SóProvas


ID
2437858
Banca
IBADE
Órgão
PC-AC
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto para responder à questão.

O Dia da Consciência Negra 
[...] 
        O assunto é delicado; em questão de raça, deve-se tocar nela com dedos de veludo. Pode ser que eu esteja errada, mas parece que no tema de raça, racismo, negritude, branquitude, nós caímos em preconceito igual ao dos racistas. O europeu colonizador tem - ou tinha - uma lei: teve uma parte de sangue negro - é negro. Por pequena que seja a gota de sangue negro no indivíduo, polui-se a nobre linfa ariana, e o portador da mistura é "declarado negro”. E os mestiços aceitam a definição e - meiões, quarteirões, octorões - se dizem altivamente “negros", quando isso não é verdade. Ao se afirmar “negro” o mestiço faz bonito, pois assume no total a cor que o branco despreza. Mas ao mesmo tempo está assumindo também o preconceito do branco contra o mestiço. Vira racista, porque, dizendo-se negro, renega a sua condição de mulato, mestiço, half-breed, meia casta, marabá, desprezados pela branquidade. Aliás, é geral no mundo a noção exacerbada de raça, que não afeta só os brancos, mas os amarelos, vermelhos, negros; todos desprezam o meia casta, exemplo vivo da infração à lei tribal.
        Eu acho que um povo mestiço, como nós, deveria assumir tranquilamente essa sua condição de mestiço; em vez de se dizer negro por bravata, por desafio - o que é bonito, sinal de orgulho, mas sinal de preconceito também. Os campeões nossos da negritude, todos eles, se dizem simplesmente negros. Acham feio, quem sabe até humilhante, se declararem mestiços, ou meio brancos, como na verdade o são. “Black is beautiful” eu também acho. Mas mulato é lindo também, seja qual for a dose da sua mistura de raça. Houve um tempo, antes de se desenvolver no mundo a reação antirracista, em que até se fazia aqui no Rio o concurso “rainha das mulatas”. Mas a distinção só valia para a mulata jovem e bela. Preconceito também e dos péssimos, pois a mulata só era valorizada como objeto sexual, capaz de satisfazer a consciência dos homens.
        A gente não pode se deixar cair nessa armadilha dos brancos. A gente tem de assumir a nossa mulataria. Qual brasileiro pode jurar que tem sangue “puro” nas veias, - branco, negro, árabe, japonês?         Vejam a lição de Gilberto Freyre, tão bonita. Nós todos somos mestiços, mulatos, morenos, em dosagens várias. Os casos de branco puro são exceção {como os de índios puros - tais os remanescentes de tribos que certos antropólogos querem manter isolados, geneticamente puros - fósseis vivos - para eles estudarem...). Não vale indagar se a nossa avó chegou aqui de caravela ou de navio negreiro, se nasceu em taba de índio ou na casa-grande. Todas elas somos nós, qualquer procedência Tudo é brasileiro. Quando uma amiga minha, doutora, participante ilustre de um congresso médico, me declarou orgulhosa “eu sou negra” - não resisti e perguntei: “Por que você tem vergonha de ser mulata?” Ela quase se zangou. Mas quem tinha razão era eu. Na paixão da luta contra a estupidez dos brancos, os mestiços caem justamente na posição que o branco prega: negro de um lado, branco do outro. Teve uma gota de sangue africano é negro - mas tendo uma gota de sangue branco será declarado branco? Não é.
        Ah, meus irmãos, pensem bem. Mulata, mulato também são bonitos e quanto! E nós todos somos mesmo mestiços, com muita honra, ou morenos, como o queria o grande Freyre. Raça morena, estamos apurando. Daqui a 500 anos será reconhecida como “zootecnicamente pura" tal como se diz de bois e de cavalos. Se é assim que eles gostam!
QUEIROZ, Rachel. O Dia da Consciência Negra. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 23nov. 2002. Brasil, caderno 2, p. D16, 
Vocabulário: 
half-bread:mestiço.
marabá: mameluco.
meião, quarteirão e octorão: pessoas que têm, respectivamente, metade, um quarto e um oitavo de sangue negro.
“Black is beautiful”: “O negro é bonito

Sobre o elemento destacado em “Não vale indagar SE a nossa avó chegou aqui de caravela ou de navio negreiro” é correto afirmar que:

Alternativas
Comentários
  • GAB: B

     

    “Não vale indagar SE a nossa avó chegou aqui de caravela ou de navio negreiro”

    O SE quando  substituído por ISSO é conjunção integrante e pode ter varias funções.

    Na questão esta ligado ao verbo INDAGAR (VTD) sendo o seu objeto direto.

  • Em minha opinião, a conjunção integrante "SE" introduz uma Subst. Subujetiva, mas como não há esta opção marquei a "menos errada"

     

    Observe algumas colocações:

    * Em se tratando dos casos em que o sujeito do verbo da oração principal não estiver nela contido, tal fato sinaliza que a oração subordinada irá ocupar sempre essa função (a de sujeito), o que justifica dizer que se trata de uma oração subordinada substantiva subjetiva.  Vejamos, pois, os enunciados que ilustram a ocorrência em questão:

    # Justificou-se que não haveria aula no dia seguinte.

    Justificou-se – Oração principal

    Que não haveria aula no dia seguinte - Oração subordinada substantiva subjetiva, cujo verbo se encontra na voz passiva sintética.

