"A autora em destaque fundamentou seu estudo a partir do legado da tradição marxista, teoria que renovou o Serviço Social. A Teoria Social Crítica elabora por Marx aborda uma concepção peculiar sobre teoria e prática, serviu como sustentáculo para a construção de um novo projeto profissional. A existência de um projeto profissional pautado numa direção ético-político define a prática profissional do Serviço Social constituída pelas causalidades (condições objetivas) e pela teleologia (finalidade). Como a prática profissional do assistente social trata-se de uma posição teleológica que atua sobre sujeitos da sua própria história a escolha de uma finalidade, e os meios existentes a serem mobilizados exigem igualmente um conhecimento sobre os sujeitos envolvidos no processo. A teoria nesse processo tem papel fundamental (aceitação de uma determinada direção teórica), pois é ela que possibilita conhecer e pensar as mediações, ou seja, ter conhecimento dos fenômenos apresentados por eles nas relações sociais e pessoais que envolvem seus valores, cultura, preconceitos, juízos dentre outros."
A Prática Profissional do Serviço Social: as categorias ontológicas teóricoreflexivas práxis e instrumentalidade e o projeto Ético-Político da Profissão na Política de Assistência Social. RAMILE ANDRADE DE LIMA. UFRB
Gabarito D
Na prática interventiva do Assistente Social, como se trata de uma posição teleológica que se pretende uma ação sobre outras consciências, ou de influir sobre um ser que não é uma matéria inerte e sim outro ser humano e/ou estruturas que lhe afetam e que, como tal, oferece uma reação sobre essa ação, escolher uma finalidade e os meios existentes a serem mobilizados exige, igualmente, um conhecimento dos sujeitos que procuram por serviços sociais: conhecimentos dos fenômenos apresentados por eles, das relações sociais e pessoais que os envolvem, seus valores, cultura, preconceitos, juízos. Esses sujeitos sociais não são meros objetos, sendo assim, deve-se conhecer, também, os determinantes estruturais, ideológicos e políticos que condicionam a existência humana. Enfim, há de se ter uma gama de conhecimentos que envolvem esse processo, “assim, o conhecimento mais aproximado das determinações e conexões sociais torna-se a base imprescindível para viabilizar a concreta liberdade de ação” (Netto, 1998:XLVIII). Liberdade de ação que se traduz, aqui, na escolha consciente entre alternativas. Dessa forma, a teoria deve orientar esse processo, pois é ela que possibilita conhecer e pensar as mediações, a começar pela indicação da posição teleológica. A teoria pode oferecer – não somente ela, haja vista a importância dos valores dos sujeitos – subsídios para as escolhas entre alternativas, tanto da finalidade, quanto dos meios necessários. É ela que vai oferecer um conhecimento sobre as determinações que envolvem o “objeto” da ação; é ela que ajuda a compreender e analisar o resultado real, a partir da análise dos elementos intervenientes durante o processo; é ela que permite compreender que o projeto ideal nunca poderá ser igual ao produto real e, dessa forma, compreender esse resultado final.
Santos, Cláudia Mônica dos. Os instrumentos e técnicas: mitos e dilemas na formação profissional do assistente social no Brasil. – Rio de Janeiro: UFRJ, 2006.