SóProvas


ID
247072
Banca
FCC
Órgão
TRT - 12ª Região (SC)
Ano
2010
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

O humor e o "politicamente correto"

Tem sido marca de nossa época (não se sabe exatamente
a partir de quando, nem por que começou) adotar extrema
cautela quanto a formas de expressão, ao vocabulário, ao
emprego de certos conceitos. Trata-se de evitar que seja ferida
a susceptibilidade de quem pertence a determinada etnia, ou
professe certa religião, ou se oriente por determinada opção
sexual, ou que surja representando toda uma nacionalidade. Tal
preocupação traria a vantagem de impedir (ou ao menos tentar
impedir) a propagação de qualquer preconceito. Mas, no que diz
respeito à criação e à prática do humor, os efeitos dessa cautela
podem ser desastrosos.

É que o humor vive, exatamente, do desmesuramento,
do excesso, do arbítrio, da caricatura, do estereótipo ... e do
preconceito. Este último é o vilão da história: o preconceito é o
argumento final para quem cultiva o politicamente correto e
abomina quem dê um passo fora desse território bem comportado
e muito bem controlado.

Desde sempre o humor serviu como compensação
simbólica para as tantas desventuras que afligem o homem. É
quando o pobre se ri do rico, o ingênuo do esperto, o fraco do
poderoso; ou então, é quando ser pobre, ingênuo ou fraco já é
razão para um riso que explora o peso do infortúnio e da
desgraça. De fato, o humor não pede a ninguém o direito de
agir: sua liberdade é a sua razão de ser, é o sentido final de
quem ri - ainda que seja para não chorar.

O advento do "politicamente correto" parte da convicção
de que, para sermos todos felizes, temos que ser todos, ao
mesmo tempo e inteiramente, justos e honestos uns com os
outros, respeitando-nos uns aos outros sem qualquer possibilidade
de desvio. Ora, às vezes isso é extremamente chato:
ou porque não conseguimos ser justos e honestos o tempo
todo, ou porque a falta do riso acaba por nos tornar tão
distantes uns em relação ao outros que nos sentimos quase
desumanos... Por alguma razão, o riso é parte de nós. Sem ele,
perderemos a criancice, mataremos todos os palhaços do
mundo, eliminaremos todas as gargalhadas. Ou, como disse
uma vez um humorista, "se o mundo chegar a ser inteiramente
sério, que graça terá?".


(Abelardo Siqueira, inédito)

O verbo indicado entre parênteses deve flexionar-se em uma forma do singular para preencher de modo correto a lacuna da frase:

Alternativas
Comentários
  • a) Os defensores desejam... (ERRADA)
    b) Os legisladores de propõem... (ERRADA)
    c) Os humoristas não costumam... (ERRADA)
    d) Os que querem ocultar suas fraquezas haverão ... (ERRADA)
    e) Não se determina limite = limite não é determinado (CORRETA)
  • OLÁ PESSOAL!!!!

    LETRA E 

    AOS PALHAÇOS DO MUNDO NÃO SE DETERMINA LIMITE PARA OS RISOS QUE SABEM PROVOCAR.

    NOTA : O VERBO CONCORDA COM O SUJEITO. NESSE CASO ESTÁ NA VOZ PASSIVA SINTÉTICA.
                   VERBO - DETERMINAR
                   SUJEITO - LIMITE 
  • Não entendi. Existe "haverão"?
  • Colega, a conjugação "haverão" existe no futuro do indicativo:
    eu haverei
    tu haverás
    ele haverá
    nós haveremos
    vós havereis
    eles haverão

    Só não é possível se o verbo "haver" estiver no sentido de "existir", nesse caso terá SEMPRE q ser usado na 3ª pessoa do singular (há).

    Porém, tb tenho dúvidas na alternativa...Se o suj da oração é " os que querem ocultar suas fraquezas ", não se trata de SUJEITO ORACIONAL ? Sendo assim, o verbo não deveria estar sempre no singular?
    Agradeço se alguém puder esclarecer...
  • Muitas pessoas pensam que o verbo haver só é impessoal (não vai para o plural) quando está no sentido de "existir". Esse pensamento é equivocado, pois se eu digo: "Amanhã haverá aulas" o verbo necessariamente estará no singular, mas não por ter ele sentido de existir. Nesse caso, o sentido é de "realizar-se", pois aulas se realizam/realizarão.

    O verbo haver será sempre impessoal quando tiver sentido de: existir, acontecer e realizar-se.

    Bons estudos!
  • A dica para se resolver esta questão é, em primeiro lugar, PROCURAR O SUJEITO do verbo que está em parêntese.

    Depois que se achar o sujeito, flexionar o verbo de acordo com este (lembrar-se da regra básica: o verbo concorda SEMPRE com o sujeito. Ademais, verbo e sujeito não podem ser separados por vírgula. Perceber que, mesmo quando a oração está na ordem inversa, ambos se encontram juntos, sem estarem separados por qualquer sinal de pontuação, mesmo que, na referida oração, estejam bem distantes um do outro).

    Quanto ao emprego do verbo haver, é válido salientar: "no sentido de EXISTIR, ACONTECER ou INDICANDO TEMPO DECORRIDO, ele é impessoal, ficando na terceira pessoa do singular - caso esteja acompanhado de um verbo auxiliar, formando uma locução verbal, ambos ficarão no singular (neste caso é como se a impessoalidade do verbo "haver" fosse projetada também ao verbo auxiliar). NOS OUTROS SENTIDOS, o verbo "haver" concordará com o sujeito.