     

    # Foi justificado que não haveria aula no dia seguinte.

    Foi justificado – oração principal

    Que não haveria aula no dia seguinte - oração subordinada substantiva subjetiva, cujo verbo se encontra na voz passiva analítica.

     

    * Nos casos em que o sujeito do verbo referente à oração principal se encontrar nela contido, a oração subordinada será o objeto direto, ocorrência essa que nos indica se tratar de uma oração subordinada substantiva objetiva direta. Constatemos os exemplos:

    # Todos querem que você entregue as encomendas.

    Todos querem – oração principal, cujo verbo é representado por “querer”.

    - que você entregue as encomendas - oração subordinada substantiva objetiva direta.

     

    # Não quero que ela se sinta culpada pelo ocorrido.

    Não quero – oração principal

    - que ela se sinta culpada pelo ocorrido - oração subordinada substantiva objetiva direta.

     

     

     

  • “Não vale indagar SE a nossa avó chegou aqui de caravela ou de navio negreiro”.

    Temos duas orações aqui:
    1ª) Não vale indagar - oração principal

    2ª) se a nossa avó chegou aqui de caravela ou de navio negreiro. - oração subordinada

     

    O termo SE é uma conjunção. Conjunções não exercem funções sintáticas. No trecho ele vai apenas integrar uma oração a outra, ou seja, é uma Conjunção Integrante.

     

    Vamos substituir a 2ª oração pelo termo "ISSO" para que a análise sintática seja mais fácil:

    Não vale indagar ISSO

    Não vale indagar (o quê?): isso.

    "Indagar" é VTD, logo, "ISSO" é OD

     

    Se o termo "ISSO" é OD e substituiu a segunda oração, logo a segunda oração será um OD também.

    Mas como ela será um OD se ela é uma oração (verbo)? Esse é o caso de um OBJETO DIRETO ORACIONAL.

    No caso, ela é uma ORAÇÃO SUBORDINADA SUBSTANTIVA OBJETIVA DIRETA.

  • “Não vale indagar SE a nossa avó chegou aqui de caravela ou de navio negreiro”.

    Relação de causa e consequência, então temos uma oração subordinada. A  conjunção SE ( pode ser substituido por isso) introduz um oração subordinada substantiva objetiva direta pelo termo em questão ser objeto direto da primeira oração.

  • “Não vale indagar SE a nossa avó chegou aqui de caravela ou de navio negreiro

     

    O que não vale indagar? SE a nossa avó chegou aqui de caravela ou de navio negreiro

     

     

  • Conjunções que iniciam orações subordinadas substanticas são chamadas de conjunções intregranes. Essas só podem ser: QUE ou SE.

  • Francis Frigeri, excelente comentário ! 

     

    1-      ORAÇÃO SUBORDINADA SUBSTANTIVA SUBJETIVA - Valor de sujeito.

     

    Para atender (1) a essa missão, é urgente engajar (2) a sociedade civil, por meio de mecanismos de participação e controle social.

     

    Formas desenvolvidas: 

     

    É urgente     ISSO  que se engaje a sociedade civil.

    É PRECISO ISSO + SUJEITO DO VERBO “SER” ORAÇÃO QUE FUNCIONA COMO SUJEITO

     

    2-      ORAÇÃO SUBORDINADA ADVERBIAL FINAL

     

     

     

     

     

     

     

      CONJUNÇÃO SUBORDINADA FINAL: funciona como adjunto adverbial de finalidade. 

     

     

             - a fim de que; para que; porque; de modo que, de sorte que.

     

     

    É urgente engajar a sociedade civil PARA QUE se atenda a essa missão. Oração Subordinada Adverbial Final - Valor de adjunto adverbial.

     

     

     

     

     

    “Uma única gota de orvalho é suficiente para me alimentar”. (Oração subordinada ADVERBIAL final reduzida de infinitivo)

     

    “Uma única gota de orvalho é suficiente para que eu me alimente”. (Oração subordinada adverbial final desenvolvida)

     

     

     

     

     

     

     

     

     

    3-                    ORAÇÃO SUBORDINADA SUBJETIVA

     

    QUEM conhecesse bem

     

     

    4-   Oração Subordinada Adjetiva Consecutiva

     

    "Tão importantes e majestosas que ...."

     

     

     

    Q223162      Q812617

    5-    Há ocorrência de exemplo de oração subordinada substantiva OBJETIVA DIRETA.

        LEVANDO EM CONTA ISSO. QUEM LEVA, LEVA ALGUMA COISA.

