Certo.

     e) Em “Afinal, foi ele quem criou o hit que Genésio Tocantins espalhou pelo Brasil por meio do Domingão do Faustão [...]”, a vírgula marca a presença de um vocativo. - A palavra "afinal" é um advérbio.

  • Ponto de Exclamação ( ! )

    a) Após vocativo

    Ana, boa tarde!

    b) Final de frases imperativas:

    Cale-se!

    c) Após interjeição:

    UfaQue alívio!

    d) Após palavras ou frases de caráter emotivoexpressivo:

    Que pena!

  • LETRA D.

    Demorei para achar e responder :(

  • isso mesmo!

  • MNEMÔNICO

    Mas

    Porém


    Contudo

    Entretanto

    No entando

    Todavia


  • Casos de Vírgula
    Observação: ordem natural/direta/canônica
    da frase: sujeito + verbo + complemento
    verbal + adjunto adverbial.
    Se a frase está disposta na ordem direta, não
    é necessário usar vírgula, que marca exatamente
    a interrupção de tal ordem direta.

     

    Uso de Vlrgula
    A atual crise política brasileira (1) prejudica (2)
    ø imagem (3) do paß (4) no exterior.
     

    Casos proibidos
    1 Entre sujeito e predicado.
    2 Entre verbo e complemento verbal.
    3 Entre nome e complemento ou adjunto
    adnominal.
    Observação: Na posiçäo 4, a vírgula seria
    facultativa. O adjunto adverbial está em sua
    posição natural, que é o final de frase. A vírgula
    é permitida apenas para dar ênfase.

  • Qual vírgula está destacada na B?

    A primeira?

  • As conjunções adversativas são pontuadas (exceto o "e" se os sujeitos forem iguais...enfim)

    Gabarito: D

  • GABARITO D.

    "A internet é incrível para a comunicação entre pessoas e grupos que tenham os mesmos interesses, mas está longe de ser uma ferramenta de comunicação de coesão entre pessoas e grupos diferentes.”, a vírgula antecede conjunção adversativa." - Nos dá a ideia de oposição, portanto, adversativa.

  • GABARITO: LETRA D

    USO DA VÍRGULA

     Vírgula – indica uma pequena pausa na sentença.

    Não se emprega vírgula entre:

    • Sujeito e verbo.

    • Verbo e objeto (na ordem direta da sentença).

    Para facilitar a memorização dos casos de emprego da vírgula, lembre-se de que:

    A vírgula é:

    Desloca

    Enumera

    Explica

    Enfatiza

    Isola

    Separa

    Emprego da vírgula

    a) separar termos que possuem mesma função sintática no período:

    - João, Mariano, César e Pedro farão a prova.

    - Li Goethe, Nietzsche, Montesquieu, Rousseau e Merleau-Ponty.

    b) isolar o vocativo:

    - Força, guerreiro!

    c) isolar o aposto explicativo:

    - José de Alencar, o autor de Lucíola, foi um romancista brasileiro.

    d) mobilidade sintática:

    - Temeroso, Amadeu não ficou no salão.

    - Na semana anterior, ele foi convocado a depor.

    - Por amar, ele cometeu crimes.

    e) separar expressões explicativas, conjunções e conectivos:

    - Isto é, ou seja, por exemplo, além disso, pois, porém, mas, no entanto, assim, etc.

    f) separar os nomes dos locais de datas:

    - Cascavel, 10 de março de 2012.

    g) isolar orações adjetivas explicativas:

    - O Brasil, que busca uma equidade social, ainda sofre com a desigualdade.

    h) separar termos enumerativos:

    - O palestrante falou sobre fome, tristeza, desemprego e depressão.

    i) omitir um termo:

    - Pedro estudava pela manhã; Mariana, à tarde.

    j) separar algumas orações coordenadas

    - Júlio usou suas estratégias, mas não venceu o desafio.

    Vírgula + E

    1)Para separar orações coordenadas com sujeitos distintos:

    Minha professora entrou na sala, e os colegas começaram a rir.

    2) Polissíndeto:

    Luta, e luta, e luta, e luta, e luta: é um filho da pátria.

    3) Conectivo “e” com o valor semântico de “mas”:

    Os alunos não estudaram, e passaram na prova.

    4) Para enfatizar o elemento posterior:

    A menina lhe deu um fora, e ainda o ofendeu.

    RESUMO TIRADO AULAS DO PROFº PABLO JAMILK.