SóProvas


ID
2533921
Banca
UPENET/IAUPE
Órgão
UPE
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto 1


                                            O preconceito linguístico deveria ser crime


(01) Basta ser homem, estar em sociedade e estar rodeado de pessoas falantes que a língua – esse sistema de comunicação inigualável – emerge. Ela se instaura e toma conta de todos nós, de nossos pensamentos, de nossos desejos e de nossas ações. Falar faz parte do nosso cotidiano, de nossa vida. A troca por meio das formas linguísticas é a nossa dádiva maior, nossa característica básica. É por meio de uma língua que o ser humano se individualiza, em um movimento contínuo de busca de identidade e de distinção. É isso, enfim, que nos torna humanos e nos diferencia de todos os outros animais. 

(02) Não existe homem sem língua. Mesmo as pessoas com deficiências diversas adotam um sistema de comunicação. Quem é surdo, por exemplo, usa a linguagem de sinais. Sendo assim, não existe razão para que tenhamos preconceito com relação a qualquer variedade linguística diferente da nossa. Preconceito linguístico é o julgamento depreciativo, desrespeitoso, jocoso e, consequentemente, humilhante da fala do outro ou da própria fala. O problema maior é que as variedades mais sujeitas a esse tipo de preconceito são, normalmente, as com características associadas a grupos de menos prestígio na escala social ou a comunidades da área rural ou do interior. Historicamente, isso ocorre pelo sentimento e pelo comportamento de superioridade dos grupos vistos como mais privilegiados, econômica e socialmente. 

(03) Então, há críticas negativas em relação, por exemplo, à falta de concordância verbal ou nominal (“As coisa tá muito cara”); ao "r" no lugar do "l" (“Eu torço pelo Framengo”); à presença do gerúndio no lugar do infinitivo (“Eu vô tá verificano”); ao "r" chamado de caipira, característico da fala de amplas áreas mineiras, paulistas, goianas, mato-grossenses e paranaenses – em franca expansão, embora sua extinção tenha sido prevista por linguistas. Depreciando-se a língua, deprecia-se o indivíduo, sua identidade, sua forma de ver o mundo.  

(04) O preconceito linguístico – o mais sutil de todos os preconceitos – atinge um dos mais nobres legados do homem, que é o domínio de uma língua. Exercer isso é retirar o direito de fala de milhares de pessoas que se exprimem em formas sem prestígio social. Não quero dizer com isso que não temos o direito de gostar mais, ou menos, do falar de uma região ou de outra, do falar de um grupo social ou de outro. O que afirmo e até enfatizo é que ninguém tem o direito de humilhar o outro pela forma de falar. Ninguém tem o direito de exercer assédio linguístico. Ninguém tem o direito de causar constrangimento ao seu semelhante pela forma de falar. 

(05) A Constituição brasileira estabelece que “ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante”. Sendo assim, interpreto eu que qualquer pessoa que for vítima de preconceito linguístico pode buscar a lei maior da nação para se defender. Até porque, sob essa ótica, o preconceito linguístico se configura como um tratamento desumano e degradante – uma tortura moral. Se necessário for, poderíamos até propor uma lei específica contra esse tipo de preconceito, apenas para ficar mais claro que qualquer pessoa tem o direito de buscar a justiça quando for vítima de qualquer iniciativa contra o seu modo de se expressar.

(06) Sei que muitos devem achar que isso é bobagem, que todos devem deixar de falar errado. Mas todo mundo tem direito de se expressar, sem constrangimento, na forma em que é senhor, em que tem fluência, em que é capaz de expressar seus sentimentos, de persuadir, de manifestar seus conhecimentos. Enfim, de falar a sua língua ou a sua variante dela. 

Marta Scherre. Disponível em: http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI110515-17774,00- O+PRECONCEITO+LINGUISTICO+DEVERIA+SER+CRIME.html. Acesso em: 17/07/17. Adaptado. 

Em um texto, a organização sintática dos enunciados também está a serviço das intenções comunicativas de seu autor.


