SóProvas


ID
2533771
Banca
CS-UFG
Órgão
IF-GO
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                  Agora todo mundo tem opinião


      Meu amigo Adamastor, o gigante, me apareceu hoje de manhã, muito cedo, aqui na biblioteca, e disse que vinha a fim de um cafezinho. Mentira, eu sei. Quando ele vem tomar um cafezinho é porque está com alguma ideia borbulhando em sua mente.

      E estava. Depois do primeiro gole e antes do segundo, café muito quente, ele afirmou que concorda plenamente com a democratização da informação. Agora, com o advento da internet, qualquer pessoa, democraticamente, pode externar aquilo que pensa.

      Balancei a cabeça, na demonstração de uma quase divergência, e seu espanto também me espantou. Como assim, ele perguntou, está renegando a democracia? Pedi com modos a meu amigo que não embaralhasse as coisas. Democracia não é um termo divinatório, que se aplique sempre, em qualquer situação.

      Ele tomou o segundo gole com certa avidez e queimou a língua.

      Bem, voltando ao assunto, nada contra a democratização dos meios para que se divulguem as opiniões, as mais diversas, mais esdrúxulas, mais inovadoras, e tudo o mais. É um direito que toda pessoa tem: emitir opinião.

      O que o Adamastor não sabia é que uns dias atrás andei consultando uns filósofos, alguns antigos, outros modernos, desses que tratam de um palavrão que sobrevive até os dias atuais: gnoseologia. Isso aí, para dizer teoria do conhecimento.

      Sim, e daí?, ele insistiu.

      O mal que vejo, continuei, não está na enxurrada de opiniões as mais isso ou as mais aquilo que encontramos na internet, e principalmente com a chegada do Facebook. Isso sem contar a imensa quantidade de textos apócrifos, muitas vezes até opostos ao pensamento do presumido autor, falsamente presumido. A graça está no fato de que todos, agora, têm opinião sobre tudo.

      − Mas isso não é bom?

      O gigante, depois da maldição de Netuno, tornou-se um ser impaciente.

      O fato, em si, não tem importância alguma. O problema é que muita gente lê a enxurrada de bobagens que aparecem na internet não como opinião, mas como conhecimento. Platão, por exemplo, afirmava que opinião (doxa) era o falso conhecimento. O conhecimento verdadeiro (episteme) depende de estudo profundo, comprovação metódica, teste de validade. Essas coisas de que se vale em geral a ciência.

      O mal que há nessa “democratização” dos veículos é que se formam crenças sem fundamento, mudam-se as opiniões das pessoas, afirmam-se absurdos em que muita pessoa ingênua acaba acreditando. Sim, porque estudar, comprovar metodicamente, testar a validade, tudo isso dá muito trabalho.

      O Adamastor não estava muito convencido da justeza dos meus argumentos, mas o café tinha terminado e ele se despediu.

BRAFF, Menalton. Agora todo mundo tem opinião. Carta Capital, 3 abr. 2015. Disponível em: <https://www.cartacapital.com.br/cultura/agoratodo-mundo-tem-opiniao-7377>.html. Acesso em: 20 ago. 2017. (Adaptado). 

No penúltimo parágrafo, o uso das aspas em “democratização” tem a função de

Alternativas
Comentários
  • GABARITO D) 

    No texto, Democratização "É um direito que toda pessoa tem: emitir opinião."  

    Encontramos no texto trechos onde há ironia com o significado de democratização.

     

     

     "O problema é que muita gente lê a enxurrada de bobagens que aparecem na internet não como opinião, mas como conhecimento."

    "O mal que há nessa “democratização” dos veículos é que se formam crenças sem fundamento, mudam-se as opiniões das pessoas, afirmam-se absurdos em que muita pessoa ingênua acaba acreditando. "

  • Exemplos: Quando Usar as Aspas?

     

    Segue abaixo alguns exemplos sobre o uso das aspas:

     

    Enfatizar Discursos: para enfatizar palavras ou expressões, utiliza-se as aspas, por exemplo: Que “Deus” é esse? Outro caso da utilização das aspas é quando o locutor pretende ironizar algo, por exemplo: Após encontrar o vaso quebrado, minha mãe disse: Muito “bonito” o que você fez.