    Ex: Havia um mês que estávamos à sua procura. - TEMPO DECORRIDO.

    Poderá haver confrontos entre os policiais e os grevistas. - LOCUÇÃO VERBAL. VERBO "HAVER" (PRINCIPAL) PROJETA SUA IMPESSOALIDADE PARA O VERBO AUXILIAR "PODER". Verbo "haver" no sentido de existir, acontecer.

    Os alunos haviam ficado revoltados. - Verbo "haver" NOS OUTROS SENTIDOS.

  • Pessoal,
    obrigado pelas informações a mais sobre o verbo "haver".
    Mas continuo com dúvidas na letra D...

    "os que querem ocultar suas fraquezas" não é sujeito oracional ? Se for, o verbo não deveria ficar no singular ?

    ALGUEM ME AJUDA POR FVR...!
  • No caso da questão D, o artigo "os" permite que o verbo concorde com a oração "que querem ocultar suas fraquezas"
  • Para achar a resposta devemos colocar a frase em ordem direta.

    Em um primeiro momento poderíamos vir a considerar correta a alternativa D, pensando que se trata de um verbo impessoal (haver no sentido de existir), mas se colocarmos a frase na ordem direta veremos que está errada.

    Os que querem ocultar suas fraquezas sempre HÃO de tremer diante da ação do humor.

    Correta a alternativa E:

    Aos palhaços do mundo não se determina limite para os risos que sabem provocar.
    Que é que não se determina? Limite.


     

  • COLOCANDO-AS EM ORDEM DIRETA:

    a) É intolerável a extrema cautela que ...... (desejar) impor à prática do humor os defensores do "politicamente correto".
    E intolerável a extrema cautela que OS DEFENSORES do "politicamente correto" DESEJAM impor à prática do humor.

    b) A cada vez que se ...... (propor) a legislar sobre o humor, os próprios legisladores se convertem em matéria de riso.
    OS PRÓPRIOS LEGISLADORES se convertem em matéria de riso a cada vez que se PROPÕEM a legislar sobre o humor.

    c) Ao pobre ou ao rico não ...... (costumar) reservar os humoristas piadas justas, mas tão somente engraçadas.
    OS HUMORISTAS não COSTUMAM reservar piadas justas, mas tão somente engraçadas, ao pobre ou ao rico

    d) Diante da ação do humor ...... (haver) sempre de tremer os que querem ocultar suas fraquezas.
    OS QUE QUEREM OCULTAR SUAS FRAQUEZAS sempre HÃO(terão)de tremer diante da ação do humor

    e) Aos palhaços do mundo não se ...... (determinar) limite para os risos que sabem provocar. NÃO É DETERMINAO LIMITE, aos palhaços do mundo, para os risos que sabem provocar.

    Bons estudos!
  • O verbo HAVER  no  sentido de EXISTIR ou OCORRER, será sempre IMPESSOAL, ou seja, NÃO flexiona(não irá para o plural)

    Mas, sempre que não for possível substituí-lo por EXISTIR ou OCORRER, tenta-se substituir pelo verbo TER, e, quando for possível essa troca o verbo HAVER torna-se PESSOAL, ou seja, FLEXIONARÁ (irá para o plural)

    Ex: Havia estudado Português (SINGULAR)
          TINHA estudado Português (SINGULAR)
          
          TINHAM estudado Português (PLURAL)
           HAVIAM estudado Português (PLURAL)

    Percebe-se que nesse caso o verbo haver é auxiliar do verbo estudar, por isso não conseguimos substituir por EXISTIR ou OCORRER

    Vejamos a construção da frase dada na questão:

    d) Diante da ação do humor ...... (haver) sempre de tremer os que querem ocultar suas fraquezas.
         Diante da ação do humor "TERÃO" sempre de tremer os que querem ocultar suas fraquezas

    Aqui o verbo haver é auxiliar do verbo tremer, percebe-se que eles estão deslocados pelo Adjunto Adverbial (SEMPRE), mas o haver continua auxiliando o verbo tremer.

    A frase ficaria: Diante da ação do humor HAVERÃO sempre de tremer os que querem ocultar suas fraquezas

    PS: Para entender melhor a concordância, lança-se a pergunta ao verbo: QUE É QUE HAVERÁ DE TREMER?
           
    Assim acha-se o SUJEITO, cuja resposta é: OS QUE QUEREM OCULTAR SUAS FRAQUEZAS.(Como o sujeito está no plural, o verbo, que, nesse    caso é PESSOAL. (flexiona) irá para o plural 

    * Nunca esquecer que o Verbo HAVER no sentido de EXISTIR ou OCORRER, torna a ORAÇÃO  sem SUJEITO, portando o verbo será sempre TRANSITIVO DIRETO, o que não é o caso da alternativa, pois a pergunta se faz à locução verbal (haverá de tremer), e, nesse caso a Oração tem sujeito. 
    .

    Antes que eu esqueça, a alternativa E está correta, de acordo com o seguinte fundamento:


    E) Aos palhaços do mundo não se ...... (determinar) limite para os risos que sabem provocar.
        
    Aqui não tem sujeito, por que o "SE" encontra-se como índice de inderterminação do Sujeito, portanto a pergunta ficaria: Aos Palhaços do mundo não  se determina O QUE?  Porconseguinte, o vebo DETERMINAR é TRANSITIVO DIRETO.

    Espero ter ajudado