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ID
2393269
Banca
NUCEPE
Órgão
SEJUS-PI
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

A seguir, apresenta-se um trecho do artigo “Sociedade, violência e políticas de segurança pública: da intolerância à construção do ato violento”, (Texto 01), escrito pela psicóloga e pesquisadora Márcia Mathias de Miranda, Coordenadora do Espaço de Estudos e Pesquisas das Violências e Criminalidade – EepViC – Machado Sobrinho. 

      Texto 01

      (...)

      Para o cientista, a violência é parte intrínseca da vida social e resultante das relações, da comunicação e dos conflitos de poder. O fato que reforça este argumento é o de nunca ter existido uma sociedade sem violência. A violência, conceitualmente, é um processo social diferente do crime (...). Ela é anterior ao crime e não é codificada no Código Penal.

      Trata-se de um fenômeno que não pode ser separado da condição humana e nem tratado fora da sociedade - a sociedade produz a violência em sua especificidade e em sua particularidade histórica. Há, na sociedade e no processo dinâmico que ela envolve, modificações na construção dos objetos sociais que são, muitas vezes, expressos como um problema social. Bater nos filhos, como um bom exemplo a ser citado, já foi uma estratégia para educá-los.

      A violência se presentifica até entre as expectativas do processo civilizatório que são, por sua vez, as de criação de indivíduos socialmente “adestrados” a partir do controle e da repressão dos impulsos internos a favor de uma convivência coletiva possível. O entendimento do processo de civilização deixa claro o quanto este processo é, em si, um processo violento. Segundo Freud o processo de civilização é o que responde pela “condição humana” (com o indivíduo deixando de necessitar e passando a desejar) e, segundo este autor, não é possível acabar com os conflitos violentos, uma vez que eles são intrínsecos ao homem – participam de sua constituição. Há, segundo esta compreensão, uma impossibilidade de normatização para se incidir sobre a condição psicológica e acabar com a violência – a violência é tida como o epifenômeno da condição humana.

      A violência para Freud circula no campo do sujeito (e não no campo do outro). O que nos interessa tomar como contribuição deste autor, entretanto, é o fato discutido por ele de que a violência estará sempre presente no campo social e histórico (por fazer parte da constituição humana). Este pressuposto tira-nos a ingenuidade de que é possível exterminar a violência das relações sociais e nos remete a uma racionalidade com relação a esta problemática. A compreensão da violência por meio desta perspectiva se opõe ao pânico e ao horror de uma “nova” condição existencial – a de pertencimento a uma sociedade atual completamente perdida, agressiva e perigosa.

      A violência é, de fato, algo indelével da experiência humana; o que não significa banalizá-la e favorecer uma “naturalização” deste ato, mas sim questionar todo exagero e intolerância destinados a ela, sustentados pelo quadro de medo da violência no qual a sociedade atualmente se encontra.

      (...)

(MIRANDA, Márcia Mathias de. SOCIEDADE, VIOLÊNCIA E POLÍTICAS DE SEGURANÇA PÚBLICA: DA INTOLERÂNCIA À CONSTRUÇÃO DO ATO VIOLENTO. http://www.machadosobrinho.com.br. Acesso: 15.2.2017).

Observe os excertos i e ii, abaixo, para responder à questão.

i) ... não é possível acabar com os conflitos violentos, uma vez que eles são intrínsecos ao homem ...

ii) O que nos interessa tomar como contribuição deste autor, entretanto, é o fato discutido por ele de que a violência estará sempre presente no campo social e histórico ...

Nas nossas produções linguístico-textuais, valemo-nos de recursos disponíveis na língua, os quais asseguram a sequenciação textual e contribuem para a produção dos sentidos. Nos excertos i e ii, esses recursos encontram-se em destaque e, sem que os sentidos do texto sejam alterados, podemos substituí-los, respectivamente, por

Alternativas
Comentários
  • Essa questão é CLÁSSICA!

    "Decorem as conjunções!"   prof: Fernando Pestana.

     

    Uma vez que = visto que   - expressa relação de causa (Conjunção subordinada)

     

     

    Entretanto = no entanto    -  expressa relação de adversidade (Conjunção coordenada)

     

     

    https://pt.wikibooks.org/wiki/Portugu%C3%AAs/Classifica%C3%A7%C3%A3o_das_palavras/Conjun%C3%A7%C3%B5es

  • Aceito a explicação do colega, mas descordo do "decorem". Quando se tratar de conectivos e falar em sentido só decorar não resolve; é preciso olhar para o contexto e entender o que o autor esta dizendo. Leia, leia e depois leia.

  • Em 98% dos casos, pelo simples fato de decorar você resolve a questão. Em alguns casos particulares que é aprofundado mais o assunto, Leonado Vida.

  • Eu voto pelo DECOREM tb!

  • Pô, decorar as conjunções para ter uma ideia geral do assunto é excelente, mas não dá pra viver só disso, né? Se você está fazendo uma prova de concurso, é necessário que você leia bem o que está sendo proposto e tente captar também as ideias contidas nas frases propostas. Já me deparei com várias questões trocando o sentido das conjunções pela aplicação delas numa frase, em forma de pegadinha. Para ser diferenciado e ganhar pontos importantes, é necessário ir além da decoreba.

  • Argumentando a letra "E"

    Conquanto =   Concessiva

    porém     =      oposição 

  • decorar é mais de 75% da questão, a partir do momento que comecei a decorar eu comecei a acertar bem mais questões.

  • O IMPORTANTE É PONTUAR, AINDA QUE SEJA NA BASE DO DECOREBA

     

  • Uma vez que: conjunção subordinativa causal. No contexto pode-se deduzir que a causa para a existência dos conflitos violentos é a natureza humana (infelizmente). Logo, essa conjunção poderia vir a ser substituida por qualquer outra causal.

    Entretanto: conjunção coordenativa adversativa. Poderia ser trocada por qualquer outra conjunção adversativa como o exemplo da "no entanto". Gabarito letra C