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ID
2458
Banca
NCE-UFRJ
Órgão
MPE-RJ
Ano
2007
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

TEXTO II

Alcatrazes
Expedição ao Arquipélago Proibido
Johnny Mazzilli

O balanço do barco, o mar instável e a chuva
puseram parte de nosso efetivo enjoado e cabisbaixo,
durante as quatro horas de travessia. Com a visibilidade
prejudicada, avistamos Alcatrazes já relativamente
próximos, e bastou chegar um pouco mais perto para
esquecermos qualquer mal estar - a paisagem mudara por
completo e olhávamos impressionados as falésias
rochosas com 200, 300 metros verticais assomando
diretamente das águas e entremeadas por mantos de
vegetação tropical - muito, muito maiores do que
imaginávamos.
Ao contornar a ilha principal em busca do Ninhal das
Fragatas, nosso ponto de ancoragem, demos de cara com
a exuberância da fauna, uma espécie de "Galápagos" do
litoral paulista. Milhares de aves se empoleiravam nos
arbustos costeiros e centenas voavam gritando acima de
nós, num cenário que parecia nos remeter ao passado.
O desembarque é moroso - tudo tem que ser
transferido para um bote de borracha com motor de popa
que conduz as tralhas ao costão em sucessivas e lentas
baldeações. Não há praia ou cais e são necessárias
seguidas aproximações, recuos e reaproximações com o
bote, apenas para descer a carga de uma viagem.
A tralha era extensa - pilhas de mochilas,
equipamentos de mergulho e fotográfico, cordas, bolsas
impermeáveis e caixas, muitas caixas com itens para
pesquisa e coleta de animais. Chovia sem parar enquanto
subíamos carregados pela encosta rochosa escorregadia
em direção ao local do acampamento, a 50 metros dali.
Parou de chover quando montamos o acampamento.
Precisávamos de tempo para as pesquisas e
principalmente para a investida na parede rochosa -
trabalho inédito nas ilhas e que gerou grande expectativa
entre as equipes. Cada time composto por membros do
Projeto Tamar, Instituto Butantã, Fundação Florestal,
Biociências da USP e Projeto Alcatrazes faria, no curto
prazo de dois dias, suas próprias pesquisas com aves,
serpentes, répteis e batráquios.

Revista Planeta, out. 2006, p. 37 (fragmento).

"Milhares de aves se empoleiravam nos arbustos costeiros e centenas delas voavam gritando acima de nós, num cenário que parecia nos remeter ao passado" (l. 15). Nesse trecho, há o emprego da vírgula apenas uma vez. No entanto, caso quisesse, o autor também poderia ter optado pela seguinte redação:

Alternativas
Comentários

  • A - a 1ª vírgula separou o sujeito do verbo.

    C - a 1ª e última vírgulas separaram os verbo dos seus complementos.

    D - a 1ª vírgula separa o verbo do seu complemento.

    E - A mais difícil, o erro estar em não usar a vírgula para separar termos que exercem a mesma função sintática. Compare-a com a alternativa B.
  • Não concordo com a explicação...

    A letra "E", na verdade, não isola o adjunto adverbial...
  • Pessoal do QC, quando clico em "bens publicos - aquisição e alienação de bens publicos", o link vai para a matéria de prerrogativas e garantias dos bens bens publicos.

  • No meu entendimento as vírgulas empregadas na letra E alteram o sentido da frase:

    E) Milhares de aves se empoleiravam nos arbustos costeiros, e centenas delas voavam gritando, acima de nós num cenário que parecia nos remeter ao passado. - Se retirarmos o trecho destacado dá a entender que milhares de aves se empoleiram nos arbustos costeiros acima de nós. Quando na verdade elas voam e gritam acima de nós.

  • ACRESCENTANDO:

    USO DA VÍRGULA

    Vírgula – indica uma pequena pausa na sentença.

    Não se emprega vírgula entre:

    • Sujeito e verbo.

    • Verbo e objeto (na ordem direta da sentença).

    Para facilitar a memorização dos casos de emprego da vírgula, lembre-se de que:

    A vírgula:

    Desloca

    Enumera

    Explica

    Enfatiza

    Isola

    Separa

    Emprego da vírgula:

    a) separar termos que possuem mesma função sintática no período:

    - João, Mariano, César e Pedro farão a prova.

    - Li Goethe, Nietzsche, Montesquieu, Rousseau e Merleau-Ponty.

    b) isolar o vocativo:

    - Força, guerreiro!

    c) isolar o aposto explicativo:

    - José de Alencar, o autor de Lucíola, foi um romancista brasileiro.

    d) mobilidade sintática:

    - Temeroso, Amadeu não ficou no salão.

    - Na semana anterior, ele foi convocado a depor.

    - Por amar, ele cometeu crimes.

    e) separar expressões explicativas, conjunções e conectivos:

    - Isto é, ou seja, por exemplo, além disso, pois, porém, mas, no entanto, assim, etc.

    f) separar os nomes dos locais de datas:

    - Cascavel, 10 de março de 2012.

    g) isolar orações adjetivas explicativas:

    - O Brasil, que busca uma equidade social, ainda sofre com a desigualdade.

    h) separar termos enumerativos:

    - O palestrante falou sobre fome, tristeza, desemprego e depressão.

    i) omitir um termo:

    - Pedro estudava pela manhã; Mariana, à tarde.

    j) separar algumas orações coordenadas

    - Júlio usou suas estratégias, mas não venceu o desafio.

    Vírgula + E

    1)Para separar orações coordenadas com sujeitos distintos:

    Minha professora entrou na sala, e os colegas começaram a rir.

    2) Polissíndeto:

    Luta, e luta, e luta, e luta, e luta: é um filho da pátria.

    3) Conectivo “e” com o valor semântico de “mas”:

    Os alunos não estudaram, e passaram na prova.

    4) Para enfatizar o elemento posterior:

    A menina lhe deu um fora, e ainda o ofendeu.

    FONTE: RITA SILVA

  • Gabarito: B.

    USO DA VÍRGULA

    • Enumeração;
    • Ruptura da forma canônica (ordem direta);
    • Termo explicativo (aposto);
    • Vocativo.

    APOSTO EXPLICATIVO

    O aposto explicativo serve para:

    1. Referir-se a nome;
    2. Expressão de natureza substantiva;
    3. Identidade semântica;
    4. Característica única.

    Ex.: O ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF, autorizou a abertura de um inquérito.