SóProvas


ID
2479522
Banca
VUNESP
Órgão
TJ-SP
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

      O ônibus da excursão subia lentamente a serra. Ele, um dos garotos no meio da garotada em algazarra, deixava a brisa fresca bater-lhe no rosto e entrar-lhe pelos cabelos com dedos longos, finos e sem peso como os de uma mãe. Ficar às vezes quieto, sem quase pensar, e apenas sentir – era tão bom. A concentração no sentir era difícil no meio da balbúrdia dos companheiros.

      E mesmo a sede começara: brincar com a turma, falar bem alto, mais alto que o barulho do motor, rir, gritar, pensar, sentir, puxa vida! Como deixava a garganta seca.

      A brisa fina, antes tão boa, agora ao sol do meio-dia tornara-se quente e árida e ao penetrar pelo nariz secava ainda mais a pouca saliva que pacientemente juntava.

      Não sabia como e por que mas agora se sentia mais perto da água, pressentia-a mais próxima, e seus olhos saltavam para fora da janela procurando a estrada, penetrando entre os arbustos, espreitando, farejando.

      O instinto animal dentro dele não errara: na curva inesperada da estrada, entre arbustos estava... o chafariz de pedra, de onde brotava num filete a água sonhada.

      O ônibus parou, todos estavam com sede mas ele conseguiu ser o primeiro a chegar ao chafariz de pedra, antes de todos.

      De olhos fechados entreabriu os lábios e colou-os ferozmente no orifício de onde jorrava a água. O primeiro gole fresco desceu, escorrendo pelo peito até a barriga.

       Era a vida voltando, e com esta encharcou todo o seu interior arenoso até se saciar. Agora podia abrir os olhos.

      Abriu-os e viu bem junto de sua cara dois olhos de estátua fitando-o e viu que era a estátua de uma mulher e que era da boca da mulher que saía a água.

      E soube então que havia colado sua boca na boca da estátua da mulher de pedra. A vida havia jorrado dessa boca, de uma boca para outra.

      Intuitivamente, confuso na sua inocência, sentia-se intrigado. Olhou a estátua nua.

      Ele a havia beijado.

    Sofreu um tremor que não se via por fora e que se iniciou bem dentro dele e tomou-lhe o corpo todo estourando pelo rosto em brasa viva.

             (Clarice Lispector, “O primeiro beijo”. Felicidade clandestina. Adaptado)

Assinale a alternativa em que o pronome em destaque está empregado com o mesmo sentido de posse que tem o pronome “lhe”, na passagem – Ele, um dos garotos no meio da garotada em algazarra, deixava a brisa fresca bater-lhe no rosto e entrar-lhe pelos cabelos...

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: B

     

    – Ele, um dos garotos no meio da garotada em algazarra, deixava a brisa fresca bater-lhe no rosto e entrar-lhe pelos cabelos...

    Para encontrar a ideia de posse, basta trocar o "lhe" por "dele" = ...bater no rosto dele e entrar pelos cabelos dele

     

    O mesmo raciocínio é encontrado apenas na frase da alternativa B:

     

    b) Pegou-me a mão, tentando encorajar-me a tomar uma decisão. (pegou a mão dele)

     

     

  • Danilo, não seria PEGOU A MINHA MÂO o sentido de posse em "Pegou-me a mão"? Entendi isso! Rs

  • Fala, Heitor!

     

    Mais ou menos. O importante é perceber que em algumas frases, os pronomes pessoais oblíquos (me, te, se, nos, vos, o, a, lhe) assumem o sentido de posse. Faça a troca por sua, seu, dele, dela. Se der certo, é valor possessivo. Foi isso que a questão cobrou.

     

    Exemplo:

    Vou seguir-lhe os passos. (Vou seguir seus passos.)

     

     

    Espero ter compreendido sua dúvida. 

     

  • O valor de posse nos permite trocar o pronome átono pelo pronome possessivo. Assim, no texto original, podemos fazer a troca da seguinte forma:

    deixava a brisa fresca bater no seu rosto e entrar pelos seus cabelos…

    O mesmo ocorre com a alternativa (B), que é a correta. Compare:

    Pegou-me a mão, tentando encorajar-me a tomar uma decisão

    Pegou a minha mão, tentando encorajar-me a tomar uma decisão

  • Muita gente confundiu com OI!

  • Uma vez, vi em um desses cursos online,um macete para essas perguntas,pergunte sempre ao objeto:De quem era o rosto? O rosto era dele,de quem era os cabelos?os cabelos eram dele,de quem era a mão. ..

  • Errei essa questão na prova... =/

  •  a) Faça-a ver que ninguém está questionando sua atitude. ERRADA.

