Fala pessoal! Tudo beleza? Professor Jetro Coutinho na área,
para comentar esta questão sobre Curva de Phillips.
A curva de Phillips é uma curva que leva em consideração desemprego e inflação. Segundo essa curva, quanto maior a inflação, menor o desemprego e vice-versa.
A curva de Phillips, porém, três versões.
A primeira versão, que foi proposta pelos Keynesianos, que propunha uma taxa natural de desemprego. Ou seja, não necessariamente o equilíbrio da economia ocorreria com pleno emprego de recursos. Mesmo que houvesse um desemprego "natural", a economia poderia estar em equilíbrio, segundo os keynesianos. Neste sentido, a curva de Phillips passou a ser uma explicação keynesiana para a inflação.
A segunda versão, conhecida como versão aceleracionista, foi criada pelos monetaristas e leva em consideração as expectativas adaptativas, isto é, parte do pressuposto que as pessoas utilizam a inflação passada para definir as futuras. Segundo estas expectativas, os agentes econômicos utilizam sua experiência no passado e, com base nelas, adaptam suas expectativas de inflação para o futuro.
Por fim, a terceira versão, proposta pelos novos clássicos, argumenta que a inflação é definida com base nas expectativas racionais, isto é, os agentes levam em consideração vários cenários de inflação e não apenas um (não apenas a inflação passada, como nas expectativas adaptativas, por exemplo). Para que as expectativas racionais funcionem, basta que o Banco Central e o Governo tenham credibilidade.
Na expectativa adaptativa (2ª versão da curva), o agente erra sua previsão quando o futuro é diferente do passado (pois ele baseou sua expectativa no passado, se o passado não se repetir, ele erra a previsão).
Já na expectativa racional, o agente erra sua previsão ou por causa de eventos aleatórios (que não poderiam ser previstos mesmo, como um choque de oferta) ou porque a informação que possuía quando fez a previsão era incompleta.
A questão nos pede para considerar uma curva de Phillips com expectativas e choques de oferta. Ou seja, nos pede para considerar a 3ª versão da curva. Com base nesta 3ª versão, a questão pergunta de onde ocorreria um aumento da inflação corrente.
Vamos às alternativas!
A) Incorreta. Quem dá muita ênfase para a taxa natural de desemprego é a versão keynesiana da curva e não a 3ª versão. Além disso, se a taxa de desemprego observada (a taxa efetiva) é maior que a natural, isso significa que temos mais desemprego do que o que seria normal. Pela curva de Phillips, se temos maior desemprego, temos MENOR inflação.
B) Incorreta. Se os custos trabalhistas se reduzem, não teremos pressão por aumento de preços, o que também faz com que a inflação se reduza (ou que se mantenha constante). Nos dois casos, a inflação não aumenta. E isso nem a ver diretamente com a curva de Phillips.
C) Correta. Se o Bacen tiver credibilidade, as expectativas racionais funcionam. Dessa forma, se o Bacen anunciar uma redução da taxa de juros, segundo as expectativas racionais, nós teremos um aumento da inflação corrente. Isto ocorre porque o Banco Central utiliza os juros para controlar a inflação. Se o Banco Central reduz juros, ele está abrindo mão deste controle inflacionário. Assim, já é esperado que tenhamos um aumento na inflação.
D) Incorreta. Se há queda nos preços das matérias-primas, não teremos pressão por aumento de
preços, o que também faz com que a inflação se reduza (ou que se
mantenha constante). Nos dois casos, a inflação não aumenta. E isso também não tem a
ver diretamente com a curva de Phillips.
E) Incorreta. A inflação passada é considerada na 2ª versão da curva de Phillips, enquanto a questão nos pede para considerar a 3ª versão. Mas mesmo que estivéssemos sob expectativas adaptativas, a alternativa estaria errada, pois, se a inflação passada é menor que a atual, os agentes vão supor que a inflação corrente vai ser igual no passado. Como a inflação passada é menor, os agentes irão prever que a Inflação corrente também será menor.
Gabarito do Professor: Letra C.