A única fonte que achei:
À sombra das maiorias silenciosas - O fim do social e o surgimento das massas (Jean Baudrillard)
O único referente que ainda funciona é o da maioria silenciosa. Todos
os sistemas atuais funcionam sobre essa entidade nebulosa, sobre essa
substância flutuante cuja existência não é mais social mas estatística, e cujo
único modo de aparição é o da sondagem. Simulação no horizonte do
social, ou melhor, no horizonte em que o social já desapareceu.
Esse silêncio é insuportável. Ela é a incógnita da equação política, a
incógnita que anula todas as equações políticas. Todo o mundo a interroga,
mas nunca enquanto silêncio, sempre para fazê-la falar. Ora, a força de
inércia das massas é insondável: literalmente nenhuma sondagem a fará
aparecer, pois elas existem para eclipsá-la. Silêncio que balança o político e
o social na hiper-realidade que conhecemos. Porque se o político procura
captar as massas numa câmara de eco e de simulação social (os meios de
comunicação, a informação), em compensação são as massas que se
tornam a câmara de eco e de simulação gigantesca do social. Nunca houve
manipulação. A partida foi jogada pelos dois, com as mesmas armas, e
ninguém hoje poderia dizer quem a venceu: a simulação exercida pelo
poder sobre as massas ou a simulação inversa, dirigida pelas massas ao
poder que nelas se afunda.