    Citações Diretas: empregada para citar algum discurso proferido pelo próprio autor, utiliza-se as aspas antes e após o discurso: Segundo o Presidente da República: “Iremos combater a crise”. (Note que as aspas vem identificar as palavras proferidas pelo presidente. Quando as citações diretas são escritas por meio digital, podemos acrescentar o itálico.

    Estrangeirismo: o estrangeirismo (também chamado de neologismo estrangeiro) é o uso muito frequente de palavras estrangeiras que, por vezes, são acrescidas ao dicionário dependendo do uso, por exemplo, show, chat, web, dentre outros. Geralmente quando usamos palavras estrangeiras no texto devemos colocar as aspas ou quando digitamos no computador, o itálico. Exemplo: Esperamos o “feedback” da professora.

    Neologismo: quando uma palavra é criada dentro de um texto, por exemplo, um conceito novo, ela aparece entre aspas, com o intuito de demostrar que aquele termo foi criado, sendo, portanto, um vocábulo que ainda é inexistente nos dicionários. Exemplo: Essa noite vamos “caetanear” muito no show de Caetano Veloso.

    Gírias: quando na produção textual são empregadas as expressões populares, denominadas de gírias, utiliza-se as aspas, por exemplo: A Cibele disse que “não rolou” as vendas de bilhetes. A expressão destacada significa na linguagem denotativa que não aconteceu.

    Citar Obras: Quando queremos citar no texto o nome de uma obra, artigo, dissertações, teses, capítulos de livro, filmes, dentre outros, devemos utilizar as aspas (e ainda, o itálico), por exemplo: A “Gioconda” é a obra mais famosa de Leonardo Da Vinci; O autor relata em seu artigo intitulado “Memórias de um Soldado”, sua vida durante a guerra.

     

    Fique Atento!

     

    Uma das grandes dúvidas na utilização das aspas é referente ao uso antes ou depois do ponto final. Sendo assim, note que há duas maneiras de utilizar as aspas, a saber:

     

    O ponto final antes do fechamento das aspas, quando a frase está completa: “Sabemos que procuramos na vida a felicidade.”

     

    O ponto final depois do fechamento das aspas quando o discurso não está completo: “Sabemos que procuramos na vida a felicidade (...)”.

     

    Além disso, as vírgulas não são colocadas dentro das aspas, por exemplo: “O discurso do Presidente”, Lula da Silva, enfatizou o tema do desenvolvimento sustentável.

     

     

    https://www.todamateria.com.br/uso-das-aspas/

     

    "SENHOR, TU ÉS A MINHA PORÇÃO EM TI ME ALEGRAREI."  (hino 199 CCB)

  • caramba... passei quase 15 minutos em dúvida, A ou D? kkkk, mas deu certo hehehe... 

  • Gabarito: Letra D

  • GABARITO: LETRA D

     Aspas:

    As aspas são usadas comumente em citações, mas também há outras funções bem interessantes. Atualmente o negrito e o itálico vêm substituindo frequentemente o uso das aspas. Resumindo, elas são empregadas:

    1) Antes e depois de citações textuais.

    – “A vírgula é um calo no pé de todo mundo”, afirma a editora de opinião do jornal Correio Braziliense e especialista em língua portuguesa Dad Squarisi, 64.

    2) Para assinalar estrangeirismos, neologismos, arcaísmos, gírias e expressões populares ou vulgares, conotativas.

    – Chávez, com 58 anos, é uma figura doente e fugidia, que hoje representa o “establishment”. (Carta Capital)

    – Não me venham com problemática, que tenho a “solucionática”. (Dadá

    Maravilha)

    – O homem, “ledo” de paixão, não teve a “fortuna” que desejava.

    – Mulher Filé dá “capilé” em repórter “nerd”. (Jornal Meia Hora)

    – Anderson Silva “passou o carro” no adversário.

    3) Para realçar uma palavra ou expressão imprópria; às vezes com objetivo irônico ou malicioso.

    – Ele reagiu impulsivamente e lhe deu um “não” sonoro.

    – Veja como ele é “educado”: cuspiu no chão!

    – Se ela fosse “minha”...

    4) Quando se citam nomes de mídias, livros etc.

    – Ouvi a notícia no “Jornal Nacional”.

    – “Os Lusíadas” foi escrito no século XVI.

    FONTE: Pestana, Fernando A gramática para concursos públicos / Fernando Pestana. – 3. ed. –

    Rio de Janeiro :Método, 2017 . 1611 p . – ( Provas e concursos)