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ID
2458249
Banca
FUNCAB
Órgão
SEMAD
Ano
2013
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Leia o texto abaixo e responda à questão proposta.

   Ecosofia é um curioso neologismo que ganha vida a partir do fim da década de 60 do século XX. Ainda que não seja possível identificar com certeza o inventor do termo, investigações em livros e artigos dão algumas pistas sobre o contexto de seu surgimento. O uso da palavra ecosofia era amplo entre ativistas da questão ecológica, mesmo em uma época na qual temas ambientais ainda não haviam se convertido em prioridade. Por se tratar de um termo recente, não há um claro consenso de seu significado, sendo possível encontrar as mais diferentes definições. Mas, ao menos em um ponto, a maioria dos autores parece concordar: Ecosofia não é apenas uma “filosofia da ecologia”, e sim uma postura ativista e política que objetiva agir no mundo, mais do que simplesmente pensá-lo.

      "A Filosofia sempre chega tarde demais”, disse certa vez o filósofo alemão Georg Friedrich Hegel (1770-1831), usando a coruja e seu voo crepuscular como alegoria. Mas não interessa aos ecosofistas a imagem da coruja de Atenas, a alçar voo apenas quando o dia se findou. Há no mínimo duas maneiras de encarar essa associação: na melhor das hipóteses, a Filosofia teria – assim como a coruja – a capacidade de enxergar na escuridão, de ver o que ninguém mais vê e ouvir o que ninguém mais ouve. Mas há o aspecto triste de tudo isso: haveria pouco, muito pouco que a Filosofia poderia fazer pelo mundo, com sua compreensão tardia, com seu voo que ocorre somente quando o dia já morreu. Limitar-se a explicar o que se passou, decolando apenas no ocaso da vida, não é algo que atraia os ecosofistas. Nesse sentido, eles parecem se aproximar mais da perspectiva marxista da Filosofia. Para Karl Marx (1818-1883), os filósofos não deveriam mais se contentar em interpretar o mundo, mas teriam a obrigação ética de agir sobre ele.

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Na Ecosofia, não somos “amigos da sabedoria do ambiente”. A exemplo dos antigos gimnosofistas hindus, a sabedoria é buscada no corpo, nos sentidos, em uma relação fisiológica com a natureza, não exigindo, portanto, grande erudição, mas sim atenção ao ambiente. E prioriza, sobretudo, uma existência focalizada no necessário, combatendo os supérfluos. Quando um índio, por exemplo, extrai do amapazeiro o leite suficiente para a nutrição de sua família, não se preocupando em retirá-lo para vendê-lo e acumular lucro, está assumindo uma postura ecosofista, mesmo que seja de modo involuntário, pois compreende a importância de retirar apenas o necessário à sua sobrevivência. Uma das bases fundamentais da Ecosofia, de acordo com diferentes autores, é a rejeição a tudo o que é excedente. “Sabedoria do ambiente” seria mais do que ecofilosofia, pois envolve uma abordagem bem mais orgânica e ativista do que mental.

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      Um dos primeiros textos a utilizar o termo Ecosofia mais amplamente é de 1971 e critica duramente a militância ambiental. Trata-se do livro In Defense of People: Ecology and Seduction of Radicalism , escrito pelo religioso Richard Neuhaus (1936-2009). Neuhaus, ministro luterano depois convertido ao catolicismo e tornado padre, foi conselheiro do presidente Georg Bush em questões ambientais. Alinhado com o paradigma antropocêntrico religioso, que dispõe o homem como centro do mundo e a natureza como sua serva, Neuhaus criticava o que chamava de “catastrofismo” das militâncias ecológicas e acusava os militantes de tentarem impedir o caminho do progresso. Vale lembrar que a própria Bíblia – livro fundamental para compreendermos o pensamento de Neuhaus – explicita a soberania do homem sobre a natureza em Genesis: “E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança: domine ele sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os animais domésticos, e sobre toda a terra, e sobre todo réptil que se arrasta sobre a terra. Criou, pois, Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou”. 

      DODSWORTH-MAGNAVITA, Alexey. Rev. Filosofia: julho de 2012, p. 1 

Nos enunciados: “Há no mínimo duas maneiras de encarar essa associação:” e “Mas há o aspecto triste de tudo isso:” (ambos no § 2), o uso do sinal de dois-pontos anuncia, respectivamente:

Alternativas
Comentários
  • Discriminação? Não entendi.

  • Escolheram o gabarito que quiseram! Nas duas ocorrências temos um aposto explicativo introduzido pelo " : " que esclarece, sintetiza, explica. Ainda mais, no segundo caso, podemos entender um sentido de consequência também, grosso modo. "Discriminar" pode ser entendido como "listar", contrário ao que ocorre no texto. Em suma, questão dúbia que reflete no índice alto de erros.

  • Colegas, é típico, atualmente, as bancas aprofundarem, quando se fala em pontuação. Os Dois Pontos podem ser empregados:

    *Antes de uma citação *Antes de uma enumeração *Antes de uma explicação ou desdobramento de ideia, indicando conclusão, síntese, esclarecimento, consequência. *Para caracterizar os diálogos *Para acompanhar aposto resumitivo ou discriminativo *Para substituir a vírgula na separação de orações coordenadas explicativas.

    Segundo Agnaldo Martins, Gramática esquematizada, 2018, pode ser usada:" antes de aposto discriminativo: A sala possuía belos móveis: sofá de couro, mesa de mogno, abajures de pergaminho, cadeiras de veludo."

    "Há no mínimo duas maneiras de encarar essa associação: " Se separarmos, apenas esse trecho, perceberemos que os dois pontos será utilizado para discriminar (mostrar a diferença, separar) a maneira 1 e 2 de encarar a situação. Positiva: Enxergar o quê ninguém vê; Negativa: Enxergar tardiamente.

    "Mas há o aspecto triste de tudo isso:", esse trecho vem explicando a enumeração negativa: o aspecto triste de enxergar após os atos terem acontecido.

    Estrutura do parágrafo:

    Primeiro dois pontos ----> introduz uma diferenciação do aspecto positivo e negativo : ---> diferencia 1 e 2

    Segundo dois pontos ----> esclarece, descreve sobre o aspecto negativo : ---> Explica 2

    Gab. B

  • PENSEI QUE FOSSE (A)

    ????