  • Jorge Win, respondendo sua pergunta:
    Ao substituir a oração subordinada por ISSO, encontariamos uma oração Subordinada Substantiva, mas não ainda subjetiva.
    Ao perguntar ao verbo da oração principal " INDAGAR", o que não vale indagar? encontariamos o seu Obejeto direto, que seria a oração subordinada em questão. 
    Sendo assim, encontrariamos uma Oração Subordinada Substantiva Objetiva direta.
    Espero ter esclarecido!
    Bons estudos a todos!

  • não vale indagar isso,marquei a "b',mas creio também que é substantava subjetiva,pois isso é o sujeito da oração.

  • B

    Para quem achar que é oração subordinada substantiva subjetiva (...)

     

    A substantiva subjetiva  aparecerá nos casos em que houver um período com o verbo na 3° pessoa, e também um verbo de ligação,

    Ou se houver partícula apassivadora SE --> Constatou-se que o carro foi roubado.  O que foi constatado ? Que o carro foi roubado... Logo, que o carro foi roubado é o sujeito da oração principal.

    Nesse enunciado  em questão, temos o verbo indagar, o qual é transitivo direto ,bitransitivo, e pronominal, mas ele foi empregado como transitivo direto, na oração principal, LOGO, a alternativa B (FUNÇÃO SINTÁTICA DE OBJETO DIRETO) está correta.

     

     

     

     

     

     

     

     

     

    Bons estudos galera!

     

  • Se = Conjunção integrante

     

    Sujeito = Indagar

     

    Muito cuidado com esse verbo indagar, pois não é a primeira vez que vejo ele sendo cobrado dessa maneira como sujeito, em uma oração que parece que ele não é sujeito.

  • Se é objetiva direta onde esta o sujeito?

  • OSSOD!! FERNANDO PESTANA A GRAMÁTICA PARA CONCURSOS PÚBLICOS! SUBSTITUI POR (ISSO) INDAGAR VTD 

     

  • Para mim, introduz oração subordinada substantiva subjetiva.

    "Não vale indagar SE a nossa avó chegou aqui de caravela ou de navio negreiro"
                                                                       SUJEITO

  • Se tivesse sobre a Subjetiva eu teria errado mas como as outras eram muito erradas eu resolvir e nessa ai 

    Não vale indagar SE a nossa avó chegou aqui de caravela ou de navio negreiro(Ao meu ver isto é um sejeito )

  • Matheus Spielber, pergunte ao verbo indagar duas coisas: Quem ou o quê? Se encaixar o "quem", então é sujeito. Se encaixar "o quê", então é objeto direto. 

  • Quando começei a estudar pra concursos no começo do ano passado, não entendi nem o porquê de ter acertado essa questão, mas agora senti minha evolução, tipo um pikachu evoluindo pra um rayshu hahahahahahah

  • Não vale indagar ISSO..., quem indaga, indaga algo ou alguma coisa OSSOD

    O SE não dá para substituir por CASO, logo não será condição.

  •  O verbo  possui  sujeito,  é  transitivo  direto  e  necessita  de  um complemento, o qual será toda a oração posterior.

    Não vale indagar SE a nossa avó chegou aqui de caravela ou de navio negreiro” 

     Não vale indagar ISSO

    OUTROS EXEMPLOS: 

    A1) Economistas previram um aumento no desemprego. (Economistas previram isso.) 
          sujeito      +    VTD  +                  objeto direto 

    A2) Economistas previram que o desemprego aumentaria.  (Economistas previram isso.) 
            oração principal   +  oração subordinada substantiva objetiva direta 

    A3) Economistas previram aumentar o desemprego. (Economistas previram isso.) 
            oração principal    +     oração subordinada substantiva objetiva direta reduzida de infinitivo 

     

  • Conjunção integrante - são conjunções subordinativas que introduzem orações substantivas, ou seja, orações que atuam como um substantivo na frase, desempenhando funções de sujeito, objeto direto, objeto indireto, complemento nominal, predicado nominal e aposto.

    Normalmente e bem cobrados pelas bancas o uso do "QUE" e o "SE" com função de Conj. Integrante, então se ligue nessa dica.

    # O "QUE" estabelecerá uma relação na oração de certeza, já o "SE" estabelecera uma relação de incerteza

    # Sendo possível substituir o "SE" por Caso teremos uma conjunção condicional e não uma integrante. FIQUE LIGADO!!

    # Na grande maioria, mas não na totalidade, e possível substituir o "SE'' da frase por "isso" sendo possível teremos a conjunção integrante

    # Ex: Não vale indagar SE a nossa avó chegou aqui de caravela ou de navio negreiro

    Não vale indagar Isso

  • Cara de boa letra A e B estão certas !!!

  • O.S.S.O.D

  • Não vale indagar /SE a nossa avó chegou aqui de caravela ou de navio negreiro” ( or subordinada objetiva direta)

    SE equivale a conjunção integrante ISSO

  • Alternativa B

    Vamos substituir a 2ª oração pelo termo "ISSO" para que a análise sintática seja mais fácil:

    Não vale indagar ISSO

    Não vale indagar (o quê?): isso.

    "Indagar" é VTD, logo, "ISSO" é OD.

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  • QUEM É O SUJEITO DESSA ORAÇÃO?

  • A CADA DIA APRENDENDO.