SóProvas


ID
2485513
Banca
FUNDEP (Gestão de Concursos)
Órgão
CAU-MG
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                  TRINTA ANOS DE UMA FRASE INFELIZ

      Ele não podia ter arrumado outra frase? Vá lá que haja perpetrado grande feito indo à Lua, embora tal empreendimento soe hoje exótico como uma viagem de Gulliver. Mas Neil Armstrong, o primeiro astronauta a pisar na Lua, precisava ter dito: “Este é um passo pequeno para um homem, mas um salto gigantesco para a humanidade”? Não podia ter-se contentado com algo mais natural (“Quanta poeira” por exemplo), menos pedante (“Quem diria, conseguimos”), mais útil como informação (“Andar aqui é fácil/difícil; gostoso/dói a perna”) ou mais realista (“Estou preocupado com a volta”)?

      Não podia. Convencionou-se que eventos solenes pedem frases solenes. Era preciso forjar para a ocasião uma frase “histórica”. Não histórica no sentido de que fica guardada para a posteridade – a posteridade guarda também frases debochadas, como “Se eles não têm pão, comam brioches”. Histórica, no caso, equivale à frase edificante. É a história em sua versão, velhusca e fraudulenta, de “Mestra da Vida”, a História rebaixada a ramo da educação moral e cívica. À luz desse entendimento do que é “histórico”, Armstrong escolheu sua frase. Armstrong teve tanto tempo para pensar, no longo período de preparativos, ou outros tiveram tempo de pensar por ele, no caso de a frase lhe ter sido oferecida de bandeja, junto com a roupa e os instrumentos para a missão, e foi sair-se com um exemplar do primeiro gênero. Se era para dizer algo bonito, por que não recitou Shakespeare? Se queria algo inteligente, por que não encomendou a Gore Vidal ou Woody Allen?

                                                (Roberto Pompeu de Toledo, Veja, 2000) 

Assinale a alternativa em que a ideia entre parênteses está INCORRETA.

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: A

     

    Vá lá que haja perpetrado grande feito indo à Lua, embora tal empreendimento soe hoje exótico...” (Ideia de concessão)

     

    Conjunções subordinativas concessivas: embora, ainda que, ainda quando, se bem que, mesmo que, mesmo quando, posto que, apesar de que, por mais que, nem que, conquanto, malgrado, não obstante, inobstante, em que pese.

  • GABARITO: A

    Conjunções subordinativas concessivas: Introduzem uma oração subordinada que enuncia uma hipótese sugerida ou uma realidade admitida, em oposição ao sentido da oração principal.

  • Não acredito que a D seja condicional, para mim é conformativa