SóProvas


ID
238564
Banca
FCC
Órgão
TRT - 22ª Região (PI)
Ano
2010
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Sobre o natural e o sobrenatural

Outro dia escrevi sobre a importância do não saber, de como o conhecimento avança quando parte do não saber, isto é, do senso de mistério que existe além do que se sabe. A questão aqui é de atitude, de como fazer frente ao desconhecido. Existem duas alternativas: ou se acredita na capacidade da razão e da intuição humana (devidamente combinadas) em sobrepujar obstáculos e chegar a um conhecimento novo, ou se acredita que existem mistérios inescrutáveis, criados por forças além das relações de causa e efeito.

No meu livro Criação imperfeita, argumentei que a ciência jamais será capaz de responder a todas as perguntas. Sempre existirão novos desafios, questões que a nossa pesquisa e inventividade não são capazes de antecipar. Podemos imaginar o conhecido como sendo a região dentro de um círculo e o desconhecido como sendo o que existe fora do círculo. Não há dúvida de que à medida que a ciência avança o círculo cresce. Entendemos mais sobre o universo e entendemos mais sobre a mente. Mas, mesmo assim, o lado de fora do círculo continuará sempre lá. A ciência não é capaz de obter conhecimento sobre tudo o que existe no mundo. E por que isso? Porque, na prática, aprendemos sobre o mundo usando nossa intuição e instrumentos. Sem telescópios, microscópios e detectores de partículas, nossa visão de mundo seria mais limitada. Porém, tal como nossos olhos, essas máquinas têm limites.

Parafrasendo o poeta romano Lucrécio, as pessoas vivem aterrorizadas pelo que não podem explicar. Ser livre é poder refletir sobre as causas dos fenômenos sem aceitar cegamente "explicações inexplicáveis", ou seja, explicações baseadas em causas além do natural.

Não é fácil ser coerente quando algo de estranho ocorre, uma incrível coincidência, a morte de um ente querido, uma premonição, algo que foge ao comum. Mas, como dizia o grande físico Richard Feynman, "prefiro não saber a ser enganado."
E você?

(Adaptado de Marcelo Gleiser, Folha de S. Paulo, 11/07/2010)

Está correta e coerente a redação deste livre comentário sobre o texto:

Alternativas
Comentários
  • Alguns conceitos para auxiliar na resolução da questão:

    a) discensões / dissensão (latim dissensio, -onis): 1. Diversidade de opiniões.2. Desavença, divergência; contraste.

    b) ao encontro de: ser favorável
         retificar: corrigir / ratificar: confirmar.

    d) círculos complementares?

    e) declinar (lat declinare): 1 Desviar-se ou afastar-se de um ponto ou direção.
         relutar
    (lat reluctari): 1 Lutar novamente; opor força; resistir.
  • Não compreendi o erro da alternativa D, se alguem souber, me fale, por favor!!
    PortuguÊs é uma tristteza viu!

  • Alguém poderia tecer outros comentários sobre as alternativas "d" e "e"?

  • Geraldo, Suelen e demais colegas

    A alternativa "d" fica fácil de entender quando se imagina dois círculos. São linhas que começam e terminam em si mesmas, diferentemente do que dizer que se complementam. Por mais que eles  - os círculos ou pontos de vista (saber e não saber)- se expandam nunca chegaram a se complementarem.

    Espero ter ajudado
  • Pessoal,
     
     Sobre a alternativa D, o maior erro, na minha opinião, é de concordência verbal, nesta parte:

    "áreas em que a expansão de ambos os tornam complementares"

    Na ordem direta:
    ... a expansão   tornam  os círculos complementares...

     O sujeito é "a expansão...", no singular!

  • Discordo ,para mim o erro é de concordância do Infinitivo, veja: Os círculos do saber e do não saber constitue. O infintivo leva o verbo para o singular. Mesma regra do sujeito oracional. Os infinitivos e as orações representam o número singular e o gênero masculino.
    Boa sorte para todos!!!