    > neste caso, o pronome "a" desempenha a função de sujeito acusativo, ou seja, é o sujeito do verbo no infinitivo "ver", que por sua vez é núcleo do objeto direto do verbo causativo "faça"

     

     

    "Faça"- VTD (verbo causativo)

    "a ver que ninguém está questionando sua atitude" - OD (oração subordinada substantiva objetiva direta) 

    "a"- sujeito acusativo do verbo no infinitivo "ver" 

     

     b) Pegou-me a mão, tentando encorajar-me a tomar uma decisão. CERTA

    > neste caso, o pronome "me" desempenha a função de adjunto adnominal, indicando a ideia de posse, isto é: pegou a minha mão

     

     c) Não vá forçá-lo a assumir função para a qual não se acha preparado. ERRADA. 

    > neste caso, o pronome "lo" desempanha a função de objeto direto

    "forçar"- VTDI 

    "lo" - OD

    "a assumir função para a qual não se acha preparado"- OI 

     

     d) Não esperávamos entregar-lhes nossos documentos naquele momento. ERRADA

    > neste caso, o pronome "lhes" desempenha a função de objeto indireto.

    "entregar"- VTDI

    "lhes" - OI 

    "nossos documentos"- OD

     

     e) Chegou-nos a notícia do desaparecimento do helicóptero. ERRADA

    > neste caso, o pronome "nos" desempenha a função de objeto indireto. 

     

  • Raimundo, Seguindo esse seu raciocínio a letra D também estaria correta, pois ao pergunta de quem era os documento diratamente iria vir a ideia de posse 

    D) Não esperávamos entregar-lhes nossos documentos naquele momento.

     

     

    GAB: B

  • Errei na prova, e acertei aqui. Lição: mantenha a calma!

  • GAB. B

    Pegou-me as maos (=pegou as minhas maos);

    A letra D esta errada, pois o sentido e a quem ele entregou os documentos

    Não esperávamos entregar-lhes (= a eles) nossos documentos naquele momento

     

    ESTUDEM!

  • A questão está com o gabarito correto, mas há um pequeno erro na frase: "Pegou-me a mão, tentando encorajar-me a tomar uma decisão".

    Tomara que eu não esteja falando heresia, mas deveria ser assim: "Pegou-me a mão, tentando me encorajar a tomar uma decisão". O resto está certo kkkk.

     

     Abraços e bons estudos!!!

  • Eu acredito muito em macetes de matemática e português, e de fato, eles quase sempre dão certo se usados de forma moderada, porque há BASTANTES COISAS na língua portuguesa e na matemática que o cara é obrigado a saber ou decorar.

    Fazendo exercícios o cara aprende, estudar com qualidade é fazer exercícios todos os dias, então vamos pra batalha!!!! hehehe

  • Assinale a alternativa em que o pronome em destaque está empregado com o mesmo sentido de posse que tem o pronome “lhe”, na passagem – Ele, um dos garotos no meio da garotada em algazarra, deixava a brisa fresca bater-lhe no rosto e entrar-lhe pelos cabelos...

     

    A análise desta questão esta relacionado a POSSE. (mesmo sentido de posse que tem o pronome lhe)

     

    a) Faça-a ver que ninguém está questionando sua atitude.

    Faça ela a ver. Não há nenhuma relação de posse.

     

    b) Pegou-me a mão, tentando encorajar-me a tomar uma decisão.

    A mão dele, é dele a mão. Posse  (Pegou a minha mão)

     

    c) Não vá forçá-lo a assumir função para a qual não se acha preparado.

    Forçá-lo a fazer algo, nada relacionado com posse.

     

    d) Não esperávamos entregar-lhes nossos documentos naquele momento.

    Documentos são nossos, não é de posse de alguém e sim de ambos.

     

    e) Chegou-nos a notícia do desaparecimento do helicóptero.

    Chegou a nós, não é de posse de alguém e sim de ambos.( A notícia não é nossa, ela chegou até nós)

  • A questão tem um detalhe, o apontamento para a singularidade da referência que faz o pronome.

  • Pegou-me a mão. Equivale a: Pegou a MINHA mão. MINHA=posse
  • O pronome “lhe” no trecho destacado está assumindo valor possessivo. Isso pode ser atestado por meio da seguinte reescrita:

    Ele, um dos garotos no meio da garotada em algazarra, deixava a brisa fresca bater-lhe no rosto e entrar-lhe pelos cabelos...

    = Ele, um dos garotos no meio da garotada em algazarra, deixava a brisa fresca bater no SEU rosto e entrar pelos SEUS cabelos...

    ALTERNATIVA A – ERRADO – O pronome “a” é complemento do verbo causativo “fazer” e sujeito acusativo da forma verbal de infinitivo “ver”.

