Isso se dá não apenas no que se refere à um movimento de retirar das profissões sua natureza, matéria, saberes interventivos e habilidades, valores, conteúdos concretos da sua especialidade profissional, atribuindo-lhes múltiplas funções estranhas à sua cultura profissional, sob o argumento falso da “transdiciplinaridade”, mas, também, pela via de imprimir às profissões uma lógica gerencialista, tecnocrática, que responde a uma padronização, que quebra com a dimensão ético-politica das profissões, já que a política é administrada via sistemas, redes, registros, referenciadas por indicadores sociais pré-determinados, por metas previamente definidas e pelo conteúdo do controle social especificado em modelos, própria de uma racionalidade formal-abstrata (GUERRA, 2014, p. 58-59) . É o que Guerra tem denominado de perfil sócio-técnico.
ATRIBUIÇÕES PRIVATIVAS E COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS DO/A ASSISTENTE SOCIAL: contribuições ao debate
Da matriz positivista derivam as vertentes denominadas de funcionalismo, estruturalismo e estrutural‐funcionalismo, assentadas na abordagem instrumental e manipuladora da realidade. Essa forma de conhecimento do real fundamenta a chamada “racionalidade formal‐abstrata” ou “razão instrumental”, que nega a dimensão dialética, histórica e humana da práxis social. Ao renunciar a tais dimensões, as correntes vinculadas ao racionalismo formal fortalecem o terreno do irracionalismo, ou seja, uma visão fetichizada da realidade social (COUTINHO, 1972).