  • Questão estranha.
    Alguém explica a afirmação da letra c?
  • Marcia nessa oração o sujeito é Círculos e assim o verbo de ir para o plural.
  • Pessoal,

    Em relação à alternativa D, acho que o erro está justamente em ela mencionar dois círculos. O texto fala apenas em um círculo: o do saber. O que está fora desse círculo, segundo o texto, não é outro círculo. Há apenas um círculo que separa o saber e o não saber e não um círculo para cada um como sugere a alternativa.
  • Pessoal, o item correto é o C, pelo fato de que ele menciona que, realmente, a posição do cientista Marcelo Gleiser, escritor do texto em questão, é bastante humilde no sentido de que admite que a ciência nunca saberá de tudo, afinal, nossos instrumentos que facilitam o saber são e sempre serão limitados!!
    Quanto ao item D, considerei ele errado pelo fato de que não há como a expansão do saber e a expansão do não saber se complementarem!!!! É questão de lógica! Quanto mais sabemos, menos deixamos de saber e vice-versa!! Entenderam???
    Espero ter contribuído!!

  • a) Via de hábito o autor propaga, em coluna jornalística, suas ideias acerca das discensões (DISSENSÕES = divergências, dessentimentos) interpostas entre ciência e misticismo.

    b) O autor cita um livro próprio no qual expande uma teoria que aparentemente vai ao encontro de (DE ENCONTRO A) suas teses, retificando-as (RATIFICANDO-AS = confirmando-as).

    c) A admissão de que sempre haverá o desconhecido representa, partindo de um cientista, uma prova de sincera humildade. (GABARITO)

    d) Os círculos do saber e do não saber constituem, como se viu, áreas em que a expansão de ambos os tornam complementares (SUPLEMENTARES).

    e) O grande físico Richard Feynman declinou de sua preferência pelo engano, quando preferiu relutar (NEM LUTAR) em não saber.

  • Eu li alguns comentários e discordo de grande parte deles, pois a questão é clara em dizer que quer a resposta coerenta do LIVRE COMENTÁRIO sobre o texto, e seungo a professora Flávia Rita, em questões desse tipo deve-se procurar por erros gramaticais ou outros de sintaxe. Mas não o conteúdo em si das ideias da alternativa. 

     

    Partindo disso cheguei aos seguintes erros:

    a) acerca = perto / o certo seria a cerca = sobre // a palavra discensões também está errada, pois discenso é descer, descida. 

    b) ao encontro de = contra / de encontra a = favorável

    c) correta

    d) concordância verbal.  (...) a expansão de ambos os torna complemtares. 

    e) regência do verbo preferir (quem prefere, prefere alguma coisa a outra) : declinou de sua preferência ao engano, quando preferiu relutar em não saber. 

     

  • Daniela não concordo com o que você escreveu no começo, o enunciado diz: "Correta e COERENTE", ou seja, não basta analisarmos os erros gramaticais!  Tem que vem também o sentido !!!!!

    Explicação do professor do meu cursinho:

    Na E, o problema é de sentido (coerência) - ter que voltar no texto para entender. 
    Mas, como dizia o grande físico Richard Feynman, "prefiro não saber a ser enganado."
    O grande físico Richard Feynman declinou de sua preferência pelo engano, quando preferiu relutar em não saber.
    A construção em destaque não prerserva o sentido original (principalmente a parte do relutar).
     

    Outro erro no comentário da Daniela Gil, na letra "b", ela explicou errado..... 

    Gente cuidado com o que postam ! 

    Ao encontro de: tem significado de “estar de acordo com”, “em direção a”, “favorável a”, “para junto de”.

    Exemplos:

    Meu novo trabalho veio ao encontro do que desejava. (Meu novo trabalho está de acordo com o que desejava.)
    Vamos ao encontro de nossa turma. (Vamos para junto de nossa turma)
    Essa lei vem ao encontro dos interesses da população. (Essa lei vem a favor, em direção aos interesses da população)
    Todos ficaram satisfeitos, pois a solicitação do gerente veio ao encontro do que os funcionários queriam.


    De encontro a: tem significado de “contra”, “em oposição a”, “para chocar-se com”.

     

    via: http://brasilescola.uol.com.br/gramatica/ao-encontro-ou-encontro-a.htm

  • Pessoal, o erro da letra D não seria esse em que? Não seria caso de utilizar o cuja?

     

    Os círculos do saber e do não saber constituem, como se viu, áreas CUJA expansão de ambos os tornam complementares.

    Ou seja, a expansão das áreas de ambos os tornam complementares.

     

    Toda correção é bem-vinda

    Bons estudos!!!