    ALTERNATIVA B – CERTO – O pronome “me” no trecho destacado está assumindo valor possessivo. Isso pode ser atestado por meio da seguinte reescrita:

    Pegou-me a mão, tentando encorajar-me a tomar uma decisão.

    = Pegou a minha mão, tentando encorajar-me a tomar uma decisão.

    ALTERNATIVA C – ERRADO – O pronome “o” é objeto direto da forma verbal “vá forçar”.

    ALTERNATIVA D – ERRADO – O pronome “lhes” é objeto indireto da forma verbal “esperávamos entregar”.

    ALTERNATIVA E – ERRADO – O pronome “nós” é empregado como objeto indireto da forma verbal “Chegou”. Podemos substituí-lo pela forma “a nós”.

  • Fiz pela análise sintática:

    Os POA podem ter valor possessivo quando são adjuntos adnominais (são acessórios, não é o verbo que exige).

     

    bater-lhe no rosto e entrar-lhe pelos cabelos...   ( bater no seu rosto e entrar pelos seus cabelos)

     

     a)Faça-a ver que ninguém está questionando sua atitude. Faça (ela) ver que ninguem... 

     

     b)Pegou-me a mão, tentando encorajar-me a tomar uma decisão. Pegou a minha mão.  (Veja que indica posse e não se trata de complemento verbal, pois pegar é VTD e a mão já é OD) 

     

     c)Não vá forçá-lo a assumir função para a qual não se acha preparado. Não vá forçar (ele) a assumir... (esse "o" equivale a ele, e é objeto direto do verbo forçar. Não é um termo acessório - adj. adn.)

     

     d) Não esperávamos entregar-lhes nossos documentos naquele momento. ...entregar (a eles) nossos ... (esse lhes é complemento do verbo e não um adjunto adnominal. Veja que o verbo é um VTDI pede: quem entrega, entrega algo (OD) a alguem (OI). 

     

     e)Chegou-nos a notícia do desaparecimento do helicóptero. Chegou a nos. Veja que é complemento do verbo chegar.

     

  • Pegou-me a mão = Pegou a minha mão

  • deixava a brisa fresca bater-lhe no rosto e entrar-lhe pelos cabelos...

    Bater no rosto dele e entrar pelos cabelos dele. Pegou na minha mão. O sentido do pronome possessivo é possuir uma parte do corpo nas três frases: cabelo, rosto e mão. Já as outras frases não possuem sentido em partes do corpo.

  • Há duas maneiras de indicar a posse no discurso: utilizando-se de um pronome possessivo ou por meio de um pronome oblíquo átono com valor possessivo. Assim, teríamos:

    Beijou-lhe a face. (Beijou a sua face)

    Beijou-me a face. (Beijou a minha face)

    À noite, apareceram-lhe em casa alguns amigos. (em sua casa)

    É exatamente isso: um pronome oblíquo átono pode ter o mesmo valor semântico que um pronome possessivo.

    Fonte: prof.ª Adriana Figueiredo - Aprova Concursos.

  • MANEIRAS DE INDICAR A POSSE NO DISCURSO

    Há duas maneiras de indicar a posse no discurso: utilizando-se de um pronome possessivo ou por meio de um pronome oblíquo átono com valor possessivo. Assim, teríamos:

    Beijou-lhe a face. (Beijou a sua face)

    Beijou-me a face. (Beijou a minha face)

    À noite, apareceram-lhe em casa alguns amigos. (em sua casa)

    É exatamente isso: um pronome oblíquo átono pode ter o mesmo valor semântico que um pronome possessivo.

    Fonte: prof.ª Adriana Figueiredo - Aprova Concursos.

    PEGUEI DO COMENTÁRIO DA DIEIME.

  • ME,MINHA,SUA = POSSE

    Gabarito B

  • Emprego de pronome OA. - Adjunto Adnominal - Ideia de posse

    "Pegou" VTD o quê?" > "a mão" OD> "Me" A minha mão.

  • Nunca havia estudado algo assim. Não que me lembre. Questão muito boa.

    Pronome obliquo átono com ideia de posse : me - minha - sua - nossa.

  • MANEIRAS DE INDICAR A POSSE NO DISCURSO

    Há duas maneiras de indicar a posse no discurso: utilizando-se de um pronome possessivo ou por meio de um pronome oblíquo átono com valor possessivo. Assim, teríamos:

    Beijou-lhe a face. (Beijou a sua face)

    Beijou-me a face. (Beijou a minha face)

    À noite, apareceram-lhe em casa alguns amigos. (em sua casa)

    É exatamente isso: um pronome oblíquo átono pode ter o mesmo valor semântico que um pronome possessivo.

    Fonte: prof.ª Adriana Figueiredo - Aprova Concursos.

    PEGUEI DO COMENTÁRIO DA DIEIME.

  • Prova de 2018 estava mais difícil....