SóProvas


ID
2390890
Banca
VUNESP
Órgão
ODAC
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                  O resgate do casaco

      Já entrávamos no restaurante quando minha amiga deu um grito. Tinha esquecido seu casaco no táxi. Vi no seu olho o tamanho da perda. Mulher sabe.

      Não era um casaco qualquer. Era daqueles que jamais poderão ser substituídos, roupas energéticas que serão lembradas para todo o sempre. Nem pestanejei. Corri para a rua. O táxi ainda estava parado no semáforo da esquina. Me concentrei na atleta que poderia existir oculta dentro de mim e fiz minha melhor performance nos cem metros rasos.

      Quando estava bem perto, o sinal abriu e o táxi acelerou. Tive vontade de chorar. Eu estava quase.

      Por muito pouco não o alcancei. Desisti por um momento, ofegante, mas um pequeno engarrafamento parou o carro novamente. Inflei mais uma vez minha esperança atlética e dei o melhor de mim.

      Não reconhecia minhas pernas se alternando em tamanha velocidade e agora eu já pensava muito mais na minha capacidade de atingir o que me parecia impossível do que no casaco da minha amiga.

      Inacreditavelmente, o carro se pôs de novo em movimento a apenas alguns passos de minhas potentes pernas. Não parei. Não sei o que me deu. Não sei como, mas continuei a correr. Não pude engolir dois fracassos. Fui além. Corri no limite do impossível.

      O resgate do casaco virou uma questão de honra, de exercício da esperança duas vezes desafiada. Agora eu corria gritando a plenos pulmões:

      — Pare este táxi! Pare este táxi!

      Deu certo. Pararam o táxi e eu, quase morrendo, recuperei o precioso casaco de minha amiga.

      Quando o coloquei em suas mãos, ela me abraçou e caiu numa crise de choro. Não parava de chorar. Entendi que o casaco não era o que mais importava também para ela, e juntas choramos abraçadas sob os olhares curiosos de nossos maridos.

      Tínhamos ambas nos transformado pelo que tinha acontecido. Tão banal e tão revelador.

      Minha amiga sempre me fala da história do casaco. Diz que sempre se lembra dela e que já chegou a vesti-lo quando estava prestes a desistir de uma empreitada sem ao menos ter tentado.

      Quanto a mim, sei o quanto foi especial aquele momento. Minha esperança em vaivém, tornando-se elástica quando tudo parecia perdido. Uma heroína desconhecida se fazendo valer à minha revelia, desafiada pela frustração de sucessivos quases.

                               (Denise Fraga. www.folha.uol.com.br. 08.05.2016. Adaptado)

A alternativa que preenche corretamente a lacuna da frase – Já entrávamos no restaurante quando minha amiga deu um grito, _________ tinha esquecido seu casaco no táxi. –, preservando a relação de sentido estabelecida no primeiro parágrafo, é:

Alternativas
Comentários
  • Conjução causal - pois.
    GABARITO -> [A]

  • Já entrávamos no restaurante quando minha amiga deu um grito,POIS = PORQUE tinha esquecido seu casaco no táxi.

    Conjunção Causal (causa). 

     

    As alternativas B, C e E são conjunções adversativas: mas, porém, contudo, entretanto, no entanto, todavia.

    A alternativa D é concessiva: ainda que, apesar de que, embora, mesmo que, se bem que, por mais que, posto, conquanto se.

     

  • Conectivos Causais

    Pois, Porque, visto que,
    como, uma vez que, na
    medida em que, porquanto,
    haja vista que, já que


     

  • ACERTIVA A. Pois = Causa 

    OS CONECTIVOS DE CAUSA SÃO: Pois, Porque, visto que, como, uma vez que, na medida em que, porquanto, haja vista que, já que.
    Quaisquer destes conectivos poderia ser colocado na frase sem ferir a concordância 

  • Causais: introduzem uma oração que é causa da ocorrência da oração principal. São elas: porque, que, como (= porque, no início da frase), pois que, visto que, uma vez que, porquanto, já que, desde que, etc. Por exemplo: Ele não fez a pesquisa porque não dispunha de meios.

    GABARITO: A

  • Por que ela deu um grito? Qual a CAUSA?? por que ela esqueceu seu casaco no taxi.

    São Causais: porque, pois, uma vez que...

  • Note-se também que há pausa (vírgula, na escrita) entre a oração explicativa e a precedente e que esta é, muitas vezes, imperativa, o que não acontece com a oração adverbial causal. Alternativa A)

  • Causal: a conjunção causal introduz a oração que explica a causa (o motivo, a razão) da ideia da oração principal.

    Exemplo: “Como não havia estudado, João não foi bem na prova”. A conjunção “como” introduz a oração “não havia estudado”, que é o motivo de João não ter ido bem na prova (oração principal).

    Outras conjunções causais: visto que, uma vez que, porquanto, já que, desde que.


  • A conjunção "pois" anteposta ao verbo tem valor explicativo.

    ALTERNATIVA A

  • Pois antes do verbo equivale porque Prof (Fernando Pestana)

  • Todos estão falando qe a conjunção "pois" é causal....não seria explicativa?

    Não está no caso explicando porque a amiga deu um grito??

  • Já entrávamos no restaurante quando minha amiga deu um grito, POIS tinha esquecido seu casaco no táxi.

    > O fato de ter esquecido o casaco, fez com que ela gritasse.<

    No caso o sentido empregado é o que vem após a palavra que se quer saber. (muitas pessoas se confundi na hora de ver a oração, sempre será o sentido que vem após o termo sublinhado ou que se quer descobrir).

  • Pois após a virgula e antes do verbo = porque --> Explicativa.

  • gab. A

  • Pois (antes do verbo e após a vírgula)

    Conjunção coordenada explicativa

  • Há uma divergência entre os colegas se é CAUSAL ou EXPLICATIVA.

    Acredito que pode ser resolvido se solucionarmos a seguinte questão: Trata-se de uma oração subordinada ou coordenada?

    Se Coordenativa (há independência uma da outra para que ambas tenham sentido: será EXPLICATIVA.

    Se Subordinativa (uma depende da outra (da principal) para que tenha sentido): será CAUSAL.

    E decidi que a vida logo me daria tudo, / Se eu não deixasse que o medo me apagasse no escuro. 

    Vamos tirar a conjunção e conferir se as duas orações têm sentido em si mesmas:

    E decidi que a vida logo me daria tudo - OK, tem sentido completo.

    eu não deixasse que o medo me apagasse no escuro - Não tem sentido em si mesma. Portanto, depende da conjunção subordinativa adverbial causal "se".

    Este foi meu raciocínio, mas caso haja algum equívoco, peço aos colegas que me corrijam. Obrigada.