SóProvas


ID
238576
Banca
FCC
Órgão
TRT - 22ª Região (PI)
Ano
2010
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Sobre o natural e o sobrenatural

Outro dia escrevi sobre a importância do não saber, de como o conhecimento avança quando parte do não saber, isto é, do senso de mistério que existe além do que se sabe. A questão aqui é de atitude, de como fazer frente ao desconhecido. Existem duas alternativas: ou se acredita na capacidade da razão e da intuição humana (devidamente combinadas) em sobrepujar obstáculos e chegar a um conhecimento novo, ou se acredita que existem mistérios inescrutáveis, criados por forças além das relações de causa e efeito.

No meu livro Criação imperfeita, argumentei que a ciência jamais será capaz de responder a todas as perguntas. Sempre existirão novos desafios, questões que a nossa pesquisa e inventividade não são capazes de antecipar. Podemos imaginar o conhecido como sendo a região dentro de um círculo e o desconhecido como sendo o que existe fora do círculo. Não há dúvida de que à medida que a ciência avança o círculo cresce. Entendemos mais sobre o universo e entendemos mais sobre a mente. Mas, mesmo assim, o lado de fora do círculo continuará sempre lá. A ciência não é capaz de obter conhecimento sobre tudo o que existe no mundo. E por que isso? Porque, na prática, aprendemos sobre o mundo usando nossa intuição e instrumentos. Sem telescópios, microscópios e detectores de partículas, nossa visão de mundo seria mais limitada. Porém, tal como nossos olhos, essas máquinas têm limites.

Parafrasendo o poeta romano Lucrécio, as pessoas vivem aterrorizadas pelo que não podem explicar. Ser livre é poder refletir sobre as causas dos fenômenos sem aceitar cegamente "explicações inexplicáveis", ou seja, explicações baseadas em causas além do natural.

Não é fácil ser coerente quando algo de estranho ocorre, uma incrível coincidência, a morte de um ente querido, uma premonição, algo que foge ao comum. Mas, como dizia o grande físico Richard Feynman, "prefiro não saber a ser enganado."
E você?

(Adaptado de Marcelo Gleiser, Folha de S. Paulo, 11/07/2010)

Está inteiramente adequada a pontuação da seguinte frase:

Alternativas
Comentários
  • Correta letra E, na qual as vírgulas estão apenas intercalando.

  • A)ERRADA

    A primeira vírgula separa o sujeito do verbo, o que é expressamente proibido

    B)ERRADA

    A vírgula deveria vir antes do "mas", pois assim estaria searando uma or. coord. sind. adversativa

    C) ERRADA

    A primeira vírgula separa o sujeito do verbo, o que é expressamente proibido

    D)ERRADA

    O ponto de interrogação não deveria estar nessa frase

    E) CORRETA

    2 primeiras vírgulas separam adj adverbial deslocado

    terceira vírgula separa a or. coord. sind. adversativa

    quarta, quinta e sexta virgulas separam adj adv deslocado

  • O comentário da Júlia está perfeito, MAS a 6ª vírgula não está separando um adj. adverbial, pois no final da frase não se usa vírgula neles.
  • Comentando objetivamente:

    a) Errado, o elemento explicativo "mormente nos dias que correm" deve vir isolado por vírgulas, e nesse caso aparece somente com a 2a vírgula

    b) Errado, a vírgula depois do "mas" deveria vir antes, e a vírgula depois de "vicejar" está separando o verbo do adjunto sem necessidade

    c) Errado, mesmo erro do item (a), porém foi colocada somente a vírgula antes do elemento explicativo

    d) Errado, o termo de pequeno corpo "aqui e ali", poderia dispensar as vírgulas, ou vir isolado por elas, mas nunca aparecer somente com uma. Na oração "que aqui e ali, costuma vicejar..." o pronome "que" exerce função de sujeito e fica separado do verbo "vicejar". O ponto de interrogação não é erro, deve ter sido no copy/paste da questão, ele seria um travessão.

    e) CORRETO


    Bons estudos!
  •  e)

    É preciso

    , mormente nos dias que correm, - virgulas separam oração subordinada subjetiva apositiva

    desconfiar não exatamente das pessoas místicas, mas - 'mas' tem vírgula quando equivaler a porém, contudo etc

    de um certo misticismo que, aqui e ali, - adjunto adverbial de lugar deslocado é isolado por virgulas

    costuma vicejar como erva daninha, ameaçando - virgula distingue oração subordinada adjetiva explicativa de restritiva