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ID
2461
Banca
NCE-UFRJ
Órgão
MPE-RJ
Ano
2007
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

TEXTO II

Alcatrazes
Expedição ao Arquipélago Proibido
Johnny Mazzilli

O balanço do barco, o mar instável e a chuva
puseram parte de nosso efetivo enjoado e cabisbaixo,
durante as quatro horas de travessia. Com a visibilidade
prejudicada, avistamos Alcatrazes já relativamente
próximos, e bastou chegar um pouco mais perto para
esquecermos qualquer mal estar - a paisagem mudara por
completo e olhávamos impressionados as falésias
rochosas com 200, 300 metros verticais assomando
diretamente das águas e entremeadas por mantos de
vegetação tropical - muito, muito maiores do que
imaginávamos.
Ao contornar a ilha principal em busca do Ninhal das
Fragatas, nosso ponto de ancoragem, demos de cara com
a exuberância da fauna, uma espécie de "Galápagos" do
litoral paulista. Milhares de aves se empoleiravam nos
arbustos costeiros e centenas voavam gritando acima de
nós, num cenário que parecia nos remeter ao passado.
O desembarque é moroso - tudo tem que ser
transferido para um bote de borracha com motor de popa
que conduz as tralhas ao costão em sucessivas e lentas
baldeações. Não há praia ou cais e são necessárias
seguidas aproximações, recuos e reaproximações com o
bote, apenas para descer a carga de uma viagem.
A tralha era extensa - pilhas de mochilas,
equipamentos de mergulho e fotográfico, cordas, bolsas
impermeáveis e caixas, muitas caixas com itens para
pesquisa e coleta de animais. Chovia sem parar enquanto
subíamos carregados pela encosta rochosa escorregadia
em direção ao local do acampamento, a 50 metros dali.
Parou de chover quando montamos o acampamento.
Precisávamos de tempo para as pesquisas e
principalmente para a investida na parede rochosa -
trabalho inédito nas ilhas e que gerou grande expectativa
entre as equipes. Cada time composto por membros do
Projeto Tamar, Instituto Butantã, Fundação Florestal,
Biociências da USP e Projeto Alcatrazes faria, no curto
prazo de dois dias, suas próprias pesquisas com aves,
serpentes, répteis e batráquios.

Revista Planeta, out. 2006, p. 37 (fragmento).

O emprego do travessão em "O desembarque é moroso - tudo precisa ser transferido para um bote de borracha com motor de popa" (l. 18) é uma alternativa de construção que dispensa o uso do conectivo entre as duas orações. No entanto, o autor poderia ter utilizado uma conjunção em lugar do travessão. Assinale a única alternativa em que a nova redação NÃO mantém coerência com o trecho transcrito:

Alternativas
Comentários
  • As pessoas confundem muito "posto que" com "já que" (inclusive eu!), mas na verdade o "posto que" possui uma idéia de adversidade, vejamos:
    Posto que = ainda que, se bem que, conquanto, embora, mesmo que


  • POSTO QUE = introduz uma oração concessiva, o que altera o sentido de justificativa da frase.Mas o POSTO QUE pode ter o valor de causa: Ex: "Eu possa dizer do meu amor (que tive) Que não seja imortal, posto que é chama Mas que seja infinito enquanto dure"
  • Alguém poderia explicar por que não poderia ser a letra D a resposta? Pelo que eu saiba, a conjunção E é utilizada para adversativas e aditivas .. 41
  • Letra B
    • Já que= Conjunção Subordinativa Causal. Subordina uma oração a outra, iniciando uma oração que exprime causa de outra oração, a qual se subordina.
    Exemplo: Os balões sobem já que são mais leves que o ar.
    • Posto que= Conjunção Subordinativa Concessiva. Conjunção que, iniciando uma oração subordinada, se refere a uma ocorrência oposta à ocorrência da oração principal, não implicando essa oposição em impedimento de uma das ocorrências.
    Exemplo: Acompanhou a multidão, posto que o tenha feito contra sua vontade;
  • Thiago Cantídio

    N
    ão há perda de coerência na alternativa "D".

    O elaborador tentou enganar o candidato fazendo-o pensar que se tratava de uma oração adversativa, visto que havia uma vírgula antes da conjunção "E".

    Mas observe que a vírgula apenas separa orações com sujeitos diferentes.

  • Pessoal, essa questão requer somente atenção!

    b) O desembarque é moroso, posto que tudo PRECISE ser transferido para um bote de borracha com motor de popa.

    É importante prestar atenção na concordância verbal de TODAS as questões. Como está no próprio texto (enunciado da questão), o correto seria "PRECISA".
  • conforme o colega logo acima comentou... o erro nao esta no elemento coesivo "posto que", esta no verbo "precisar"... pois o que torna a assertiva errada é nao ter coesão na frase. A questão nao quer manter o sentido da frase original, que apenas que a nova frase tenha coesão! assim entendi!
  • Pessoal, atenção:

    POSTO QUE é locução usada no sentido CONCESSIVO, ou seja, sinônimo de ainda que; se bem que; embora; apesar de. Substituam o "posto que" da frase por essas outras conjunções concessivas e verão que a frase perde totalmente o sentido original.

    É comum o POSTO QUE cair em prova pq o Vinícius de Moraes fez o 'favor' de distorcer o sentido da conjunção no Soneto da Fidelidade ("Que não seja imortal, posto que é chama..."), utilizando-a como explicativa. Nada a ver.