Sobre a organização sintática de enunciados do Texto 1, assinale a alternativa CORRETA.

Alternativas
Comentários
  • Agente da Ação em uma voz passiva???

    Não entendi!

  • Marcos Roberto Em "Embora sua extinção tenha sido prevista por linguistas", os linguistas são o agente da ação (nesse caso agente da passiva). Veja que se fosse em voz ativa ficaria: "Embora os linguistas tenham previsto a sua extinção" Eles praticam o ato de prever, portanto fazem a ação.
  • Marcos Roberto, é o mesmo que Agente da Passiva.

  • Erro da letra B

     

    O verbo é de ligação logo não se fala em objeto direto. 

     

  • letra E é estruturado por complemento nominal, e não objeto indireto.

  • Gabarito: D

     

    a) O enunciado: “Não existe homem sem língua.” (2º parágrafo) exemplifica um caso de oração em que o sujeito não está presente, organização que é pouco frequente, mas possível na sintaxe do português.

     

    Errada. A oração apresenta como sujeito o termo 'homem sem língua'.

     

     b) O enunciado: “O problema maior é que as variedades mais sujeitas a esse tipo de preconceito são, normalmente, as com características associadas a grupos de menos prestígio na escala social” (2º parágrafo) exemplifica um caso em que o objeto direto está estruturado na forma de uma oração completa.

     

    Errada. Perceba que o verbo da oração é o verbo ser (verbo de ligação). Logo, o termo posterior é o predicativo do sujeito 'O problema maior'.

     

    Lista dos verbos de ligação: 

    Verbo ser;
    Verbo estar;
    Verbo parecer;
    Verbo andar;
    Verbo ficar;
    Verbo continuar;
    Verbo permanecer;
    Verbo tornar.

     

     c) O enunciado: “Então, há críticas negativas em relação, por exemplo, à falta de concordância verbal ou nominal” (3º parágrafo) exemplifica um caso em que o sujeito é colocado após o predicado, organização usual na sintaxe do português. 

     

    Errada. O verbo presente na oração é o verbo haver (com sentido de existir) e é impessoal, portanto não há sujeito nesta oração. E a organização usual na sintaxe do português é o sujeito estar colocado ANTES do predicado e não APÓS.

     

     

     d) A oração: “embora sua extinção tenha sido prevista por linguistas” (3º parágrafo) exemplifica um caso de voz passiva no qual o agente da ação verbal aparece explicitamente indicado: “por linguistas”. 

     

    Correta. Aqui a voz passiva utilizada é a voz passiva analítica, composta por: Sujeito Paciente + verbo ser + particípio do verbo principal + agente da passiva (determinado ou indeterminado). Nota-se aqui que o agente da passiva está determinado, sendo o termo 'linguistas'.

     

    e) O enunciado: “Ninguém tem o direito de exercer assédio linguístico.” (4º parágrafo) exemplifica um caso em que o objeto indireto (destacado) está estruturado na forma de uma oração. 

     

    Errada. Não há objeto direto na oração, pois o termo regente é um substantivo (direito).

  • Marcos, o agente da passiva é agente da ação mesmo. Só q na voz passiva. Só passar para a ativa que é agente.

  • Alguém pode me disser como ficaria essa frase na voz ativa: “embora sua extinção tenha sido prevista por linguistas” 

  • Fabio Santos

    Linguistas tem previsto sua extinção

  • AGT DA PASSSIVA  IMPLICITO !!!! GAB LETRA D PASSA PARA PASSIVA ANALITICA  A EXTENSÃO FOI PREVISTA ESPERO TER AJUDADO!

  • B) O problema maior é que as variedades mais sujeitas a esse tipo de preconceito são, normalmente, as com características associadas a grupos de menos prestígio na escala social.

    O problema maior é ISSO...
    A segunda oração responde como sujeito da primeira, logo a primeira tem que esta no singular!
    A segunda oração é sujeito da primeira e não objeto direto! 

    Corrijam-me caso esteja errado!